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Wabiz: “Não cobramos taxa, só uma mensalidade fixa”

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Homem em pé segurando um microfone, usando um blazer claro e uma camiseta com o texto "Delivery Summit". Fundo azul com elementos gráficos.
Wildes Lima, fundador da Wabiz, participa do Delivery Summit.

Com foco em autonomia e personalização, a Wabiz já atende 2.500 estabelecimentos no Brasil e América Latina.

A Wabiz, criada em 2015, oferece soluções para delivery de comida com foco em autonomia e personalização para estabelecimentos. 

A empresa foi fundada após Wildes Lima, um dos criadores, observar os desafios enfrentados por restaurantes que dependiam do telefone para gerenciar pedidos: “a dona de uma pizzaria próxima da minha casa estava sempre sobrecarregada com ligações e falta de funcionários. Foi aí que enxerguei uma oportunidade”, conta Wildes.

A ideia surgiu com a proposta de um aplicativo que permitisse ao cliente fazer pedidos diretamente, sem comissões. O primeiro protótipo foi desenvolvido em seis meses e implantado em uma pizzaria local, que ajudou a moldar a plataforma com feedbacks constantes: “A cada três visitas a outros restaurantes, dois fechavam com a gente. Participar de feiras foi um divisor de águas para o crescimento inicial da empresa”, explicou Wildes.

Hoje, a Wabiz atende 2.500 estabelecimentos no Brasil e América Latina, oferecendo aplicativos e um sistema Weblink integrados. A plataforma é usada por negócios de diversos tamanhos, desde pequenas lanchonetes até grandes redes de franquias.

A Wabiz trabalha com uma mensalidade fixa, começando em R$249 para pequenos negócios e podendo atender grandes redes com múltiplas lojas: “A gente não cobra taxa. É um valor mensal fixo. Então, imagina só: esse cliente que fatura R$1,5 milhão em uma loja paga para a gente, em média, R$350 por mês”, disse Wildes. Segundo ele, esse modelo de custo fixo é uma alternativa às comissões cobradas por marketplaces, que podem variar entre 25% e 35%.

Além disso, a plataforma oferece programas de fidelidade, reengajamento com clientes e personalização de layout: “Nosso sistema foi pensado para facilitar tanto a experiência do cliente quanto a operação do restaurante”, afirmou Wildes. 

Lima também aponta o suporte como um ponto forte da Wabiz: “Após o cliente adquirir nosso serviço, ajustamos o cardápio e personalizamos o layout da plataforma com a identidade visual do estabelecimento. Durante dois meses, oferecemos acompanhamento para ajudar o cliente a aumentar vendas e reter clientes”, explicou Wildes. A empresa também disponibiliza suporte técnico todos os dias, até as 23h50.

A Wabiz oferece integração com o WhatsApp, permitindo que pedidos sejam feitos pelo aplicativo de mensagens e processados diretamente pelo sistema do restaurante. Embora o cliente seja direcionado para um link externo para concluir a compra, o processo é alinhado ao padrão do mercado: “Hoje, não existe uma forma de compra totalmente fluida no WhatsApp, mas nosso sistema oferece as mesmas funcionalidades que os principais marketplaces”, disse Wildes.

A plataforma também suporta diversos meios de pagamento, como Pix, cartões e dinheiro, além de ferramentas para reengajamento de clientes que não compram há certo período: “O sistema pode enviar mensagens ou cupons de desconto para atrair clientes de volta”, explicou.

A expansão da base de clientes e a incorporação de novas tecnologias são prioridades para a Wabiz: “Estamos sempre atentos às necessidades do mercado e prontos para adaptar nossas soluções. Não temos limites rígidos; se nossos clientes pedirem algo, estaremos prontos para desenvolver”, concluiu Wildes.

Confira, abaixo, a entrevista na íntegra:

Qual é o serviço de vocês? O que vocês oferecem? Como a empresa surgiu?

Em 2015, a gente já estava enxergando, desde 2014, uma mudança no segmento de delivery. Por exemplo, eu ia buscar pizza em um estabelecimento perto da minha casa e via a dona da pizzaria às voltas com o telefone. Às vezes, ela não queria atender porque estava sobrecarregada, ou então faltava funcionário. Era uma confusão, ela descabelando por causa disso. Foi aí que eu enxerguei uma oportunidade.

