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Estudo afirma que motoristas trabalham em média 25,5 horas por semana, com 30% de ociosidade, o que reduz o ganho real a R$ 19/h — três vezes o salário mínimo

Estudo estima que reconhecimento de vínculo elevaria preço das corridas em 33% e das entregas em 26%, reduzindo a demanda e eliminando 1,27 milhão de vagas.

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Notícia
Informações objetivas sobre fatos relevantes para o mercado de mobilidade, com apuração direta da redação.
Claudia Viegas, representante da Ecoa Consultoria Econômica, participa por videoconferência de audiência pública da Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados sobre os impactos da regulamentação dos aplicativos de transporte. Ela usa óculos de armação transparente e tem cabelos castanhos ondulados soltos, com o logotipo da Ecoa ao fundo.
Claudia Viegas Foto: Reprodução/YouTube

A economista Cláudia Viegas, sócia da Ecoa Consultoria Econômica e doutora pela FEA/USP, apresentou na última quarta-feira (8), durante audiência pública da Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados, um estudo encomendado pela Amobitec que mede o impacto econômico de uma eventual mudança no enquadramento jurídico de motoristas e entregadores de aplicativo.

Segundo a pesquisadora, o objetivo da análise foi aferir o custo-benefício de diferentes cenários de regulação, considerando efeitos sobre plataformas, trabalhadores e consumidores.

“O intuito é entender o impacto das medidas propostas e garantir que a política pública atinja seu alvo. É preciso avaliar custo e benefício antes de alterar as regras do setor”, explicou.

Setor movimenta milhões e tem perfis variados de trabalhadores

De acordo com os dados apresentados, o número de motoristas parceiros nas plataformas seria suficiente para lotar 22 estádios do Maracanã. O tempo médio de atividade semanal é de 25,5 horas, com cerca de 30% de ociosidade, o que reduz o rendimento real para R$ 19 por hora trabalhada — valor que, segundo Cláudia, é três vezes superior ao salário mínimo por hora.

Entre os motoristas pesquisados, 31% estavam em situação de desemprego ou desalento antes de ingressar nas plataformas, enquanto 57% já tinham empregos formais (CLT) e 42% exerciam outras atividades.

A flexibilidade é vista como principal vantagem por 30% dos trabalhadores, e 18% afirmaram que aceitariam trocar o aplicativo por um emprego tradicional apenas com aumento de 40% na renda.

“O trabalho por aplicativo é, para muitos, uma alternativa à informalidade. Para outros, uma renda complementar que permite conciliar tempo e autonomia”, observou.

Rendimento médio dos entregadores é de R$ 17 por hora

Entre os entregadores, o estudo indica uma massa de trabalhadores equivalente a seis Maracanãs lotados e um rendimento médio de R$ 17 por hora, cerca de 2,7 vezes acima do salário mínimo por hora.

Nessa categoria, metade dos entrevistados só deixaria o aplicativo por um trabalho fixo se houvesse aumento de 50% na remuneração atual.

Simulação mostra efeitos econômicos de reconhecer vínculo empregatício

O estudo da Ecoa simulou o reconhecimento de vínculo e o consequente reenquadramento tributário das plataformas, usando metodologia de matriz insumo-produto para medir o impacto macroeconômico da medida.

Os resultados indicam que o aumento de custos elevaria o preço médio das corridas em 33,6% e das entregas em 26,1%, reduzindo a demanda por motoristas e entregadores em até 1,27 milhão de pessoas — sendo 897 mil motoristas e 373 mil entregadores.

“O aumento de preço gera retração de demanda. Isso reduziria a massa de renda dos trabalhadores em R$ 26,2 bilhões — sendo R$ 23,1 bilhões para motoristas e R$ 3,1 bilhões para entregadores”, apontou Cláudia.

Estudo projeta queda de R$ 45,9 bilhões no PIB e perda de 700 mil empregos indiretos

A diminuição da massa de renda teria efeitos em cadeia sobre a economia. De acordo com Cláudia, o Produto Interno Bruto (PIB) sofreria uma queda de R$ 45,9 bilhões em um ano, com perda de 715 mil postos de trabalho diretos e indiretos, além de redução de R$ 2,7 bilhões na arrecadação de tributos como PIS/Cofins, ICMS, IPI e ISS.

“Esses impactos mostram que qualquer regulação precisa considerar o equilíbrio entre proteção e sustentabilidade econômica. A decisão deve ser técnica e baseada em evidências”, ressaltou.

Regulação precisa equilibrar proteção e viabilidade

Ao concluir, Cláudia reforçou que o objetivo do estudo não é defender empresas nem desqualificar a regulação, mas trazer dados concretos para que o debate público seja baseado em evidências econômicas.

“Nosso papel é fornecer subsídios técnicos para políticas públicas eficazes. O desafio é construir um modelo que proteja o trabalhador, sem inviabilizar a operação das plataformas nem o acesso dos consumidores”, concluiu.

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Redação 55content

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