A 99 elevou de 20% para 25% o percentual que retém de cada viagem

99 assegura que o motorista não perde, mas também não ganha. Empresa sabe que o passageiro continua pagando mesmo quando a tarifa aumenta. 

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Opinião
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Foto: Cláudio Sena para 55content

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No começo de 2020, participei, junto com outros motoristas, de uma reunião na sede da Uber em São Paulo, a convite da própria empresa. Na ocasião, eles apresentaram algumas novidades e, em seguida, abriram espaço para perguntas dos motoristas presentes. A pergunta mais recorrente — e que provavelmente você também faria se estivesse lá — foi: por que a Uber não corrige a defasagem da tarifa?

A resposta da empresa foi que esse é um tema muito complexo, e que não adiantaria simplesmente aumentar o valor repassado ao motorista, pois esse reajuste teria que ser repassado ao usuário. E, com isso, poderia haver uma redução no número de viagens, já que, com preços mais altos, o passageiro poderia optar por outros modais de transporte.

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Agora, em 2025, a 99 contradiz completamente esse argumento da Uber ao anunciar um aumento na tarifa, inicialmente em São Paulo e em Vitória, no Espírito Santo, com o objetivo claro de aumentar seu próprio caixa. A empresa elevou de 20% para 25% o percentual que retém de cada viagem. E, no comunicado direcionado aos influenciadores e à imprensa, afirmou que esse aumento não impactará os motoristas — ou seja, eles não vão perder nada, mas também não vão ganhar nada.

E por que essa atitude da 99 invalida o argumento anterior da Uber? Porque, ao garantir que o motorista não terá redução na tarifa, mas também não receberá nenhum bônus adicional, a 99 deixa claro: “estamos aumentando a tarifa para reforçar nosso caixa, certo? Fica tranquilo, motorista, que naquela viagem de 100 reais, da qual você ficaria com 80, continuará recebendo os mesmos 80”. A diferença é que o passageiro, nessa mesma viagem, não pagará apenas 100 reais — ele pagará um pouco mais, e esse valor adicional vai direto para o caixa da empresa. Tudo certo? A 99 assegura que o motorista não perde, mas também não ganha. Ficou claro? A empresa aumentou a tarifa, mas não repassou nada disso ao motorista.

Ela sabe que é o passageiro quem paga o motorista — e que o passageiro continua pagando mesmo quando a tarifa aumenta. São poucos os que reclamam, porque hoje o transporte por aplicativos é o modal mais utilizado pelas pessoas nas cidades em que está presente.

Portanto, aquele argumento da Uber de que o passageiro reclama e pode voltar a usar ônibus, táxi ou outro meio de transporte por causa do aumento da tarifa… é pura conversa para boi dormir.

Que o diga a 99, que aumentou a tarifa em benefício próprio, tirando mais do bolso do passageiro.

Um forte abraço e até o próximo encontro.

Foto de Cláudio Sena
Cláudio Sena

Cláudio Sena iniciou sua trajetória como motorista de aplicativo em 2016, quando começou a trabalhar com a Uber.

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