Conteúdo patrocinado por StopClub
A equipe da 55 conversou com Raul Peter, Pedro Inada e o motorista de aplicativo, Fabricio Bispo Sutton, sobre um tópico que vem gerando muita discussão entre os motoristas de aplicativos de transporte: ação da Uber em impedir o uso de ferramentas auxiliares, como a macro do StopClub.
Raul Peter, head of marketing do StopClub, compartilha insights sobre como a atualização do aplicativo da Uber afetou o funcionamento das macros, incluindo a versão gratuita do StopClub. Ele destaca a importância da transparência e do apoio aos motoristas, que frequentemente lidam com corridas pouco rentáveis devido à falta de informações.
Pedro Inada, CEO do StopClub, detalha as diferenças entre as versões gratuita e paga do aplicativo e aborda os desafios impostos pela nova política de tarifas da Uber. Ele também discute os planos futuros para o StopClub em resposta às mudanças implementadas pela Uber e a relevância da calculadora Pro para os motoristas de aplicativos.
Já o Bispo, discutiu a importância de ferramentas como o StopClub para a sustentabilidade financeira dos motoristas e como a Uber poderia melhorar sua relação com esses profissionais essenciais.
Juntos, esses especialistas trazem uma perspectiva crítica sobre como as mudanças nas políticas da Uber estão afetando não apenas os motoristas, mas também o mercado de transporte por aplicativos como um todo.
É verdade que a Uber está impedindo os motoristas de usarem o StopClub?
Raul Peter: Bom, existem várias ferramentas, conhecidas como macros, que ajudam os motoristas de aplicativos de transporte, como a Uber, a entender melhor quanto vão ganhar por corrida. Essas macros, como o do StopClub, dão aos motoristas informações sobre o valor que eles ganharão por hora e por quilômetro em cada viagem.
No entanto, a Uber recentemente atualizou seu aplicativo para ocultar essas informações. Isso afetou todas as macros disponíveis. Isso é crucial porque a Uber lucra com a falta de informação dos motoristas, que muitas vezes acabam aceitando corridas pouco rentáveis.
Antes dessa atualização da Uber, nós da StopClub já tínhamos lançado a versão Pro, que tem uma funcionalidade única. Ela é capaz de realizar leituras em segundo plano. Isso significa que mesmo que um motorista esteja usando outro aplicativo, como o Waze, a versão Pro ainda consegue acessar e ler as informações da tela da Uber. As outras macros, por outro lado, requerem que o aplicativo da Uber esteja aberto em primeiro plano para funcionar.
Esse movimento da Uber foi visto como contrário aos interesses dos motoristas. Muitos motoristas dependem dessas macros para garantir que não estão pegando corridas deficitárias.
Durante uma conversa recente, quando estava discutindo isso com colegas, mencionei que a atualização da Uber deixou muitos motoristas confusos e frustrados. Eles pensavam que a versão gratuita do StopClub tinha sido desativada devido ao lançamento da nossa versão paga, mas na verdade, foi a atualização da Uber que afetou todas as macros.
Estamos agora trabalhando para encontrar soluções, tanto para a versão gratuita quanto para a paga do StopClub, com o objetivo de continuar oferecendo transparência e suporte aos motoristas. Isso é algo que consideramos importante e achamos que vale a pena ser divulgado amplamente.
Qual a diferença entre a versão paga e gratuita da StopClub?
Pedro Inada: A principal diferença entre a versão gratuita e a paga do StopClub são as funcionalidades. .
A versão paga, conhecida como Cálculo de Ganhos StopClub Pro, opera em segundo plano e permite a leitura das informações e exibição dos flutuantes mesmo quando outros aplicativos, como Waze ou WhatsApp, estão em uso. Além disso, ela facilita as atualizações, mantendo as configurações anteriores, assim como introduzimos o ganho líquido, onde o motorista cadastra o seu custo por km e sabe qual é o seu lucro operacional em cada corrida. O custo por km pode ser calculado na Calculadora de Custos lançada no mês passado. Essa versão ajuda os motoristas a gerenciarem melhor suas finanças e escolhas de corridas.