Na época, falei com o meu sócio: “Cara, o que você acha da gente criar um aplicativo para delivery?”. Até porque eu já trabalhava em uma multinacional que estava desenvolvendo um aplicativo para farmácias de manipulação, onde o cliente mandava a receita, fazia o orçamento e podia optar por mandar manipular ou não. Eu pensei: “Se isso funciona para farmácia, imagina para delivery”. 

Ele concordou, e começamos. Fizemos um PowerPoint. Aí, voltei nessa pizzaria perto da minha casa e falei: “Se você tivesse um aplicativo onde o cliente fizesse o pedido direto, sem precisar pagar comissão ou de atendente, o que você acharia?”. Ela respondeu: “Putz, se você tiver isso agora, eu quero, porque não tô aguentando mais”. 

Então, fizemos o app. Primeiro, montamos um PPT e mostramos para ela. Ela aceitou. A partir disso, em seis meses desenvolvemos a nossa primeira versão. Era algo bem básico, como se fosse um “Fusquinha” nosso. Implantamos no estabelecimento dela e, ao longo de seis a oito meses, fomos ajustando. 

Depois, comecei a visitar outros restaurantes. A cada três visitas, dois fechavam com a gente. Então, participamos de uma feira do segmento de alimentação, e ali fizemos o nosso primeiro grande evento. Foi um sucesso! Vendemos mais de 40 plataformas durante a feira.

De lá para cá, a gente cresceu. Participamos de outros eventos e feiras, investimos em marketing e, hoje, estamos em 2024 com 2.500 estabelecimentos usando nossa plataforma, no Brasil e na América Latina.

Como foi a evolução da Wabiz?

A gente começou só com o aplicativo, mas depois desenvolvemos o Weblink. Antigamente, todo mundo queria apenas o aplicativo. Hoje, já temos um público que utiliza tanto o aplicativo quanto o Weblink, então conseguimos oferecer uma combinação de omnichannel, atendendo todos os canais que os clientes desejam.

A plataforma já evoluiu bastante. O aplicativo, por exemplo, tem recursos como programa de fidelidade com pontos de desconto. Se o cliente não compra dentro de um período, ele recebe uma mensagem. Também tem avaliações de pedidos e várias outras vantagens, como meios de pagamento. A gente sempre tenta aproximar o estabelecimento dos clientes.

Nossa plataforma é democrática. Atendemos desde pequenos negócios até grandes franquias, desde delivery em bairros periféricos até redes com 15, 20, 30 lojas. A ideia é ajudar esses negócios a melhorar sua operação, reduzir custos operacionais e evitar comissões sobre vendas. O cliente paga uma mensalidade fixa por loja.

Hoje, temos clientes que faturam mais de R$ 1,5 milhão em uma única loja de delivery usando nossa plataforma. Para você ter uma ideia, somos a maior e mais eficiente plataforma de delivery próprio. Nenhum outro case consegue bater os nossos números de vendas.

Por exemplo, temos pizzarias que vendem mais de 1.200 pedidos em uma única noite. Alguns pedidos incluem duas, três pizzas, e já tivemos casos de 3.000 ou até 3.200 pizzas vendidas em uma noite. Temos vídeos e depoimentos que comprovam isso. É uma plataforma de alta performance.

Como funciona o sistema de precificação e taxas de vocês?  

A gente não cobra taxa. É um valor mensal fixo. Então, imagina só: esse cliente que fatura R$ 1,5 milhão em uma loja paga para a gente, em média, R$ 350 por mês.

Por isso, eu digo que é uma plataforma democrática. Ela atende desde pequenos negócios até grandes estabelecimentos. Por exemplo, se um pequeno comerciante que vende pastel quiser usar a nossa plataforma, ele consegue pagar por volta de R$ 350 por mês. Na verdade, se ele quiser só o aplicativo ou só o Weblink, começa em R$ 249. Se ele quiser os dois, o valor gira em torno de R$ 346 a R$ 350 mensais. Isso permite que a gente atenda qualquer tipo de cliente hoje em dia.

