“Corrida boa é aquela que compensa para quem dirige e cabe no bolso de quem usa.” Essa é a lógica por trás da Cevi, app brasileiro que tem se destacado no interior paulista com uma operação enxuta, realista e voltada para resultados. Em entrevista ao 55content Premium, o CEO Luciano Reis foi direto: “Se o motorista precisa ficar escolhendo corrida, algo está errado.” Com repasses que podem chegar a apenas 10% para os mais engajados, foco no valor por minuto em vez de quilometragem, e uma abordagem transparente sobre os custos reais da profissão, a Cevi aposta no equilíbrio entre preço justo, sustentabilidade financeira e reconhecimento ao motorista como chave para crescer sem perder a essência.
Uma ideia que começou na boleia
Luciano Reis, hoje CEO da Cevi, não imaginava que um problema logístico simples mudaria os rumos de sua vida profissional. Formado em contabilidade e então funcionário de uma empresa que precisava deslocar colaboradores até São Paulo, ele se viu sem opções de transporte na pequena Tietê (SP), cidade com cerca de 45 mil habitantes.
“Não consegui chamar táxi, não tinha transporte nenhum. Peguei o carro da empresa e levei os funcionários eu mesmo até a rodoviária”, relembra. Na volta, com a cabeça fervilhando, decidiu: deixaria o emprego e abriria uma empresa de transporte corporativo. Assim nasceu a Central de Viagens — embrião do que viria a ser a Cevi.
Do WhatsApp à plataforma digital
Entre 2017 e 2019, o atendimento era exclusivamente corporativo e feito por meios informais como WhatsApp e e-mail. O modelo era simples, mas funcionava. “Eu ligava para o motorista e dizia: ‘Passa lá para pegar’. Era tudo manual, mas com muito controle”, conta Luciano.
Com o tempo, os próprios funcionários começaram a demandar corridas individuais. Foi então que a empresa passou a testar uma plataforma — inicialmente a Taxi Machine — que ajudou a dar os primeiros passos no digital. A operação ainda era pequena, mas já apontava para um novo horizonte.
Lançamento no ritmo do Carnaval
A virada definitiva ocorreu durante o tradicional Carnaval de Cerquilho, quando a Cevi estreou sua plataforma com 25 motoristas em operação nas duas cidades. Com divulgação eficiente e foco regional, a adesão foi imediata.
Apesar do salto tecnológico, o foco corporativo nunca foi abandonado. “As empresas continuaram sendo nossa base. Eu já atendia umas dez, o que me garantia uma quantidade inicial de corridas para oferecer aos motoristas”, afirma.
A resistência do público ao digital puro
Se o aplicativo facilitava a operação, o comportamento do público impunha outro desafio: muitos ainda preferiam o contato humano. “Quis abolir o WhatsApp, mas não deu certo. O cliente queria o app, mas queria também o canal direto”, reconhece Luciano.
Dessa percepção nasceu, em 2019, a primeira central de atendimento da Cevi, operada em um quarto de 3×3 metros com apenas três pessoas: ele, sua esposa e um funcionário revezando.
O CEO que fazia de tudo
Nesse período, Luciano era motorista, atendimento, SAC, comercial e financeiro — tudo ao mesmo tempo. Ele brinca: “Usava três e-mails diferentes para conversar comigo mesmo e copiar a empresa nas conversas.” A operação era rudimentar, mas eficiente.
Aos poucos, veio a necessidade de delegar. “Em 2021, comecei a repassar funções. Foi um divisor de águas. Muitas vezes temos receio de delegar por medo de não fazerem como a gente. Mas a verdade é que podem fazer melhor.”
Gestão regional e a necessidade de estrutura
Luciano observa que muitos gestores de aplicativos regionais enfrentam dificuldades por não profissionalizarem sua operação. Cita o caso de um colega do Paraná: “Depois de seis anos de empresa, ele ainda não tinha jurídico. Isso é muito grave.”
Na Cevi, por outro lado, o termo de uso é atualizado constantemente. “Todo dia surge uma situação nova. Um cliente quis transportar um cabrito. Tivemos que incluir no termo: ‘Pode, desde que acondicionado’.”