Por outro lado, a versão gratuita é mais limitada. Ela só funciona quando o aplicativo da Uber está aberto e exige que os usuários reinstalem o aplicativo para atualizá-lo, o que resulta na perda das configurações anteriores. Ela não oferece as funcionalidades avançadas da versão paga, como o ganho líquido e a operação em segundo plano.
Haverá alguma atualização no StopClub para contornar a nova mudança implementada pela Uber? Vocês planejam entrar em contato com a Uber para resolver esse impasse, ou será um ciclo contínuo de ações e reações, onde cada vez que vocês lançam uma atualização, a Uber responde com outra?
Pedro Inada: Eu espero que a nova atualização saia no decorrer desta semana. Eu nunca entrei em contato com a Uber. Quando lançamos a nossa primeira macro gratuita, a Uber ficou incomodada ao ponto de abrir um processo contra nós. Hoje nossa conversa é entre advogados na justiça. Vejo que nos Estados Unidos a Uber está aumentando o preço das viagens e reduzindo o que os motoristas ganham. A Uber lucra às custas dos motoristas. Aqui no Brasil, os motoristas estão se educando mais sobre trabalho e finanças, tornando-se mais seletivos. Isso está afetando o algoritmo da Uber. Quando a Uber envia uma oferta de viagem e o motorista recusa, ela passa para outro, que também pode recusar. O preço que o passageiro paga é fixo, então a única forma da Uber convencer o motorista é diminuir sua própria taxa e aumentar a parcela do motorista.
Bispo, qual é a sua análise sobre o impacto das mudanças na política de tarifas da Uber para os motoristas e como isso afeta tanto a lucratividade da empresa quanto a sustentabilidade financeira dos motoristas?
Bispo: Bom, se a empresa aumentasse as tarifas e dividisse justamente com os motoristas, os preços ficariam altos para os passageiros, equiparando-se aos táxis. A popularidade da Uber se deve aos seus preços acessíveis. Concordo que os preços devem ser populares para garantir corridas, mas a Uber reluta em compartilhar lucros com os motoristas. Antes, o pagamento era por quilômetro e tempo, facilitando o planejamento dos motoristas. Mas a Uber mudou para um sistema de tarifa variável, baseado em oferta e demanda, mostrando o valor da corrida para aceitação rápida, o que complica as coisas para os motoristas, que muitas vezes não conseguem calcular rapidamente se a corrida vale a pena.
Eu tenho um canal no YouTube onde ensino os motoristas a explorar os melhores horários, aproveitando a lei de oferta e demanda. Mas isso se tornou um jogo complicado. A Uber poderia simplificar as coisas eliminando a necessidade de cálculos complexos, mas isso exigiria retornar ao sistema antigo. Hoje, a dificuldade é grande. Existem corridas que resultam em lucro zero ou até prejuízo. A introdução da calculadora de custos pela StopClub foi revolucionária, ajudando a calcular os custos operacionais. Descobri, por exemplo, que meu custo é quase 1 real por quilômetro, e há corridas pagando apenas 1,20 por quilômetro. Alguns motoristas acabam pagando para trabalhar.
Muitos motoristas são inexperientes e, apesar de parecerem ganhar dinheiro inicialmente, acabam quebrando após um tempo por não compreenderem plenamente seus custos operacionais. A Uber não se preocupa com isso, pois sempre haverá substitutos em um país com dificuldades econômicas. A calculadora mudou a vida dos motoristas, permitindo discernir entre corridas boas e ruins. É fundamental conhecer bem a região e a demanda para selecionar as melhores corridas. A Forbes publicou recentemente um excelente artigo sobre isso.
Qual a importância da calculadora Pro e do StopClub para os motoristas de aplicativo?
Bispo: A calculadora Pro é uma ferramenta essencial para os motoristas de aplicativos de transporte, como a Uber. Ela permite que os motoristas calculem de forma precisa o seu ganho líquido após considerar todos os custos operacionais. Por exemplo, um motorista que tem um custo operacional de 96 centavos por quilômetro pode inserir esse valor na calculadora. Baseando-se nestes dados, a ferramenta analisa o lucro líquido que o motorista pode esperar de cada corrida, considerando também outros fatores como o modelo e o ano do carro, e o preço do combustível.
