Deputado diz que lucro de US$ 1,43 bi da Uber em 2023 contrasta com realidade de motoristas ganhando pouco mais de R$ 2 mil por mês.
Na última terça-feira (9), durante o debate na Câmara dos Deputados para discutir o PLP 12/2024 que regulamenta o trabalho dos motoristas de aplicativo, o deputado federal Túlio Gadêlha (REDE/PE), ressaltou sua preocupação com a “tentativa de romantizar” um debate que considera extremamente necessário e técnico:
“É importante que a gente compreenda que de um lado tem empresas que estão defendendo o interesse dessa empresa, que é o interesse pelo lucro, e do outro lado tem trabalhadores que estão representados por parlamentares”, declarou Gadelha, enfatizando a dicotomia entre os interesses empresariais e os dos trabalhadores.
Gadelha criticou certos parlamentares por não defenderem os interesses da população, acusando-os de “hackearem o sistema” para favorecer corporações em detrimento dos cidadãos. Ele também trouxe à tona dados financeiros impactantes, como a avaliação da iFood em 5,4 bilhões de dólares em 2022 e o lucro de 1,43 bilhão de dólares da Uber em 2023, contrastando esses números com a realidade dos trabalhadores desses serviços, que, após descontados custos operacionais, ganham, em média, pouco mais de 2 mil reais.
O deputado criticou ainda a postura de diretores de empresas como a Uber, citando especificamente o discurso do diretor Ricardo, da Uber, mas questionando a sinceridade de declarações sobre o desejo de aumentar os ganhos dos motoristas. Gadelha argumentou que, além de garantir uma remuneração digna aos trabalhadores, é preciso assegurar que eles tenham condições de sustentar suas famílias e acessar direitos básicos como seguro de vida, alimentação e cultura.
Por fim, Gadelha apelou para a necessidade de regulamentar a atuação dos aplicativos, enfatizando a importância de leis que regem as relações trabalhistas conflituosas e permitam a judicialização de disputas. Ele expressou preocupação com os atrasos nas discussões, que, segundo ele, beneficiam as empresas às custas do sofrimento dos trabalhadores: “Esse período de 60 dias é um período de mais lucro para as empresas de maior sofrimento para os trabalhadores”, referindo-se a eles como “escravos modernos” devido à intensidade de seu trabalho.
“A gente precisa fazer um debate franco, mostrando que há interesse de ambos os lados e que cabe a esse parlamento iniciar, aprofundar e construir em tempo célebre uma resolução para esse conflito, para que essas pessoas não sofram tanto”, concluiu Gadelha.