Ouvir o cliente é essencial
Segundo o CEO, o segredo está em entender a realidade local. “Se você chega numa cidade onde o público é majoritariamente idoso e diz ‘usa o app que é fácil’, vai dar errado. Eles não vão aprender. Vamos desperdiçar energia.”
Para Luciano, atender de forma personalizada — seja via app, seja por telefone — é o que garante a fidelização. “Tenho esses dois públicos. Isso é o mais legal.”
O aplicativo é só um canal — não o negócio
Luciano Reis, CEO da Cevi, é enfático: “O aplicativo é apenas um canal. O negócio é muito maior.” Essa visão, compartilhada por outros gestores do setor, foi essencial para que a Cevi criasse uma estrutura de atendimento multicanal que hoje é um de seus principais diferenciais competitivos.
Entre os canais adotados, um chama a atenção: o “orelhão digital”. Sim, você leu certo. Em algumas cidades, a Cevi instalou telefones públicos que, ao serem tirados do gancho, conectam diretamente com a central de atendimento. “O sistema identifica de onde a ligação está sendo feita, então o risco de trote é mínimo. E, como o cliente já está cadastrado, conseguimos fazer todo o atendimento com base nesse cadastro”, explica Luciano.
O impacto? Em apenas um desses pontos, instalado em frente a um supermercado, foram registrados 600 acionamentos. “Essas chamadas talvez nem existissem se dependessem apenas de um smartphone”, destaca.
Linha nacional, identidade local
Para evitar confusão com diferentes DDDs das cidades em que atua — como 19, 14, 15 e 44 —, a Cevi adotou uma linha 4003. Isso facilita a ligação de qualquer lugar sem necessidade de código de área e sem levantar suspeitas de spam. “Hoje, quando toca um número com DDD diferente, muita gente nem atende. Por isso, é preciso estar sempre um passo à frente.”
A preocupação vai além da tecnologia. A Cevi aposta na compreensão da cultura local, com gestores em cada cidade para entender hábitos e adaptar estratégias. “O aplicativo é o resultado final. A pergunta-chave é: como esse cliente vai me chamar? Ele vai se sentir seguro ao ver esse número?”
Engajamento do motorista é prioridade
Além de atrair passageiros, a Cevi desenvolveu um modelo próprio de incentivo para manter motoristas logados e atendendo com qualidade. A lógica é simples: quanto melhor a performance, menor o repasse cobrado. “Começamos com 20%, mas temos motoristas que chegam a operar com apenas 10% de repasse”, conta Luciano.
Esse cálculo é feito semanalmente, com base em indicadores extraídos da plataforma ORBI, como número de corridas, índice de recusas, atuação em horários críticos (como madrugada e fins de semana) e até o uso da identidade visual da marca.
“Temos cidades com taxa de rejeição entre 4% e 5%. Esses dados nos inspiram a replicar o modelo em outras regiões”, afirma. E quando o assunto é expansão, a Cevi combina incentivos ao motorista com descontos ao passageiro, criando uma entrada competitiva em novos mercados.
Preço como estratégia de entrada
A Cevi não se ilude ao entrar em uma nova cidade. “O cliente não vai se importar com a marca. Ele vai perguntar: ‘O que é Cevi?’ — e ainda vai pronunciar errado, como ‘Serve’”, brinca Luciano. Por isso, a estratégia inicial é sempre o preço: oferecer valores mais baixos que a concorrência.
Ele reforça que nas regiões em que a Cevi já é consolidada, o nome se tornou sinônimo de transporte. “Tem cidade onde ninguém mais usa Uber — eles usam Cevi. Até quando o motorista é de outra plataforma, o passageiro diz: ‘Peguei um Cevi’.”
Mas essa presença não se transfere automaticamente. “Tem cidade vizinha, a 40 quilômetros, onde ainda ninguém conhece a Cevi. Nunca atuamos lá, nunca comunicamos. A marca ainda está limitada à nossa bolha.”
Crescimento exige tempo e estudo do concorrente
Para conquistar novos mercados, Luciano estima um período médio de seis meses até que a cultura da Cevi seja absorvida por passageiros e motoristas. O segredo está em observar as falhas dos concorrentes — especialmente nos tempos de espera. “Hoje, o cliente quer o carro na porta em quatro a cinco minutos. Passou de oito, já perdeu.”
