Floripa explica que o preço das viagens varia conforme o perfil de motoristas e passageiros: “A Uber pode me oferecer uma corrida por R$ 20, enquanto para outro motorista, menos seletivo, oferece por R$ 10.”
Você já parou para pensar em como a Uber precifica suas corridas? A empresa não toma essas decisões aleatoriamente. Por trás de cada valor cobrado ao passageiro e repassado ao motorista, existe um sistema baseado em pelo menos oito critérios. Entender essa mecânica é essencial para os motoristas que desejam maximizar seus ganhos explorando as regras do jogo. Afinal, em um mercado tão competitivo, conhecimento é poder.
Os Primeiros Três Critérios: Dia, Horário e Local
A Uber conhece os padrões de demanda em diferentes dias, horários e locais. Ela já mapeou exatamente quando e onde a procura será maior. Não é à toa que promoções e dinâmicas aparecem nesses momentos: a intenção da empresa não é “ajudar” o motorista, mas garantir que ele esteja disponível onde e quando for necessário.
Por exemplo, trabalhar nos bairros residenciais durante a manhã, quando a demanda está concentrada no fluxo para o centro, ou permanecer no centro no final da tarde, aproveitando o retorno das pessoas para casa, são estratégias simples, mas eficazes. Motoristas que entendem esses padrões evitam perder tempo em áreas de baixa demanda e aumentam suas chances de conseguir corridas mais lucrativas.
Se você está no lugar errado, na hora errada, dificilmente conseguirá maximizar seus ganhos. Um exemplo comum: enquanto uma região está “fervendo” de chamadas, outro motorista permanece parado em uma área pouco movimentada, achando que está no local certo. O segredo é combinar dia, horário e local para estar sempre onde a demanda é mais alta.
O Trânsito: Um Inimigo Que Pode Ser Aliado
O trânsito é outro fator crucial. Em horários de pico, o tráfego pesado eleva os valores das corridas, tanto pelo tempo adicional quanto pela dificuldade de deslocamento. Florianópolis é um exemplo claro: se algo interrompe o fluxo em uma das pontes, a cidade inteira pode parar, criando uma escalada nos preços dinâmicos.
Para lidar com isso, motoristas mais experientes adotam estratégias como trabalhar no contra-fluxo. Isso significa evitar áreas congestionadas, enquanto aproveitam a alta demanda em locais menos movimentados. Essas escolhas inteligentes podem transformar o trânsito, de um problema, em uma oportunidade de lucro.
Perfis de Passageiros e Motoristas: O Jogo de Dados
A Uber coleta dados de cada interação feita no aplicativo, tanto de motoristas quanto de passageiros. Esses dados permitem que a empresa construa perfis comportamentais, ajustando preços de maneira personalizada. É um jogo complexo de oferta e demanda, onde cada detalhe conta.
Aqui entra um ponto interessante: por que a mesma corrida pode aparecer para um motorista por R$ 20 e, para outro, por R$ 10? Simples. A Uber testa o mercado. Se o motorista que aceita qualquer coisa — o “maluco” — topar a corrida por R$ 10, a empresa economiza. Mas se ninguém aceitar, ela ajusta o valor gradualmente, enviando para outro motorista, que pode aceitar por R$ 12, R$ 15, ou, finalmente, R$ 20. Essa variação reflete não apenas o perfil do motorista, mas também a necessidade da empresa de atender o passageiro.
Os passageiros também são analisados. Quem utiliza o aplicativo frequentemente tende a pagar mais caro, pois já desenvolveu o hábito. Por outro lado, novos usuários ou aqueles que usam menos recebem descontos, pois a Uber quer atraí-los de volta. É o mesmo mecanismo usado com motoristas: promoções e dinâmicas são estratégias para manipular comportamentos e garantir que a oferta atenda à demanda.
Número de Intenções e Distância do Motorista
Outro critério importante é o número de intenções em uma área. Grandes eventos, como shows ou jogos de futebol, criam um aumento significativo nas simulações de corridas, mesmo antes de serem confirmadas. A Uber detecta essa movimentação e ajusta os preços dinâmicos, atraindo motoristas para a região.
Já a distância entre o motorista e o passageiro é um fator mais sutil, mas igualmente relevante. Inicialmente, a Uber espera que motoristas próximos aceitem a corrida. Se isso não acontecer, o sistema amplia o raio de busca, ajustando o preço para compensar a distância maior. Essa estratégia garante que o passageiro consiga um carro, mesmo que isso represente custos adicionais para a empresa em alguns casos.
O Objetivo da Uber: Lucro e Hábitos
No final das contas, a Uber não é apenas uma empresa de transporte, mas uma gigante tecnológica que usa dados para maximizar seus lucros. Seu objetivo principal não é facilitar a mobilidade ou aumentar os ganhos dos motoristas, mas criar e manter hábitos de uso, tanto em passageiros quanto em motoristas.
Por isso, a empresa prefere perder dinheiro em algumas corridas, garantindo que o passageiro use o aplicativo com frequência, a longo prazo. Esse hábito cria uma base fiel de clientes, o que é mais valioso do que qualquer corrida isolada.
Conclusão: Conhecimento é Poder
Entender como a Uber define os preços das corridas é essencial para os motoristas que desejam transformar o trabalho em aplicativos em algo mais rentável. Cada critério — dia, horário, local, trânsito, perfis, intenções, distância e os dados acumulados — pode ser explorado estrategicamente para melhorar os ganhos.
Essa compreensão ajuda o motorista a “dominar o jogo”, em vez de ser manipulado pelas regras impostas pela plataforma. Afinal, no “jogo dos aplicativos”, vence quem conhece as regras e sabe usá-las a seu favor.
E você, sabia de todos esses detalhes? O que acha dessa mecânica? Deixe sua opinião nos comentários!