Se você for comparar, quanto custa uma internet hoje? Um combo de internet com telefone e TV custa cerca de R$ 200. Com um pouco mais, o cliente tem acesso à nossa plataforma, com todos os recursos: estreitar o relacionamento com os clientes, criar programas de fidelidade com pontos de desconto, enviar mensagens, evitar períodos de baixa movimentação, entre outros.

A gente cobra por loja. Então, se o cliente tiver 10 lojas, ele paga 10 vezes esse valor. Ainda assim, é muito democrático, porque quanto mais ele vende, mais ele se distancia do custo mensal fixo e obtém um retorno maior. Temos clientes que faturam desde R$ 10 mil por mês até R$ 1,5 milhão por mês com a nossa plataforma. Isso abrange qualquer público e segmento: comida oriental, pizzaria, marmitaria, lanchonete, pastelaria, açaiteria, adega… Temos muitos clientes com bastante sucesso.

Isso também acontece porque a gente os ajuda a melhorar a performance estratégica. Temos um departamento chamado Sucesso do Cliente, que auxilia nesse processo.

Como funciona esse suporte? Vocês oferecem treinamento para quem vai começar a usar a plataforma?

Quando o cliente adquire o nosso serviço, ele paga um setup, que custa em torno de R$ 650. A partir daí, fazemos todo o processo: pegamos o cardápio dele e o ajustamos para proporcionar a melhor experiência possível para o cliente final, incentivando que ele compre mais vezes.

A gente divide as categorias, por exemplo, nas mais vendidas: pizzas tradicionais, hambúrgueres tradicionais, hambúrgueres gourmet… Assim, criamos um método que facilita para o usuário na hora de comprar. Além disso, fazemos tudo com a identidade visual do cliente, deixando a plataforma totalmente personalizada para ele.

Quando está tudo pronto, ligamos para o cliente e informamos: “Está pronto, vamos implantar”. A implantação é feita de forma totalmente individual, cliente por cliente, para que tudo fique completamente adaptado e personalizado para ele.

Depois disso, damos continuidade ao suporte. Durante dois meses, acompanhamos o cliente, oferecendo as melhores estratégias sobre como divulgar, reter clientes e aumentar vendas. Além disso, temos suporte disponível de segunda a segunda, até 23h50. Não importa se está chovendo, fazendo sol, frio ou calor — estamos sempre aqui para ajudar esse cliente.

O aplicativo de vocês é de delivery próprio, certo? Ele é customizável?

Olha, para delivery, eu te diria que é 100% voltado para delivery de comida, tá? Não existe um segmento que a gente não consiga atender hoje. E por que a gente opta por esse formato? Porque, atualmente, a maior complexidade no delivery está nas pizzarias.

Por exemplo, a pizza meio a meio: cobra-se pela maior parte ou pela média? Os adicionais são cobrados por inteiro ou apenas pela metade onde foram colocados? Tem borda, faz doce, faz salgado… São muitas variáveis. Então, começamos pelo segmento mais complexo. Depois que conseguimos atender bem às pizzarias, atender outros segmentos ficou muito simples.

Hambúrguer, por exemplo, é bem menos complexo. Comida oriental também. Açaí, idem. Então, eu diria que, no mercado de delivery de comida e alimentação fora do lar, hoje não temos dificuldade nenhuma para atender.

Além disso, não atendemos só delivery de comida. Também incluímos bebidas e até algumas drogarias que utilizam nossa plataforma.

A gente consegue atender mercados, colocando alguns produtos. Porque, hoje, se você observar, por exemplo, os mercados que estão nos marketplaces, eles não colocam 100% dos produtos disponíveis. Geralmente, eles focam nos produtos mais vendidos. Então, nesse sentido, a gente já atua com mercados também.

Eu diria que, do lado da Wabiz, a gente só vende algo que sabemos que realmente vai atender o cliente. Se surgir um mercado novo ou algo que não se encaixe na nossa solução, a gente prefere ser honesto e dizer: “Olha, isso não vai funcionar para você”. Por exemplo, temos clientes de pet shop que vendem ração, tapetes higiênicos e outros produtos — nesse caso, atende 100%. Também temos clientes de adegas, farmácias e mercados.