Nesse processo, ações promocionais fazem a diferença. Parcerias com supermercados, por exemplo, já renderam milhares de corridas em períodos curtos. “É aí que a gente entra: oferecendo o preço certo, com um atendimento próximo e um motorista bem remunerado.”
E ele conclui com um lembrete direto: “No fim do mês, o boleto chega. O motorista precisa ter resultado. Sempre.”
Mais que corridas: o motorista quer reconhecimento
Para Luciano Reis, CEO da Cevi, a relação com os motoristas vai além de números e tarifas. “O motorista gosta de corrida, claro. Mas ele também quer atenção, quer ser ouvido. Ele precisa sentir que é valorizado”, explica.
Ao entrar em novas cidades — especialmente onde já operam plataformas como a Uber —, a Cevi aposta numa abordagem direta e empática. “Você precisa mostrar que ele terá suporte, que suas dores serão acolhidas. A partir disso, ele topa instalar o seu aplicativo. Mas instalar não é rodar — ainda falta a demanda.”
A empresa atua, então, em múltiplas frentes: primeiro, incentiva o motorista a permanecer online. Depois, investe na conquista do passageiro. Quando o condutor percebe que as corridas começam a render mais — R$ 9 ou R$ 10 em vez dos R$ 6,68 usuais — ele mesmo passa a divulgar o app entre os passageiros.
Quebrando a romantização do app
Luciano reforça que é necessário tirar o romantismo que cerca a ideia de “ganhos altos” nos apps. “O cara diz que fez R$ 400 num dia. Mas gastou R$ 200 de combustível, rodou 16 horas, e no fim levou R$ 100 líquidos. Isso dá R$ 3.000 no mês. Será que vale a pena, com tanto desgaste?”
Na Cevi, a proposta é simples: oferecer boas corridas desde a tela inicial. “Se o motorista precisa ficar escolhendo corrida, algo está errado. Ele tem que confiar que, ao aceitar, será vantajoso.”
Mas esse equilíbrio exige um modelo de negócios realista. “Não dá para operar com preços de multinacional. Já vimos muitos concorrentes oferecendo corridas mais baratas que Uber, com promessas vazias… e quebraram.”
Sustentabilidade financeira é prioridade
Luciano é claro: “Não estamos aqui para fazer filantropia. Temos que pagar contas, Google, cartão de crédito… Se você não for realista, em quatro meses fecha as portas.” A Cevi, que já conta com contrato direto com o Google Ads graças à alta demanda, nasceu no “fundo de quintal” e aprendeu a crescer com pé no chão.
A chave está em estipular um período inicial de preços promocionais — mas com plano de equilíbrio a médio prazo. “Motorista precisa ganhar bem, o cliente precisa entender isso, e a empresa precisa sobreviver.”
Equilíbrio: corrida boa para quem dirige, preço justo para quem usa
Manter esse equilíbrio entre passageiro e motorista é desafiador. Corrida cara espanta o cliente. Corrida barata afasta o condutor. Por isso, a Cevi investe no diálogo constante com ambos os lados. “Em cidades pequenas é mais fácil. Mas em centros maiores, como capitais, recomendamos focar por bairros.”
Luciano sugere estratégias simples e eficazes: parcerias com mercados, padarias e oficinas locais. “Trabalhe intensamente em um bairro. Talvez assim você consiga um resultado mais consistente.”
A Cevi, inclusive, optou por não operar em cidades grandes. “A concorrência é desleal. Somos negócios regionais, muitos ainda começando literalmente na edícula de casa. E está tudo bem. Mas é preciso foco.”
Parcerias com o comércio local: mais do que corridas
Além do passageiro final, a Cevi atende estabelecimentos comerciais por meio de corridas contratadas. Quem paga é o cliente da empresa — como supermercados, farmácias, floriculturas, depósitos de material de construção. “Se couber no porta-malas e o negócio quiser contratar, a gente fecha.”
