No Dia dos Namorados, parte dos casais optou por jantar fora, enquanto outros preferiram comemorar em casa com comida entregue por aplicativo. Mesmo sendo uma quinta-feira, muitos escolheram celebrar em restaurantes, tornando o transporte por app uma alternativa prática para evitar problemas com estacionamento ou dirigir após o consumo de bebidas.
Mas será que trabalhar como motorista de aplicativo no dia 12 de junho foi vantajoso? E para os passageiros, o serviço atendeu às expectativas ou teve impacto no orçamento? Para responder a essas perguntas, o 55content ouviu motoristas e usuários sobre os efeitos da data comemorativa para quem dirigiu e para quem utilizou o serviço.
Como foi dirigir no Dia dos Namorados?
Em Curitiba (PR), o motorista Thiago Lima, da categoria Black da Uber, relatou um dia sem grandes variações na demanda. Mesmo se posicionando em áreas movimentadas, como regiões de bares e restaurantes, o número de corridas foi dentro da média: “Realizei apenas 19 corridas. Foi razoável, mas consegui a meta do dia”, disse.
Segundo Thiago, o trânsito estava intenso e o clima, frio e chuvoso, o que pode ter levado muitos casais a optarem pelo carro próprio, apesar dos estacionamentos cheios. “O aplicativo não ofereceu nenhum bônus ao motorista. Financeiramente, foi um dia comum”, completou.
Já em São Paulo (SP), Gabriel Pajé, conhecido nas redes como Uber da Tribo, aproveitou o aumento da demanda para obter ganhos maiores. “No total, fiz mais de R$ 900. Só com o aplicativo foram R$ 600. Também vendi perfumes no carro, o que ajudou no faturamento”, relatou. Ele trabalhou das 13h às 22h30 e afirmou que, financeiramente, o esforço valeu a pena.
Tarifas elevadas e planejamento dos passageiros
Enquanto motoristas buscaram maximizar os ganhos, alguns usuários enfrentaram tarifas mais altas. A estudante Julya Rios, que estagia na região dos Jardins, em São Paulo, combinou transporte público e aplicativo. No total, utilizou o app três vezes e gastou cerca de R$ 80: “Estava bem mais caro que o normal. Já fui a esse restaurante em outro dia comum e dessa vez o valor estava quase o triplo”, afirmou.
Bianca Ruiz também percebeu diferença nos preços, embora menor. Ela usou o app até a estação de trem para seguir até Caieiras (SP), onde mora seu namorado. “Paguei cerca de R$ 25 até a estação. Normalmente custa entre R$ 10 e R$ 15. Depois peguei mais duas corridas em Caieiras, mas não notei muita diferença de preço nem tempo de espera”, contou. Para ela, o serviço foi eficiente, mesmo com o aumento pontual nas tarifas.
Demanda sazonal e comportamento urbano
Datas comemorativas como o Dia dos Namorados revelam padrões de comportamento nos deslocamentos urbanos. Muitos evitam dirigir após consumir bebidas alcoólicas ou preferem a comodidade de não depender do transporte público. O uso de aplicativos cresce especialmente entre jovens e moradores de grandes centros.
Julya, por exemplo, destacou que, apesar do custo elevado, considera o aplicativo a melhor opção diante da falta de carro: “É a alternativa mais rápida e eficiente para quem não tem veículo próprio. Espero estar com meu carro na próxima data comemorativa, mas, se não, usarei o app novamente sem problemas”, disse.
As tarifas dinâmicas continuam sendo motivo de críticas, mas não afetam significativamente a adesão dos usuários. A busca por comodidade, agilidade e segurança segue como fator decisivo, especialmente em datas com alta demanda como o Dia dos Namorados.
Planejamento e estratégias dos apps regionais
Os gestores de plataformas regionais relataram aumentos expressivos no volume de corridas, atribuídos tanto à data comemorativa quanto ao crescimento orgânico das empresas. Com estratégias baseadas em mapeamento prévio da adesão dos motoristas, aplicativos como Te Levo Mobile e Moovecar conseguiram atender à alta demanda sem precisar recorrer a incentivos para os motoristas ou reajustes nos valores para passageiros.
“Acredito que foi em torno de 30 a 40% de aumento em relação aos outros dias. De 2 horas da tarde até umas 8 da noite, a gente notou que teve um pico bom aqui”, afirma Sérgio Brito, CEO da Te Levo Mobile. Segundo Sérgio, em comparação com o ano anterior, o desempenho foi melhor mesmo mantendo as corridas nos mesmos valores e sem oferecer incentivos aos motoristas parceiros.
O CEO conta que foi realizada uma enquete no grupo dos motoristas para saber quem pretendia trabalhar no Dia dos Namorados: “com essa enquete já ficou claro pra gente que não seria necessário oferecer algum benefício para motivar mais gente, já que mapeamos um bom número de motoristas dispostos a ficar online”, pontua.
De acordo com ele, caso o resultado da enquete tivesse apontado baixa adesão, a equipe teria considerado oferecer algum tipo de incentivo. No entanto, diante da boa mobilização espontânea, não foi preciso adotar nenhuma ação extra.
“Em relação à mesma data do ano passado, mesmo tendo caído no meio da semana, houve um aumento, também impulsionado pelo crescimento da empresa. Com o aumento no cadastro de passageiros, registramos um crescimento de aproximadamente 60% no volume de corridas”, afirma Renan Rodrigo, franqueado da Moovecar, app regional de mobilidade.
De acordo com Renan, o desconto especial para o Dia dos Namorados foi direcionado apenas aos passageiros, mas que o número de motoristas ativos estava dentro da normalidade.