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“Meu ganho líquido fica entre R$6 mil e R$7 mil na 99, jamais ganharia isso na CLT”, diz Mago do App

Com mais de seis anos de experiência, Moisés Freitas compartilha estratégias, perrengues e aprendizados como motorista de aplicativo.

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Notícia
Informações objetivas sobre fatos relevantes para o mercado de mobilidade, com apuração direta da redação.
Homem sorridente com camisa preta de manga longa posando com o punho fechado ao lado do texto "Moisés Freitas, Mago do App", com logotipo do Clube Machine no canto superior direito.
Moisés Freitas é o destaque da entrevista do Clube Machine, conhecido como o "Mago do App". Foto: Clube Machine

Moisés Freitas, conhecido como “Mago do App”, tornou-se referência entre motoristas de aplicativo no Rio de Janeiro. Em entrevista ao Clube Machine, ele compartilhou sua trajetória desde os primeiros dias ao volante até a produção de conteúdo nas redes sociais e a entrada na política.

A rotina como motorista começou em 2018, enquanto ainda trabalhava com móveis planejados. A intenção inicial era complementar a renda. “Teve um dia que me liberaram mais cedo do trabalho fixo e eu tomei o gostinho da rua”, relata. O bom rendimento o levou a repensar seu vínculo com a CLT: “Vi que como motorista eu ganhava muito mais do que o salário mínimo que recebia na época”.

A decisão de trocar o emprego fixo pela atuação nos aplicativos enfrentou resistência, especialmente em casa. “Minha esposa não aceitou muito bem no começo, por ser perigoso”, lembra. No entanto, ele conseguiu demonstrar, na prática, a viabilidade financeira da nova atividade.

Atualmente, Moisés afirma faturar entre R$ 10 mil e R$ 12 mil mensais brutos. Após os gastos com combustível e manutenção, o valor líquido varia entre R$ 6 mil e R$ 7 mil. “Tento guardar pelo menos R$ 30 por dia para manutenção. Quando posso, guardo mais.” Rodando entre 300 e 320 km por dia, ele busca atingir uma meta diária entre R$ 450 e R$ 500 — valor conhecido entre motoristas como “kit 500”.

Apesar de preferir o turno da manhã, sua jornada começa após o almoço. Ele utiliza o período da manhã para estudar marketing e editar vídeos para redes sociais. “Esses vídeos demoram de duas a três horas de edição”, explica. O conteúdo é voltado a orientar outros motoristas, abordando desde trajetos até estratégias para evitar congestionamentos.

Moisés destaca que a violência urbana é um dos principais desafios enfrentados no Rio. “Já fui abordado por bandidos armados de fuzil. Eles falaram: ‘Se não vier, vou atirar’”, relata. Para se proteger, instalou câmeras dentro e fora do carro, participa de grupos de WhatsApp e utiliza aplicativos como o Life360 para monitoramento.

Durante a pandemia, ganhou notoriedade entre motoristas ao compartilhar capturas de tela com seus ganhos em grupos de mensagens. Um amigo sugeriu que criasse um perfil no Instagram. Assim nasceu o “Mago do App”. Desde então, participou de campanhas da 99 e apareceu no programa Big Brother Brasil como motorista do “Anjo”.

A visibilidade também o levou à política. Em 2020, se candidatou a vereador. “A categoria precisa de apoio, de um lugar para descansar, de alguém que lute pelas condições de trabalho.” Ele recebeu cerca de 6 mil votos, mas não foi eleito. “Faltou mais união da categoria”, avalia. Ele também critica a falta de diálogo nas propostas de regulamentação e participou de manifestações contra o PLP 12/2024. “Eles queriam tirar nosso direito de voz. Fomos até Brasília, mas muita gente nem abriu a porta pra escutar a gente.”

Sobre os aplicativos regionais, Moisés considera que têm potencial, mas precisam investir em marketing e oferecer boas condições. “Se tirarem 15% a 20% por corrida e tiverem estrutura, a galera abraça”, afirma. Atualmente, atua apenas pela 99, já que foi recusado pela Uber devido a um processo antigo. “Mesmo prescrito, eles não me aceitam.”

Com mais de seis anos de experiência, Moisés recomenda a profissão, mas com cautela. “Nunca entre de cabeça. Estude a cidade, o melhor carro, entre em grupos. Isso aqui, se for feito certo, dá para viver bem.” E conclui: “Se eu estivesse no CLT hoje, faria a mesma coisa. Só com ensino médio, jamais conseguiria ganhar 6, 7 mil reais”.

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