Luciano destaca o caso das floriculturas como os mais especiais. “Sempre tem uma história boa. É o namorado mandando flores, uma surpresa… Gosto muito desse nicho.”
Mas, para atender empresas, é preciso planejamento. “A maioria paga por faturamento mensal. Enquanto isso, o motorista quer receber na hora. Então você precisa ter capital de giro. Com apenas dez empresas, meu capital de giro em 2020 já era de R$ 50 mil.”
Outro detalhe importante é a formalização. “Se você não for MEI, precisa emitir nota fiscal, e aí os tributos pesam. É preciso colocar tudo na ponta do lápis.”
Mais que corridas: o motorista quer reconhecimento
Para Luciano Reis, CEO da Cevi, a relação com os motoristas vai além de números e tarifas. “O motorista gosta de corrida, claro. Mas ele também quer atenção, quer ser ouvido. Ele precisa sentir que é valorizado”, explica.
Ao entrar em novas cidades — especialmente onde já operam plataformas como a Uber —, a Cevi aposta numa abordagem direta e empática. “Você precisa mostrar que ele terá suporte, que suas dores serão acolhidas. A partir disso, ele topa instalar o seu aplicativo. Mas instalar não é rodar — ainda falta a demanda.”
A empresa atua, então, em múltiplas frentes: primeiro, incentiva o motorista a permanecer online. Depois, investe na conquista do passageiro. Quando o condutor percebe que as corridas começam a render mais — R$ 9 ou R$ 10 em vez dos R$ 6,68 usuais — ele mesmo passa a divulgar o app entre os passageiros.
Quebrando a romantização do app
Luciano reforça que é necessário tirar o romantismo que cerca a ideia de “ganhos altos” nos apps. “O cara diz que fez R$ 400 num dia. Mas gastou R$ 200 de combustível, rodou 16 horas, e no fim levou R$ 100 líquidos. Isso dá R$ 3.000 no mês. Será que vale a pena, com tanto desgaste?”
Na Cevi, a proposta é simples: oferecer boas corridas desde a tela inicial. “Se o motorista precisa ficar escolhendo corrida, algo está errado. Ele tem que confiar que, ao aceitar, será vantajoso.”
Mas esse equilíbrio exige um modelo de negócios realista. “Não dá para operar com preços de multinacional. Já vimos muitos concorrentes oferecendo corridas mais baratas que Uber, com promessas vazias… e quebraram.”
Sustentabilidade financeira é prioridade
Luciano é claro: “Não estamos aqui para fazer filantropia. Temos que pagar contas, Google, cartão de crédito… Se você não for realista, em quatro meses fecha as portas.” A Cevi, que já conta com contrato direto com o Google Ads graças à alta demanda, nasceu no “fundo de quintal” e aprendeu a crescer com pé no chão.
A chave está em estipular um período inicial de preços promocionais — mas com plano de equilíbrio a médio prazo. “Motorista precisa ganhar bem, o cliente precisa entender isso, e a empresa precisa sobreviver.”
Equilíbrio: corrida boa para quem dirige, preço justo para quem usa
Manter esse equilíbrio entre passageiro e motorista é desafiador. Corrida cara espanta o cliente. Corrida barata afasta o condutor. Por isso, a Cevi investe no diálogo constante com ambos os lados. “Em cidades pequenas é mais fácil. Mas em centros maiores, como capitais, recomendamos focar por bairros.”
Luciano sugere estratégias simples e eficazes: parcerias com mercados, padarias e oficinas locais. “Trabalhe intensamente em um bairro. Talvez assim você consiga um resultado mais consistente.”
A Cevi, inclusive, optou por não operar em cidades grandes. “A concorrência é desleal. Somos negócios regionais, muitos ainda começando literalmente na edícula de casa. E está tudo bem. Mas é preciso foco.”
Parcerias com o comércio local: mais do que corridas
Além do passageiro final, a Cevi atende estabelecimentos comerciais por meio de corridas contratadas. Quem paga é o cliente da empresa — como supermercados, farmácias, floriculturas, depósitos de material de construção. “Se couber no porta-malas e o negócio quiser contratar, a gente fecha.”
