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Motorista recebeu R$890 e rodou 198 km em nova categoria da Uber

Na modalidade “Uber por Tempo”, motorista ficou quase sete horas à disposição do passageiro, com múltiplas paradas e agenda corporativa — e faturou alto com uma única corrida.

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Opinião
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Montagem com print de corrida da Uber no valor de R$ 890,65 e homem de barba em carro, explicando ou comentando a corrida.
Foto: Daniel Piccinato para 55content

A Uber atualizou o aplicativo, lançou uma novidade e isso pode impactar diretamente a forma como os motoristas trabalham na cidade de São Paulo. Mas atenção: não se trata de transporte coletivo, apesar de envolver até dez paradas — e não dez passageiros.

A nova funcionalidade se chama Uber por Tempo, e muitos motoristas estão confusos sobre o que isso significa. Surgem dúvidas como: será que a Uber vai reduzir os ganhos dos motoristas? Vai pagar apenas R$30 por hora? Como isso vai funcionar?

Diante das especulações, este vídeo traz informações claras, uma opinião pessoal e também um print que circulou em grupos do interior de São Paulo, mostrando uma corrida já realizada nesse novo formato.

Para contextualizar, essa modalidade já existe desde o ano passado. Foi testada em Campinas, especialmente como um complemento à categoria Uber Black, voltada ao público corporativo. Empresas podem contratar um carro por um período determinado e incluir até dez paradas.

A confusão surge justamente por causa dessa estrutura. Imagine, por exemplo, que uma empresa tenha duas ou três reuniões ao longo do dia. Em vez de contratar uma agência de transporte executivo ou recorrer a motoristas particulares fora do app, ela pode usar essa modalidade do Uber.

Quantas vezes motoristas da Uber Black já receberam propostas de empresas para viagens particulares do tipo: “Amanhã tenho uma viagem para Campinas, quanto você cobra para me levar e me buscar?”. O cliente informa que ficará três ou quatro horas em uma reunião e depois voltará. Muitos motoristas já fizeram esse tipo de viagem por fora do aplicativo.

Agora, a Uber oferece uma alternativa formalizada dentro do app. As empresas podem contratar o carro por tempo, em pacotes de até, se não me engano, seis horas.

O print mostra um exemplo de corrida na região de Indaiatuba: foram quase sete horas de viagem, com 198 quilômetros rodados. Valor da corrida: R$890 — direto para o bolso do motorista. É claro que não se trata de rodar esse percurso direto: o motorista fez várias paradas, ficou esperando o passageiro em reuniões, possivelmente almoços, e seguiu a agenda do cliente.

O passageiro monta um pacote com tempo e quantidade de paradas definidos. Quando a corrida toca para o motorista, ele já vê todos os detalhes antes de aceitar. Se a empresa contratar, por exemplo, cinco horas por R$500 e a corrida durar menos tempo ou rodar menos do que o estimado, o motorista recebe o valor integral de qualquer forma.

O único cenário em que a lógica muda é se o serviço ultrapassar o tempo ou a quilometragem contratada. Se, por exemplo, forem combinadas seis horas e a viagem se estender para sete ou oito, a regra muda — ainda não se sabe exatamente como. Mas a Uber promete que o motorista será remunerado pelo adicional de tempo e quilômetros, sem sair no prejuízo.

Isso pode ser muito vantajoso. Se o trabalho for executado em menos tempo, o motorista lucra. Se o passageiro contratar três horas e o motorista precisar apenas de uma, ainda assim receberá o valor cheio.

É por isso que essa modalidade lembra muito os acordos feitos fora do aplicativo, os famosos “particulares”. Na prática, há dois objetivos por trás dessa mudança: competir com agências de transporte executivo e também com locadoras que atendem empresas.

Muitas vezes, executivos alugam um carro para viagens corporativas, vão a reuniões em outras cidades e voltam no mesmo dia. A Uber está tentando capturar esse público corporativo com uma solução dentro do app.

Com isso, os motoristas da Uber Black podem encontrar uma nova frente de trabalho e uma forma de aumentar os ganhos. Mas é importante lembrar: no começo, tudo costuma funcionar bem. A Uber paga bem no início, mas, se os motoristas começarem a aceitar qualquer corrida, sem critério, os valores tendem a cair. Já vimos isso acontecer.

Começou em Campinas, agora chegou a São Paulo. Deu certo no Black? Em breve deve ser expandido para o Comfort e, depois, para o UberX. Isso pode impactar diretamente os motoristas que hoje fazem corridas particulares por fora, ficando horas com o passageiro.

Portanto, valorize seu trabalho. Se a corrida não compensar, não aceite. O problema são os “dedos nervosos” — motoristas que aceitam qualquer coisa e acabam trabalhando praticamente de graça.

Deixe seu comentário e opinião. Até o próximo artigo!

Foto de Daniel Piccinato
Daniel Piccinato

Daniel começou a trabalhar como motorista de aplicativos em 2016, buscando maior estabilidade após sentir insegurança na empresa onde estava. Inspirado por conversas com o filho do dono, ele logo se uniu a outros motoristas em um grupo de WhatsApp, onde trocava dicas para melhorar seu desempenho. Em 2018, criou um canal no YouTube para compartilhar orientações sobre horários e estratégias de trabalho. Com o sucesso, expandiu para o Instagram em 2020, continuando a ajudar motoristas ao compartilhar sua experiência.

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