Embora nosso foco seja mais forte em outros segmentos, esses também são atendidos integralmente. Vou te dizer que, hoje, o que o iFood oferece, a gente também já oferece. É bem por aí mesmo: os marketplaces atendem vários segmentos, e a gente também.

Como funciona a integração com WhatsApp de vocês?

A gente oferece integração com o WhatsApp. Esse canal é essencial, especialmente no setor em que atuamos. Mas, na verdade, isso não é só nossa solução — é uma tendência mundial. Hoje, não existe uma forma totalmente fluida de vender diretamente dentro do WhatsApp.

O que eu chamo de venda fluida? Por exemplo, o cliente quer comprar um hambúrguer e consegue resolver tudo apenas conversando no WhatsApp, sem interrupções ou redirecionamentos. Isso não acontece. Qualquer solução de mercado que integra com WhatsApp funciona mais ou menos assim: o cliente faz uma pergunta, e quando decide comprar, é direcionado para um link externo.

O nosso sistema funciona nesse formato também, acompanhando o que já é padrão no mercado. A gente programa o link no sistema, e, quando o cliente quer fazer a compra, ele é direcionado para esse link. Lá, ele conclui a compra, e o pedido é automaticamente enviado para a plataforma de gestão do estabelecimento. O responsável recebe o pedido, pode imprimir e tem acesso a todos os relatórios. Funciona de maneira totalmente alinhada com o que o mercado trabalha hoje.

Qual você diria que é o grande diferencial de vocês?

O diferencial da nossa plataforma está em três pontos principais que percebemos como fatores de alta conversão.

Primeiro, o layout é personalizado. A gente desenvolve a plataforma com o logotipo do estabelecimento, o que cria uma identificação imediata para o cliente. Quando ele acessa, reconhece o estabelecimento onde costuma comprar, e isso gera confiança.

Segundo, o aplicativo é extremamente fácil de usar. Ele foi pensado para atender tanto pessoas mais jovens quanto as de mais idade, sendo intuitivo para todos. Além disso, é o aplicativo mais rápido do mercado atualmente. Um cliente consegue realizar um pedido em menos de um minuto, e, se ele quiser repetir um pedido, pode fazer isso em menos de três segundos. Essa agilidade é um grande diferencial.

Terceiro, o suporte que oferecemos. Nosso serviço é um ponto forte porque o cliente recebe atendimento em menos de dois ou três minutos. Por exemplo, se a impressora dele parar de funcionar — o que é um problema comum —, nós nos conectamos rapidamente para resolver e evitar que ele perca vendas. Somos praticamente um braço direito do cliente. Nosso foco é garantir que ele tenha sucesso, acompanhando o mercado e oferecendo estratégias para vender mais. Também ajudamos o cliente a converter vendas para sua plataforma própria, evitando pagar comissões altas nos marketplaces.

E quais são os planos para o futuro de vocês? Estão focados em novas funcionalidades, expansão ou melhoria do que já existe?

A gente acompanha o mercado de perto, sempre mantendo contato com os nossos clientes e buscando uma visão futurista para o negócio. O primeiro passo é aumentar nossa base de clientes. À medida que novas tecnologias surgem, vamos implementando.

Hoje, por exemplo, um grande movimento é o uso de meios de pagamento modernos. No Brasil, o Pix já é o meio de pagamento mais utilizado, e nossa plataforma já suporta essa funcionalidade, além de cartão de crédito, débito, dinheiro e até integração com maquininhas.

Outra funcionalidade que já temos e que faz diferença é o sistema de reengajamento. Por exemplo, se o cliente não compra há 30 dias, o sistema identifica essa situação e envia uma mensagem, que pode incluir um cupom de desconto, incentivando a volta do cliente. Podemos até usar mensagens mais agressivas, dependendo da estratégia, para trazer o cliente de volta.

Nosso foco é observar as necessidades do mercado e desenvolver soluções em cima disso. Não temos limites rígidos. Se o mercado ou nossos clientes pedirem algo, estamos prontos para adaptar e criar.

Foto de Anna Julia Paixão
Anna Julia Paixão

Anna Julia Paixão é estagiária em jornalismo do 55content e graduanda na Escola Superior de Propaganda e Marketing.

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