Luciano destaca o caso das floriculturas como os mais especiais. “Sempre tem uma história boa. É o namorado mandando flores, uma surpresa… Gosto muito desse nicho.”
Mas, para atender empresas, é preciso planejamento. “A maioria paga por faturamento mensal. Enquanto isso, o motorista quer receber na hora. Então você precisa ter capital de giro. Com apenas dez empresas, meu capital de giro em 2020 já era de R$ 50 mil.”
Outro detalhe importante é a formalização. “Se você não for MEI, precisa emitir nota fiscal, e aí os tributos pesam. É preciso colocar tudo na ponta do lápis.”
Estratégia para tempos incertos
Em um cenário instável para plataformas digitais no Brasil, a Cevi decidiu não depender exclusivamente do transporte de passageiros. “Vivemos num país onde, com uma simples canetada, tudo pode mudar. Por isso, criamos alternativas para manter a operação viva mesmo em momentos de crise”, revela Luciano Reis, CEO da Cevi.
Uma dessas alternativas foi a entrada no setor de entregas. Hoje, a empresa opera com veículos como tuk-tuks elétricos para atender supermercados locais. “Esses triciclos substituíram a tradicional kombi de entregas. Agora, é o tuk-tuk da Cevi que leva as compras até a casa do cliente — tudo integrado à plataforma”, explica.
Entrega que gera mais resultado
Quando o tuk-tuk não está disponível, a Cevi redireciona motoristas de carros sedã para realizar entregas. E o valor pago é maior. “É justo. O motorista precisa buscar, entrar em contato, entregar. Ele merece ganhar mais”, afirma Luciano.
A lógica é clara: o motorista está na plataforma para ter resultado financeiro. “Vi um vídeo de um motorista da Uber sendo criticado por não querer parar numa farmácia durante uma corrida. Mas ele estava no horário de pico, priorizando a demanda. E aí eu pergunto: ele precisa ter empatia… ou visão de negócio? O coração não paga boleto.”
Incentivo com base na constância e no mérito
Na Cevi, o modelo de repasse varia entre 10% e 20%, conforme o comprometimento do motorista. “Quem roda todos os dias paga menos. Quem aparece só de vez em quando, paga mais. É uma forma justa de reconhecer quem está junto com a gente”, destaca Luciano.
Além disso, há campanhas e bonificações: bônus por corridas em fins de semana, cashback para passageiros e sorteios locais. “Na comemoração de aniversário de uma cidade, compramos ingressos para os shows e sorteamos para usuários. Basta fazer uma corrida e o número da OS já vira cupom.”
Em Campo Mourão (PR), uma parceria com o cinema local e uma rádio originou o projeto Domingo no Cinema, com transporte gratuito para quem ganha ingressos. “É uma forma de proporcionar experiências, criar conexão com a marca e fidelizar o passageiro.”
Corrida mínima, sem sacrifício do motorista
A Cevi adapta o valor mínimo da corrida ao perfil de cada cidade, variando entre R$ 9,50 e R$ 12. Em alguns casos — como corridas “no fluxo”, em que o carro já está passando na rua — o valor pode ser de R$ 8, mas com incentivos extras, já que não há deslocamento até o cliente.
Segundo Luciano, o modelo também considera o tempo da corrida, mais do que os quilômetros rodados. “Estamos cercados de rodovias. O tempo parado em trânsito impacta mais. Por isso, o valor por minuto, que gira entre R$ 0,45 e R$ 0,50, é mais representativo que o R$ 1,80 a R$ 2,20 por quilômetro.”
Preço justo para longas distâncias — e para evitar o “por fora”
Um dos maiores desafios da precificação está nas corridas intermunicipais. Com pedágios e distâncias longas, a Cevi inclui os custos no valor total — e cobra a ida e a volta. “Não é o motorista que quer ir para Piracicaba, é o cliente. Então o valor precisa refletir isso.”
Luciano compara: “Uma corrida da Cevi para Piracicaba pode custar R$ 250. Na Uber, vi cotação de R$ 120. Mas, só de custo, são R$ 79. O motorista teria apenas R$ 41 de lucro, e ainda voltaria vazio.”
