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Uber do Japa: “O dinâmico era R$30, hoje é comum valores de apenas R$5 ou R$7, quando aparecem”

Uber do Japa, Luis
Foto: Luis Hatada para 55content

Luís afirma que não faz sentido para a Uber oferecer promoções/dinâmico para motoristas que não estão aceitando as corridas que a empresa quer. 

Por que temos a sensação de que estamos ganhando menos a cada dia? E por que as promoções estão diminuindo? O que está acontecendo com o mercado de mobilidade? Qual será o futuro dos motoristas de aplicativo? Vou abordar essas questões com base na minha vivência e experiência nesse trabalho.

Sobre as dinâmicas

Vamos falar primeiro sobre as dinâmicas, que estão cada vez menores. No início, a Uber utilizava dinâmicas baseadas em multiplicadores, assim como a 99. Esse modelo favorecia corridas longas, pois um multiplicador de 2.0, por exemplo, dobrava o valor da viagem. Com o tempo, a Uber introduziu o chamado “dinâmico fixo” (ou “dinâmico picolé”), mais vantajoso para corridas curtas, já que o valor adicional é fixo, independentemente da distância percorrida.

Quando o dinâmico fixo foi lançado, era comum vermos valores como R$ 30, R$ 25 ou R$ 20 em horários de pico. Porém, esses valores diminuíram drasticamente, e hoje é comum ver dinâmicas de apenas R$ 5 ou R$ 7, quando aparecem. Muitas vezes, nem sequer há dinâmicas disponíveis.

Isso acontece porque os aplicativos ajustam as tarifas conforme a demanda de passageiros e a disponibilidade de motoristas. Quando há alta demanda e poucos motoristas, os preços aumentam mesmo sem dinâmicas. Além disso, a Uber e a 99 utilizam inteligência artificial para monitorar tanto os motoristas quanto os passageiros, ajustando valores de forma estratégica.

Por exemplo, quando há muitos motoristas disponíveis e pouca demanda, os aplicativos oferecem corridas com valores menores. Motoristas que esperam muito tempo acabam aceitando essas corridas devido à necessidade, mesmo com valores baixos. Esse controle dinâmico é parte da estratégia das plataformas para maximizar o lucro.

Por que ganhamos menos?

Embora em alguns períodos do ano seja possível atingir ganhos altos, há fatores que diminuem o poder aquisitivo dos motoristas. Primeiro, a inflação: os preços de produtos e serviços aumentaram muito nos últimos anos, enquanto os valores pagos pelos aplicativos não acompanharam esse aumento.

A desvalorização do real também impacta diretamente os custos, como manutenção de veículos e peças importadas, que se tornaram muito mais caras. Dessa forma, os custos de operação sobem, mas os ganhos permanecem estáveis ou até diminuem.

Outro ponto é que as promoções são cada vez mais direcionadas a motoristas iniciantes. Isso ocorre porque iniciantes, sem experiência, tendem a aceitar mais corridas, mesmo aquelas que não são vantajosas. Já os motoristas experientes selecionam melhor as corridas, o que pode impactar o lucro do aplicativo.

Mudanças no comportamento dos passageiros

Nos últimos anos, muitos passageiros migraram de categorias mais econômicas, como UberX, para categorias superiores, como Comfort e Black. Isso aconteceu porque o atendimento no UberX piorou, com motoristas economizando no uso do ar-condicionado devido às baixas tarifas.

Passageiros começaram a perceber que a diferença de preço entre as categorias nem sempre é significativa, mas o serviço é melhor. Veículos mais confortáveis, limpos e com ar-condicionado ligado atraem mais usuários para categorias superiores.

A concorrência com os táxis

Outro fator relevante é a crescente adesão de motoristas de aplicativos ao mercado de táxis. O Uber Taxi Promo, por exemplo, oferece preços mais baixos que o Uber Black e maior agilidade, especialmente em horários de pico, quando os táxis podem usar corredores exclusivos.

Motoristas que migraram para o táxi relatam maior volume de corridas e menos tempo ocioso, mesmo em horários de grande trânsito. Isso reforça a importância de entender o que o mercado está demandando e se adaptar às mudanças.

O futuro dos motoristas de aplicativo

Embora não possamos prever o futuro, é evidente que a tecnologia continuará a transformar o setor de mobilidade. No Brasil, a infraestrutura ainda está longe de suportar uma transição completa para carros autônomos.

Porém, investimentos em transporte coletivo, como novas linhas de metrô e trens, podem reduzir a dependência de carros de aplicativo. Esses avanços mostram que a mobilidade busca agilidade, o que pode impactar diretamente o setor.

Portanto, é essencial que os motoristas estejam atentos às mudanças e se adaptem, seja diversificando suas fontes de renda, seja explorando novas oportunidades no mercado.

Picture of Luis Hatada
Luis Hatada

Luis Hatada, conhecido como "Uber do Japa", é motorista de aplicativo desde 2018 e, ao perceber as dificuldades dos colegas em gerenciar ganhos e despesas, criou um canal no YouTube em 2019. Nele, compartilha orientações sobre gestão financeira e desenvolvimento pessoal, defendendo que a profissão exige uma mentalidade empreendedora. Seu conteúdo aborda temas como administração financeira e autodesenvolvimento, com o objetivo de ajudar motoristas a melhorar a rentabilidade e superar desafios diários.

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