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Motoristas de app aceitam qualquer corrida pois tem medo de não conseguirem pagar suas contas; mas se está ruim, saia 

Entenda como o excesso de motoristas, combinado com altos custos e estratégias das plataformas, derruba os ganhos, precariza a profissão e pressiona a categoria a aceitar qualquer corrida.

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Opinião
Textos assinados que refletem o ponto de vista do autor, não necessariamente da equipe do 55content.
Homem de óculos e jaqueta preta, sentado ao volante dentro de um carro, olhando diretamente para a câmera.
Foto: Marcelo Ribeiro para 55content

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do 55content 

Você sabia que os desafios enfrentados atualmente pelos motoristas, como a saturação do mercado e os altos custos operacionais, têm uma explicação que vem da política e da economia? Neste artigo, vou explicar o que é o “exército de reserva”, como ele impacta diretamente o nosso trabalho e, principalmente, como afeta o seu bolso. Fique comigo até o final para entender esse conceito e, mais importante ainda, saber como se proteger.

O exército de reserva nada mais é do que o excedente de pessoas desempregadas, que podem ser convocadas pelas indústrias e empresas quando o mercado julga necessário. Ou seja, em países com muitos desempregados, essas pessoas formam o chamado exército de reserva. As empresas têm à disposição uma massa de trabalhadores que podem ser facilmente contratados.

Quando esse contingente é muito grande, as empresas encontram facilidade em preencher vagas com mão de obra abundante. No nosso caso, motoristas de aplicativo, isso significa uma quantidade excessiva de motoristas nas ruas — muitos deles sem saber escolher corridas ou como trabalhar corretamente. Isso faz com que o preço das corridas despenque, pois assim que o algoritmo libera uma corrida, sempre tem alguém aceitando sem nem calcular se vale a pena ou não.

Esse comportamento pressiona os preços para baixo. Assim, essa superpopulação de motoristas mal preparados prejudica toda a categoria. Os altos custos operacionais — como combustível, manutenção do carro e despesas pessoais — levam muitos motoristas a aceitarem qualquer corrida, com medo de não conseguirem pagar suas contas.

O resultado? Muitos aceitam corridas sem qualquer análise. Quem se beneficia disso? Apenas as plataformas. Nem os passageiros se beneficiam tanto, porque, no nosso caso, eles também continuam pagando caro.

E qual a estratégia para enfrentar esse cenário de exército de reserva gigantesco, como é o caso do Brasil? Essa situação já está posta. Por isso, compartilhe esse conteúdo com outros motoristas que estão reclamando, para que eles compreendam o que está acontecendo e possam reagir a isso.

Agora vem a dica mais importante de todas — aquela que aplico no meu próprio trabalho como motorista e que me garante resultados até hoje.

A primeira coisa que você precisa fazer é anotar tudo. Planilhe. Tenha os números sob controle. Saiba quanto você gasta com combustível, quais são os seus custos com o carro e com suas contas pessoais. É essencial conhecer todos os seus gastos e tudo o que envolve seu trabalho. Quais são os horários de maior demanda? Quais são os gargalos que estão drenando o seu dinheiro? Com essas informações em mãos, você consegue atacar diretamente onde está perdendo dinheiro.

Depois disso, busque se diferenciar. “Mas como me diferenciar?”, você pode perguntar. Sempre há uma forma. A régua está muito baixa. Se você oferecer um serviço com o mínimo de qualidade, já estará se destacando. Muitos motoristas que oferecem um atendimento diferenciado conseguem corridas melhores, inclusive particulares, com passageiros dispostos a pagar mais por conveniência e fidelidade.

Outra atitude essencial é se manter atualizado quanto à demanda. Por que certos horários não valem a pena? Por que outros são mais lucrativos? Foque nos períodos de alta demanda. “Mas agora nem tem mais isso…” Pare com esse pensamento! Reclamar é coisa de criança. Adulto resolve problema.

Se você já entendeu o que está acontecendo, já deu o primeiro passo para resolver. Sim, é difícil e sempre foi, mas cabe a você identificar quais horários são melhores na sua cidade. “Mas aqui nunca tem…” Então larga. Se está ruim, sai fora. Se o aplicativo não está te dando retorno, vá atrás de outra coisa. Pegue sua carteira de trabalho, seu currículo, e busque novas oportunidades.

E aqui vai a principal dica: se você já sabe que existe um horário de baixa demanda, use esse tempo para fazer outra coisa. Existem alternativas no mercado. Eu mesmo estou trazendo várias opções no meu canal do YouTube, no Instagram e aqui na página da 55content.

Entre as alternativas possíveis: você pode vender seguros — as seguradoras oferecem boas comissões; pode adesivar seu carro — muitas empresas pagam bem não só pela adesivagem, mas também pela campanha associada; ou fazer como eu fiz — crie um canal no YouTube, uma página no Instagram, compartilhe sua experiência, embale seu conhecimento.

Por que isso funciona? Porque empresas pagam, e pagam bem. Se você tiver um canal engajado, seguidores, inscritos, há muitas oportunidades: parcerias com locadoras, seguradoras e até empresas de energia solar.

Se você chegou até aqui, agora entende o que é o exército de reserva e por que a situação dos motoristas está tão difícil. Por que as corridas estão cada vez piores? Comenta aqui: qual a sua opinião? Como você está enfrentando essa fase? Já trabalha com outra coisa? Tem algo em vista? Qual é a sua situação com relação aos aplicativos?

Foto de Marcelo Ribeiro
Marcelo Ribeiro

Marcelo Ribeiro, conhecido como Marcelo Fora da Curva, é de Porto Alegre e iniciou sua carreira como vendedor. Em 2016, tornou-se motorista de aplicativo, usando sua experiência em vendas para oferecer um excelente atendimento ao cliente, o que lhe rendeu a nota mais alta entre motoristas da cidade e vários prêmios da Uber. Em 2017, criou um canal no YouTube para compartilhar suas experiências, que rapidamente se tornou popular, alcançando 300 mil inscritos e 92 mil seguidores no Instagram.

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