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Ninguém trabalha de graça: o que falta para os aplicativos pagarem os motoristas pela espera?

Luis defende tarifas justas para tempo de espera e paradas, e mostra como um pequeno ajuste no sistema poderia melhorar a vida dos motoristas de aplicativo.

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Opinião
Textos assinados que refletem o ponto de vista do autor, não necessariamente da equipe do 55content.
Homem usando óculos e camisa jeans clara sentado dentro de um carro, ao lado de uma tela com o texto “Problemas dos motoristas e a solução deles”.
Dicas e soluções práticas para os principais problemas enfrentados por motoristas. Foto: 55content
https://youtu.be/jdYwh-0D-So

Você já parou para pensar quanto tempo fica parado durante o trabalho? Seja esperando o passageiro descer do prédio ou durante uma parada imprevista no mercado, o fato é: tempo parado é tempo não pago. E isso precisa mudar.

Neste vídeo, quero conversar sobre um dos maiores absurdos da rotina de quem dirige por aplicativo: a espera não remunerada. É um problema antigo, que só se agrava com o tempo — e, pior, continua sendo ignorado pelas plataformas. Não dá mais para aceitar esse tipo de exploração.

O problema da espera no embarque e das paradas

Estou há mais de seis anos nessa profissão, e o que mais me irrita até hoje é esperar passageiro no embarque. A gente marca como “chegou” e o passageiro ainda está no elevador, se arrumando ou decidindo o que vestir. Enquanto isso, o nosso tempo corre — mas o dinheiro não.

E nem vamos falar das paradas no meio da corrida. “Só um minutinho no mercado”, “vou ali na farmácia rapidinho”… E quem paga por esse tempo? Ninguém. Muitas vezes, não há sequer um local seguro para estacionar. Nos arriscamos a multas, furtos ou problemas com a fiscalização. Tudo isso por uma corrida que, no fim, mal cobre o custo da gasolina.

A tarifa justa resolveria isso

O mais frustrante é que a solução é simples e já poderia ter sido implementada. Se o aplicativo começasse a cobrar a partir do momento em que o motorista marca “cheguei”, o passageiro pensaria duas vezes antes de se atrasar. Quer demorar? Sem problema: R$ 1 por minuto de espera. É justo, transparente e muda completamente a realidade do motorista.

E quanto às paradas? Também devem ser remuneradas. O passageiro quer parar por cinco minutos? Tudo bem, paga R$ 5. Quer fazer compras, ir à farmácia, ao açougue? Pode ir — desde que pague por isso. Esse discurso de “é só um favorzinho” não se sustenta. Não estamos fazendo caridade. Caridade a gente faz quando o dinheiro estiver entrando. Por enquanto, é trabalho. E trabalho precisa ser pago.

Menos estresse, mais qualidade no atendimento

Com uma tarifa justa de espera e parada, o clima muda. O motorista não precisa mais ficar impaciente, porque sabe que está sendo remunerado pelo tempo parado. Isso melhora inclusive o atendimento: a experiência do passageiro melhora, e o motorista volta para casa menos estressado.

Muitos reclamam que motoristas evitam shoppings, condomínios ou mercados. Mas isso acontece porque o tempo perdido nesses locais não é compensado. E no fim, o prejuízo fica com a gente.

A mudança começa pelas plataformas — mas também passa por nós

Nem tudo está nas nossas mãos. Uber, 99 e inDrive precisam rever esse modelo com urgência. Mas a nossa postura também importa. Quando entendemos que temos o direito de cobrar por um serviço justo, mudamos a forma como nos posicionamos no trabalho.

A comunicação com o passageiro é essencial. É preciso explicar, de forma clara e educada, que o carro está a serviço — e que o tempo tem custo.

Deixo aqui meu apelo às plataformas: criem urgentemente uma tarifa de espera e parada justa. Isso resolveria boa parte dos problemas do dia a dia, sem necessidade de mexer na tarifa base.

E você, motorista: o que mais te irrita na profissão hoje? Já teve problemas com espera? Você cobraria uma tarifa justa por parada?

Se queremos respeito, precisamos valorizar nosso próprio tempo. Porque tempo é dinheiro — e parado, ninguém paga boleto.

Foto de Luis Hatada
Luis Hatada

Luis Hatada, conhecido como "Uber do Japa", é motorista de aplicativo desde 2018 e, ao perceber as dificuldades dos colegas em gerenciar ganhos e despesas, criou um canal no YouTube em 2019. Nele, compartilha orientações sobre gestão financeira e desenvolvimento pessoal, defendendo que a profissão exige uma mentalidade empreendedora. Seu conteúdo aborda temas como administração financeira e autodesenvolvimento, com o objetivo de ajudar motoristas a melhorar a rentabilidade e superar desafios diários.

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