Pesquisa aponta que a renda de motoristas e entregadores de apps cresceu 5% em um ano.
A renda bruta dos trabalhadores que atuam com aplicativos de transporte e entrega registrou um crescimento real de 5% entre 2022 e 2024, de acordo com a segunda edição da pesquisa Mobilidade Urbana e Logística de Entregas: um panorama sobre o trabalho de motoristas e entregadores com aplicativos, elaborada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). O levantamento foi encomendado pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) e apresentado nesta terça-feira (10/12) durante audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a pesquisa, entre maio de 2023 e abril de 2024, os motoristas de aplicativo realizaram, em média, 85 horas mensais em viagens, com uma renda bruta média de R$ 47 por hora. No mesmo período, os entregadores trabalharam cerca de 39 horas por mês, com ganho médio de R$ 31,33 por hora. Os resultados representam um crescimento real de 5% em relação à primeira edição da pesquisa, que coletou dados entre 2021 e 2022.
Crescimento na quantidade de trabalhadores
A pesquisa revelou que atualmente 2,2 milhões de trabalhadores atuam com plataformas digitais no Brasil, um aumento de 27% em comparação a 2022. Desse total, 1.721.614 são motoristas, um crescimento de 35%, enquanto 455.621 são entregadores, apresentando um aumento de 18%.
A pesquisa também identificou que 42% dos motoristas possuem outra ocupação além do trabalho com aplicativos. Entre os entregadores, esse percentual é de 46%. Em relação à permanência na atividade, 61% dos motoristas e 75% dos entregadores afirmam ter a intenção de continuar atuando com as plataformas.
Perfil dos trabalhadores
O estudo aponta que a maioria dos motoristas e entregadores é formada por homens: 98% no caso dos entregadores e 94% entre os motoristas. A idade média é de 34 anos para entregadores e 41 anos para motoristas. Em relação à escolaridade, 66% dos motoristas e 63% dos entregadores possuem ensino médio completo. A pesquisa também destaca que 66% dos entregadores e 64% dos motoristas se identificam como pretos ou pardos.
Contribuição previdenciária
Outro ponto abordado pela pesquisa é a contribuição previdenciária dos trabalhadores. Segundo os dados apresentados, 40% dos motoristas e 38% dos entregadores não contribuem para o INSS nem possuem previdência privada. Por outro lado, 27% de ambos os grupos estão inscritos como Microempreendedores Individuais (MEI), enquanto outros 21% dos motoristas e 27% dos entregadores possuem cobertura previdenciária por emprego formal em outra atividade.
O diretor-executivo da Amobitec, André Porto, destacou a importância de regulamentação do trabalho intermediado por plataformas para garantir benefícios previdenciários, como auxílio-doença e aposentadoria. Segundo ele, “os dados mostram a urgência em se avançar uma regulamentação do trabalho por aplicativos, respeitando-se as características de autonomia e flexibilidade do modelo de negócio”.
Metodologia
A pesquisa do Cebrap utiliza dados administrativos de viagens e entregas intermediadas por plataformas como 99, iFood, Uber e Zé Delivery, todas associadas à Amobitec. Além disso, foram realizadas 3.000 entrevistas com motoristas e entregadores entre agosto e novembro de 2024. A margem de erro é de 2,5%, com intervalo de confiança de 95%. O relatório completo será divulgado em 2025.