Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do 55content
Você não vai acreditar: um deputado está querendo alterar o Código Penal para criar novas regras relacionadas a motoristas de aplicativo. Mas será que é para ajudar os motoristas? O que você acha? Vem comigo que eu quero te contar tudo agora.
Fala aí, motorista! Floripa na área, meus amigos. É incrível a capacidade dos nossos políticos de criarem projetos envolvendo motoristas de aplicativo. E o mais impressionante é que a maioria desses projetos pouco ou nada traz de benefício para quem realmente trabalha.
Projetos para melhorar os ganhos dos motoristas? Para reduzir a taxa da Uber? Para resolver nossos problemas com as plataformas? Esses quase não existem. Agora, projetos mirabolantes… desses, está cheio. Atualmente, temos projeto tramitando para obrigar o motorista a pagar uma multa caso cancele uma corrida.
Imagine: o motorista teria que pagar multa ao cancelar uma corrida. O passageiro já paga uma pequena taxa, e agora querem que o motorista também pague. Mas ninguém para para entender o motivo do cancelamento: será o valor baixo da viagem? O alto risco da corrida? Por que será que o motorista cancela? Em vez de entender, preferem criar uma lei para punir o motorista.
Outro projeto mirabolante: passageiros poderiam andar de graça no Uber caso o motorista não tenha troco. Bacana, né? Mas, e quando o passageiro aparece com uma nota de 100 reais para pagar uma corrida de 5 reais? O motorista teria que tirar 95 reais do bolso? Se tentar oferecer o troco por Pix, o passageiro pode recusar e exigir em dinheiro.
Agora, o projeto mais recente envolve mudança no Código Penal. E quando se fala em Código Penal, já dá para imaginar que coisa boa não vem. Vamos entender: o deputado Alex Mancini, de São Paulo, propôs uma alteração para criar novas regras para motoristas de aplicativo. Segundo ele, só poderá trabalhar quem não tiver histórico de agressão, exigindo apresentação de antecedentes criminais — algo que, aliás, os aplicativos já exigem.
Ou seja, uma lei “nova” para reforçar o que já existe. A ideia é impedir que pessoas com histórico de agressão trabalhem, visando proteger os passageiros. A motivação do deputado são casos recentes de agressões de motoristas contra passageiras, especialmente mulheres. Se pesquisarmos na mídia, encontramos episódios lamentáveis desse tipo. Dá para entender a preocupação do deputado.
A iniciativa busca aumentar a segurança, garantindo que motoristas sejam íntegros no serviço. Tudo certo até aí. Mas, por que não incluir também a exigência de validação e verificação dos passageiros? Casos de agressão de motoristas contra passageiros existem, sim, mas são muito menos numerosos do que os casos de agressões de passageiros contra motoristas.
Quantos motoristas perderam a vida em corridas de aplicativo? Muitos. E quantos passageiros perderam a vida? Quase nenhum caso registrado. Se souber de algum, comenta aí, porque eu desconheço. A verdade é que os motoristas são muito mais vítimas do que algozes.
Assaltos, agressões, mortes de motoristas acontecem o tempo todo. E ainda assim, nenhuma lei é criada para proteger o motorista. A balança sempre pende para o lado dos passageiros, o que até se entende — são mais de 30 milhões de usuários de apps contra apenas 2 milhões de motoristas. É um desequilíbrio gigantesco.
Além disso, há o lobby das grandes empresas bilionárias. Imagina quantas “maletas” circulam por aí? No final das contas, sempre sobra para o elo mais fraco: o motorista.
Diante desse cenário, fica evidente a importância da representação política. A cada eleição, perdemos a oportunidade de eleger alguém que entenda o lado dos motoristas, alguém que conheça as nossas dores e problemas. Esses políticos que propõem leis nem conversam com motoristas, associações, federações ou sindicatos para entender a realidade.
É muito fácil ouvir apenas os passageiros ou se basear em notícias sensacionalistas. Mas toda moeda tem dois lados. E o lado do motorista? Quantos já foram minados pelo estresse, pela ansiedade, pelos baixos ganhos, até chegar ao limite? Não justifica agressão, mas precisamos olhar para a raiz dos problemas, buscar prevenção, não apenas punição.
O que pode ser feito? Melhorar o cadastro dos passageiros, reduzir o estresse diário, equilibrar a relação com os aplicativos, melhorar ganhos, reduzir custos. Tudo isso ajudaria a evitar tragédias.
Mas poucos políticos estão dispostos a conversar. Só lembram de nós quando são cobrados (e nós cobramos pouco) ou quando é época de eleição e precisam do nosso voto.
Por isso, é fundamental que, desde já — mesmo que a eleição seja só no ano que vem —, a gente comece a construir uma consciência política. Precisamos de representantes nas prefeituras, nas assembleias estaduais, no Congresso Nacional. Precisamos de pessoas que defendam o motorista de aplicativo e considerem todos os lados antes de criar leis.
O transporte por aplicativo é um tripé: empresa, passageiro e motorista. Se qualquer um falha, tudo desmorona. Se falta aplicativo, não tem passageiro. Se falta passageiro, não tem viagem. Se não tem motorista, também não há viagem.
Mas, infelizmente, muito se olha para o passageiro, muito se ouve as empresas, e pouco se escuta o motorista. Porque a cada eleição, o motorista não elege representantes. E mesmo os eleitos, a gente não cobra.
Vamos mudar isso? Vamos cobrar os deputados. Inclusive, vou deixar aqui o nome do deputado de São Paulo que propôs essa mudança no Código Penal. Mande uma mensagem para ele, cobre mudanças justas!
Peça para incluir também a criação de uma classificação específica de crimes contra motoristas, para sabermos quantos são, quais são e o que acontece. Assim, quem sabe, a visão muda.
Entendo a importância de exigir motoristas qualificados. Mas e os passageiros? Também precisamos de passageiros qualificados. Afinal, ninguém sai de casa querendo brincar de roleta russa, arriscando o pescoço e o patrimônio por alguns trocados.
As empresas ganham, os passageiros ganham, e o motorista? Leva fogo.
Concorda comigo ou acha que estou exagerando? Deixa nos comentários! Quero saber sua opinião. Vamos começar essa discussão aqui no vídeo e continuar nos comentários. Bora debater?
Uma resposta
E Fernando nos motoristas de aplicativo temos que faze para esta bagunça que a uber tá fazendo com nós Agente não tá ganhando pra fazer manutenção no carro. A gente precisa fazer mais ações pra mostra pra uber quem tem que ganha somos nós que abastecemos fazemos manutenção e temos que nos sustentar a nossas famílias.