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A corrida mínima deveria ser de R$ 10,00 no UberX, R$ 12,00 ou R$ 13,00 no Uber Comfort, e R$ 15,00 no Uber Black

Enquanto houver mais motoristas do que passageiros, as tarifas das corridas não irão aumentar. Hoje a gente trabalha até 16 horas por dia para manter o mesmo ganho de antes.

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Opinião
Textos assinados que refletem o ponto de vista do autor, não necessariamente da equipe do 55content.
Homem de pele clara, cabelo preto e óculos, usando camisa social branca, falando enquanto está sentado no banco da frente de um carro; o interior do veículo é marrom e a rua está visível pela janela.
Foto: Luís Hatada para 55content

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do 55content

Você acredita que as tarifas das corridas para motoristas de aplicativo vão aumentar?

Neste texto, vou explicar isso de forma detalhada, analítica e baseada em evidências — com fatos concretos, considerando o que está acontecendo hoje e o que ainda vai acontecer.

Então, fica comigo até o final deste vídeo, pois ele é muito importante para você que trabalha como motorista de aplicativo — e também se você é motoboy, pois essas mudanças também te afetam.

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Histórico das tarifas: o que mudou (ou não) desde o início

Vamos analisar o que aconteceu ao longo da história, desde a chegada da Uber — que foi a pioneira dos aplicativos de mobilidade no Brasil — até os dias atuais, especialmente em relação às tarifas e ganhos dos motoristas.

Para quem já está há bastante tempo na área, acompanhar essa linha do tempo será ainda mais fácil. A cada ano que passa, há greves, manifestações… mas nada muda em relação ao aumento das tarifas.

E por que isso acontece?
Se você ainda tem esperança de que as tarifas dos motoristas de aplicativo — ou mesmo dos motoboys — vão subir, sinto te informar: isso não vai acontecer.
Existe, sim, uma solução, e eu também vou falar sobre ela.

Mas primeiro, vamos entender por que as tarifas não aumentam.
Em resumo: elas nunca aumentaram de fato. O que houve ao longo dos anos foram apenas pequenos reajustes pontuais.

A Uber chegou ao Brasil em 2014. Já se passaram 11 anos. Vamos analisar essa trajetória por partes:

O começo: incentivos e ganhos fáceis

No início, quando a Uber começou a operar no Brasil, nem sequer havia regulamentação.
Muitos motoristas que começaram naquela época comentam que ganhavam muito dinheiro, mesmo trabalhando poucas horas. Por que isso acontecia?

Porque havia muito incentivo.
Quando um novo serviço entra no mercado — como foi o caso da Uber — ele precisa se estabelecer. Na época, só existia táxi (muito caro) e ônibus. O transporte por aplicativo era uma inovação.

A Uber queria expandir rapidamente, então oferecia vários incentivos e até brindes e prêmios.
Com o tempo, esses benefícios foram sendo reduzidos, até praticamente desaparecerem hoje.

Isso acontecia porque a empresa estava subsidiando o serviço — ou seja, injetando dinheiro para ganhar mercado. Assim, a Uber cresceu, surgiram concorrentes como a 99, a InDrive e outros aplicativos regionais.

Oferta e demanda: o que mudou no mercado

Não estou sendo pessimista, mas sim realista, com base em fatos e no que já aconteceu e ainda pode acontecer.

No início, havia poucos passageiros, mas ainda menos motoristas.
A demanda era muito maior que a oferta, então os motoristas disponíveis conseguiam muitas corridas.

Vamos usar uma analogia:
Hoje, por exemplo, um motorista de aplicativo full time faz, em média, 20 corridas por dia. Claro que alguns fazem mais, outros menos — tudo depende da estratégia de trabalho.

Mas no começo, a proporção era outra.
Vamos supor que, para cada motorista, existissem 50 passageiros — ou seja, eles não davam conta da demanda.
Por isso, a Uber investia tanto para atrair mais motoristas.

Hoje, a situação se inverteu: há muitos motoristas disponíveis e a quantidade de passageiros não cresceu na mesma proporção.
Mesmo com o aumento no número de usuários, ele não acompanha o ritmo de crescimento de novos motoristas.

Realidade atual: mais motoristas, menos corridas

Não tenho números exatos, mas vamos a uma lógica simples:
Se entram 1.000 motoristas novos no app, deveriam entrar 20.000 passageiros para manter a mesma proporção inicial (20 corridas por dia).
Mas isso não acontece. Entram, talvez, 10.000 passageiros — o que ainda assim representa menos oportunidade por motorista.

Consequência:

  • Motoristas passam mais tempo na rua esperando corridas.
  • No Uber Black, isso é ainda mais perceptível.
  • É comum um motorista ficar quase metade do dia parado.
  • Muitos já mantêm o Black e o Comfort ligados simultaneamente para garantir demanda.

Hoje, para manter o mesmo nível de ganhos de antigamente, é preciso trabalhar 14, 15, até 16 horas por dia, quando antes 8 horas bastavam. Isso não é nada saudável.

Por que as tarifas não vão subir?

Agora chegamos ao ponto central: por que a tarifa não vai aumentar?

Simples: porque quem define isso é o mercado, e não o aplicativo.

Existe a chamada lei da oferta e da demanda:

  • Se há muita oferta (muitos motoristas), o preço cai.
  • Se há pouca oferta e muita demanda, o preço sobe.

Isso vale para tudo: comércio, mercado financeiro, serviços — e não é diferente nos apps de mobilidade.

Por isso, não espere que os aplicativos aumentem as tarifas simplesmente por boa vontade.
Enquanto houver mais motoristas do que passageiros, o valor da corrida continuará pressionado para baixo.