Esta análise detalhada ajuda os motoristas a tomar decisões mais informadas sobre quais corridas aceitar. Durante horários de pico, um motorista pode decidir aceitar apenas corridas que ofereçam um lucro líquido superior a um certo percentual, como 70%. Este limiar de lucratividade ajuda a maximizar os ganhos e minimizar as perdas, mas também pode levar a uma alta taxa de rejeição de corridas, impactando negativamente a disponibilidade para os passageiros.
Um aspecto crítico da estratégia dos motoristas é a avaliação dos riscos e benefícios de cada corrida. Eles tendem a evitar corridas que sejam financeiramente desvantajosas ou que os levem a regiões que preferem evitar. Isso pode tornar difícil para os passageiros encontrar um carro, especialmente em áreas menos lucrativas para os motoristas.
A Uber adota políticas que influenciam essa dinâmica. Por exemplo, a empresa oculta o destino final da corrida até o momento do embarque do passageiro. Isso é feito para reduzir o número de corridas canceladas por motoristas que preferem não ir para certas áreas. Contudo, isso pode causar frustração tanto para os motoristas quanto para os passageiros.
Outro ponto de tensão é o sistema de avaliação da Uber. Quando um passageiro dá uma avaliação inferior a cinco estrelas, uma lista de críticas potenciais se abre, o que pode afetar negativamente a reputação do motorista. Além disso, há o medo de bloqueio das contas dos motoristas com base em denúncias infundadas dos passageiros, o que pode resultar em perda de renda e necessidade de recorrer à justiça para resolver tais questões.
O passageiro tem que entender que o sonho de qualquer motorista é aceitar todas as corridas, independente do horário da demanda. Eu gostaria de fazer todas as corridas. Os motoristas desejam um sistema onde não seja necessário um preço dinâmico ou qualquer outro artifício. O ideal seria simples: um valor justo oferecido ao motorista, que aceitaria corridas a qualquer hora, para qualquer destino, sem a necessidade de selecionar regiões ou passageiros específicos. Este cenário reflete uma realidade mental desafiadora imposta aos motoristas. Eles estão cientes de suas obrigações financeiras e, muitas vezes, têm medo de não atingir suas metas diárias. No entanto, mesmo atingindo essas metas ao custo do desgaste do próprio veículo, não significa realmente ganhar dinheiro, mas sim se autoenganar. Isso gera um impacto psicológico significativo, deixando muitos motoristas emocionalmente abalados.
Gostariam de acrescentar alguma coisa?
Bispo: A cultura corporativa da Uber é frequentemente criticada por sua falta de transparência e manipulação da assimetria de informação. Este comportamento é evidente não só com os acionistas, mas também na relação com motoristas e passageiros. Um exemplo claro é a discrepância nas taxas cobradas: enquanto a empresa afirma cobrar 15%, na realidade, a taxa é de cerca de 40%. Esta falta de clareza afeta não apenas os motoristas, que não têm total visibilidade sobre seus ganhos, mas também os passageiros, que desconhecem quanto do valor pago é destinado ao motorista e quanto fica com a empresa.
A crítica não se limita à Uber. Outras empresas do mesmo setor, como a 99 e a inDrive, são mencionadas como praticantes de estratégias similares, levando a uma percepção de uniformidade no mercado, onde a competição parece não influenciar positivamente as práticas empresariais. Havia uma expectativa de que novos concorrentes pudessem oferecer melhores condições tanto para motoristas quanto para passageiros, mas isso não se concretizou.
A falta de transparência da Uber e similares gera um impacto negativo na percepção do público sobre os motoristas. Muitas vezes, os passageiros acreditam que os motoristas são os responsáveis por problemas no serviço, sem entender as dinâmicas internas e as pressões que eles enfrentam. Esse cenário revela a necessidade de mais informação e conscientização sobre as reais condições de trabalho e as políticas das empresas de transporte por aplicativo, tanto para o público quanto para os próprios motoristas.