Essa disparidade, segundo ele, leva motoristas de outras plataformas a aceitarem corridas “por fora”, negociando valores diretos com o cliente para compensar a diferença. “Por isso, na Cevi, já deixamos os preços pré-estabelecidos, garantindo que o motorista seja valorizado, e o cliente, bem atendido — sem surpresas ou negociações paralelas.”
Renda real para quem entrega resultado
Embora os ganhos dos motoristas da Cevi variem conforme o desempenho individual, Luciano Reis garante: há quem fature entre R$ 10 mil e R$ 12 mil por mês. “Tirando os custos, sobra uma margem excelente. E quanto mais o motorista roda, menor é a taxa de repasse. A margem aumenta e o retorno compensa”, explica o CEO.
A valorização vem não apenas nos números, mas também nas práticas. Motoristas mais comprometidos são beneficiados com melhores taxas e campanhas de incentivo. “Na ponta do lápis, esse profissional ganha mais do que ganharia em muitas empresas da nossa região.”
Interior paulista como base de operação
Hoje, a Cevi opera em 16 cidades — 15 no interior de São Paulo e uma no Paraná, em Campo Mourão. Regiões próximas a Bauru e Sorocaba têm ganhado destaque, superando até mesmo Tietê, berço da empresa. “Estamos agora em processo de expansão para o nordeste paulista, priorizando regiões estratégicas”, afirma Luciano.
Mas a escolha de uma nova cidade passa por critérios rígidos. “O principal é a regulamentação. Sem isso, o transporte particular informal desestrutura qualquer tentativa de crescimento. É o maior inimigo de quem trabalha de forma séria.”
Outro ponto decisivo é o porte: a Cevi evita grandes centros urbanos. “Cidades com até 130 mil habitantes nos permitem crescer com controle. Em uma cidade com 27 mil moradores, por exemplo, fazemos até mil corridas por dia.”
O que é necessário para expandir com eficiência
A Cevi finaliza cerca de 190 mil corridas por mês — um volume robusto, que se sustenta com base em processos sólidos. Para 2025, a meta é iniciar operações em mais oito cidades e avançar no Paraná.
“O que nos diferencia das plataformas que estão começando agora é a estrutura. Mas isso não quer dizer que elas não chegarão lá. Todo mundo começa pequeno. Eu mesmo comecei em uma edícula”, lembra Luciano.
Hoje, a empresa conta com 45 funcionários na central e gestores locais. Mas o crescimento foi progressivo. “A terceira cidade só nasceu porque as duas primeiras bancaram. A quarta veio com ajuda das três anteriores. Assim por diante.”
Investimento e inteligência territorial
Para quem deseja abrir uma filial, Luciano é claro: “Coloque no papel R$ 60 mil a R$ 70 mil para uma cidade de 50 mil habitantes. Menos que isso é arriscado.”
E reforça: “Se não tiver esse valor, foque na sua cidade. Estruture bem a base antes de pensar em expansão. A melhor estratégia é crescer quando sua operação já está firme. Não tente fazer milagre com panfleto e R$ 5 mil.”
Ele alerta para o perigo de crescer sem presença real. “Mais vale estar forte em uma cidade do que ser a quinta opção em vinte.”
Uma visão voltada à qualidade — e à comunidade
Luciano finaliza com um recado direto: “Quem está começando hoje é herói. A gente vive no meio do fogo cruzado: cliente de um lado, motorista do outro. E a gente ali, tomando pancada de todo mundo. Ainda assim, transformamos tudo isso em resultado.”
Um dos projetos mais curiosos da empresa é a Rádio Cevi, criada para oferecer aos passageiros um ambiente mais agradável durante as corridas. “Nem sempre o som no carro combina com o momento do cliente. Pensando nisso, criamos nossa rádio — que já está no ar pelo site da Cevi.”
Mais do que inovação técnica, a proposta é fortalecer vínculos. “O motorista precisa de incentivo. O cliente, de qualidade. Se a gente não entregar isso, o vizinho entrega. Por isso, trabalhamos com foco em qualidade — porque a quantidade é consequência.”
E conclui com convicção: “Nunca quis ser o maior. Quis ser o melhor. E com qualidade, o crescimento acontece. Sempre.”