Concorrência entre os apps: por que as tarifas não sobem?

Aqui em São Paulo, há três aplicativos de mobilidade que já estão bem consolidados: Uber, 99 e inDrive.
Se um deles aumenta demais as tarifas, os passageiros simplesmente migram para outro. Por isso, os aplicativos não aumentam os preços.

Não estou defendendo nenhuma empresa — nem A, nem B, nem C. O que estou trazendo é uma análise da realidade do mercado. Infelizmente, os valores não vão subir.

Uma possível solução: valor mínimo por corrida

Agora, o que poderia ser feito para melhorar, e aqui eu peço a ajuda dos profissionais da área jurídica, é algo muito importante que pode, ao menos, melhorar as condições de ganho dos motoristas.
Essa questão já está sendo discutida em projetos de lei.

Sendo bem sincero, eu não sei se o que vou propor é constitucional ou não, se pode ou não ser implementado.
Mas uma coisa é certa: no Brasil, existe salário mínimo — um valor fixo garantido independentemente da profissão.

Não estou falando de salário mínimo para engenheiro ou qualquer categoria específica. Estou falando do salário mínimo geral, que hoje, se não me engano, está em torno de R$ 1.500 e poucos reais.

Se os aplicativos são um segmento relativamente novo, deveriam seguir essa lógica e adotar uma espécie de valor mínimo por corrida.
Esse valor deveria ser baseado em estudos de custo e viabilidade para o trabalhador.

Proposta de valores mínimos por categoria

Na minha opinião, os valores mínimos deveriam ser os seguintes:

  • Corrida no UberX: no mínimo R$ 10,00
  • Corrida no Uber Comfort (intermediário): no mínimo R$ 12,00 ou R$ 13,00
  • Corrida no Uber Black: no mínimo R$ 15,00

Mesmo que a Uber desconte, por exemplo, 20% de taxa sobre R$ 15, isso daria R$ 3,00.
Se descontar 20% de uma corrida de R$ 12, seriam R$ 2,40 — ou seja, o motorista ainda ficaria com R$ 9,60.

Se a corrida mínima no UberX fosse de R$ 10, com o mesmo desconto de 20%, o motorista ganharia R$ 8,00 líquidos.
Não é o ideal, mas é muito melhor do que a situação atual, em que uma corrida do UberX, se não me engano, está saindo por R$ 5,60, R$ 6,00 ou R$ 6,10.

Falta de condições mínimas

Esses valores são muito baixos.
Não faz sentido pegar um passageiro — mesmo que ele vá andar apenas 100 ou 200 metros — por esse valor.

É necessário estabelecer uma tabela mínima, como já existe um piso salarial em outras profissões.
Não pode o aplicativo simplesmente cobrar o valor que quiser.

No mercado de trabalho, por exemplo, um empresário não pode pagar o que quiser para um funcionário.
Mesmo se houver um excesso de pessoas em determinada função, como auxiliar administrativo, isso não justifica baixar os salários.

Cada categoria profissional tem seu piso. Tudo bem que essas categorias são regulamentadas. Mas a profissão de motorista de aplicativo está em processo de regulamentação, certo?

Então, deveria haver também uma taxa mínima obrigatória nos aplicativos.

Corridas que não valem a pena

Na prática, não faz sentido pegar uma corrida de 6 km para receber R$ 8,00, R$ 9,00 ou R$ 10,00. E essas corridas existem, infelizmente.

Se não for possível estipular um valor mínimo por quilômetro, que ao menos seja estipulada uma taxa mínima por corrida.

Estou seguindo um raciocínio lógico: se existe salário mínimo para todas as categorias, deveria haver uma taxa mínima para motoristas de aplicativo também.

Impactos e visão empreendedora

Se isso não for feito, a situação tende apenas a piorar.
Com o tempo:

  • Os carros ficarão mais desgastados.
  • O atendimento aos passageiros cairá de qualidade.
  • A profissão será cada vez mais desvalorizada.

Quem tem visão empreendedora não vai ficar preso ao aplicativo. Vai usá-lo como renda extra, apenas enquanto constrói outras oportunidades.

É necessário parar e refletir sobre isso.

Considerações finais

Essa é a minha opinião. E a sua?
Deixe aí nos comentários — ela é muito importante, principalmente se você trabalha com aplicativo.

E o que eu disse também vale para os motoboys.
O desemprego no Brasil está alto, e o número de trabalhadores por aplicativo, tanto de carro quanto de moto, só aumenta.
A situação para quem trabalha com moto é a mesma.

Se essa proposta não for levada adiante, para mim, não haverá solução.
Só vai haver mais arrecadação por parte dos apps, e a tendência é piora constante.

Mas eu acredito que existe uma luz no fim do túnel — se houver pessoas sérias trabalhando por essa causa.
Nesse cenário, sim, pode haver melhorias reais para a nossa categoria.

Agora, um aumento significativo nas tarifas, sinceramente, acho muito difícil.
O que pode haver são reajustes pontuais, ou a implementação dessa proposta de taxa mínima que eu mencionei.

Foto de Luis Hatada
Luis Hatada

Luis Hatada, conhecido como "Uber do Japa", é motorista de aplicativo desde 2018 e, ao perceber as dificuldades dos colegas em gerenciar ganhos e despesas, criou um canal no YouTube em 2019. Nele, compartilha orientações sobre gestão financeira e desenvolvimento pessoal, defendendo que a profissão exige uma mentalidade empreendedora. Seu conteúdo aborda temas como administração financeira e autodesenvolvimento, com o objetivo de ajudar motoristas a melhorar a rentabilidade e superar desafios diários.

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