Motorista fatura R$ 600 por dia rodando 500 km, mas lucra só R$ 250: vale a pena?

Motorista ganha R$ 1,20 por km, mas gasta até R$ 0,70. Será que vale rodar 500 km por esse retorno financeiro? E o carro, aguenta esse ritmo?

Homem de boné preto com logotipo "NYC", barba por fazer e camiseta clara, sentado no banco do motorista de um carro, usando cinto de segurança.
Foto: Fernando Floripa para 55content

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do 55content

Outro dia, peguei um Uber e comecei a conversar com o motorista. Ele me disse: “Eu rodo 500 km para fazer 600 reais por dia.” Na hora, minha reação foi imediata: tem algo muito errado nessa conta. Então eu te pergunto: você realmente acha que isso é um bom resultado? Comenta aqui embaixo, quero saber a sua opinião. Porque, no papel, 600 reais pode até parecer um bom dinheiro. Mas será que, na prática, sobra alguma coisa de verdade para o motorista?

Sempre que eu converso com alguém que roda muito e ganha pouco por quilômetro, fico pensando: será que essa pessoa está mesmo fazendo as contas? Será que ela tem clareza dos próprios custos para saber quanto está realmente ganhando no final do dia? Vamos fazer uma conta rápida, só para deixar esse raciocínio mais claro. Se o motorista roda 500 km para ganhar 600 reais, isso significa que ele está ganhando, em média, R$ 1,20 por quilômetro rodado. Agora, pensa comigo: quanto ele gasta só de combustível? E com manutenção? E a desvalorização do carro por rodar tanto assim?

Se o carro fizer 10 km por litro e a gasolina custar 6 reais, ele já gastou 300 reais só em combustível. Soma aí uma troca de óleo — que, a cada 10 mil km, custa uns 200 reais — dá uns 10 reais por dia. Pneu? Um jogo que dura cerca de 50 mil km custa uns 1.500 reais, o que dá cerca de 15 reais por dia. E ainda tem pastilha de freio, suspensão, alinhamento, balanceamento… Tudo isso desgasta muito mais rápido quando se roda demais. No fim das contas, o custo real por quilômetro desse motorista pode chegar a 70 centavos ou até mais.

É aí que entra a grande ilusão do dinheiro bruto. Muita gente olha só o valor que entra no aplicativo e esquece de considerar tudo o que sai. Esse é o maior erro de muitos motoristas. Se ele faz 600 reais no dia, mas gasta 350 entre combustível e manutenção, o que sobra mesmo? No máximo, 250 a 300 reais líquidos. Agora pensa: quantas horas ele trabalhou para isso? Será que vale a pena rodar 500 km para esse retorno? E mais, será que o carro dele vai aguentar esse ritmo por muito tempo?

Muita gente gosta de focar no ganho por tempo, tentando fazer dinheiro o mais rápido possível, e acaba ignorando o custo por quilômetro. Só que, quando você faz isso, os custos explodem. O que parece um bom negócio no curto prazo se transforma em dor de cabeça no futuro, com o carro desvalorizando rápido e as manutenções ficando mais frequentes e caras. É nesse momento que o motorista percebe que olhar só o tempo e ignorar o quilômetro pode custar muito caro.

Então, como melhorar esse resultado? Se você se identificou com essa situação, a pergunta que precisa se fazer é: “O que eu posso mudar na minha estratégia?” E aí vão algumas sugestões. Primeiro: escolha melhor as corridas. Não adianta aceitar qualquer uma que aparece — você precisa focar nas mais rentáveis. Também é importante equilibrar viagens longas com curtas. Vai ter hora em que a corrida longa vai compensar pelo tempo, e vai ter hora em que a corrida curta vai compensar pelo quilômetro. Encontrar esse equilíbrio ajuda a melhorar o ganho médio nos dois sentidos.

Além disso, fique atento ao dinâmico e às regiões que pagam melhor — você pode ganhar mais rodando menos. Reduzir o tempo rodando vazio também é essencial, porque isso corrói o seu lucro sem você perceber. Terminou uma corrida? Para e espera a próxima, não saia rodando atrás de passageiro. E, na dúvida, converse com outros motoristas, especialmente os mais experientes. Muitas vezes, tem gente na sua cidade que já descobriu jeitos melhores de rodar, e que você ainda não viu.

Se você não sabe onde está errando, talvez seja a hora de parar e analisar seus números. Então, antes de sair rodando igual um maluco, faz as contas. Porque 600 reais no bruto pode parecer bom, mas se no final sobra pouco e o seu carro está indo pro saco, você pode estar deixando dinheiro na mesa.

Agora, quero saber de você: quantos quilômetros você roda por dia e quanto realmente sobra no seu bolso? Comenta aqui embaixo. Vamos trocar uma ideia, porque a sua experiência pode ajudar outros motoristas a melhorarem também.

Foto de Fernando Floripa
Fernando Floripa

Fernando Dutra, conhecido como Fernando Floripa, é motorista de aplicativo em Florianópolis e referência nacional para motoristas. Desde 2016, ele compartilha dicas e conteúdos nas redes sociais, alcançando quase 1 milhão de seguidores no YouTube, Facebook, Instagram e TikTok. Casado e pai de três filhos, com formação em Ciências da Computação e Administração, ele trabalha ativamente como motorista e incentiva a união da categoria, consolidando-se como um influenciador na área de mobilidade.

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