A empresa anunciou o fim da paridade de preços internacionais (PPI) para a gasolina e o diesel, além de uma redução nos preços dos combustíveis.
A Petrobras anunciou nesta manhã (16) o fim da paridade de preços internacionais (PPI) para a gasolina e o diesel. Horas depois, a empresa divulgou também que a partir de amanhã os preços desses dois combustíveis serão reduzidos para as distribuidoras.
A política de paridade de preços foi implementada em 2016 durante o governo de Michel Temer. Segundo Cristina Helena de Mello, economista e professora da ESPM, a paridade de preço internacional foi uma forma de proteger a Petrobras de ser utilizada como instrumento de política econômica para combater a inflação. “Quando os preços foram fixados pelo governo como estratégia de combate à inflação, isso diminuiu a rentabilidade da companhia e as possibilidades de investimento e posicionamento estratégico da empresa”.
Entendeu-se naquele momento que o PPI seria importante, e ele funcionava da seguinte forma: se o preço do petróleo e seus derivados aumentassem no mercado mundial, esses preços também subiriam no Brasil. Da mesma forma, se os preços caíssem no mercado mundial, os preços domésticos também seriam reduzidos. “Alinhamos o preço nacional ao preço global, resultando em uma maior volatilidade nos preços”.
Segundo a economista, a desvantagem desse modelo é que ele não leva em consideração elementos importantes na precificação de uma empresa dentro do mercado interno. “Muitas vezes, a redução de preços pode ser estratégica para aumentar a rentabilidade da companhia”.
Já para André Perfeito, economista-chefe da Necton, a mudança na política de preços, em uma análise inicial, traz poucos elementos para análise. “Foi mencionado que não haverá alterações periódicas nos preços, o que sugere que a Petrobras buscará reduzir a volatilidade dos preços domésticos em relação ao mercado internacional, o que faz sentido. De fato, a política atual dolarizou a gasolina e isso pode ser problemático em certos momentos, para dizer o mínimo”.
Segundo o economista, uma vez que o Brasil ainda não é autossuficiente em refino, a Petrobras não poderá abandonar completamente alguma forma de paridade com os preços internacionais, portanto, o que foi anunciado precisa ser testado na prática. “O momento atual é favorável para a Petrobras, uma vez que os preços domésticos estão mais altos do que a paridade, seja devido ao preço do barril de petróleo estar relativamente estável, seja devido à valorização do Real”.
De acordo com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, com a nova estratégia comercial, a empresa se tornará mais eficiente e competitiva, atuando com maior flexibilidade para competir com seus concorrentes. “Continuaremos seguindo as referências de mercado, sem abrir mão das vantagens competitivas de ser uma empresa com uma grande capacidade de produção e uma estrutura de distribuição e transporte em todo o país”.
O impacto nos trabalhadores de aplicativo
Segundo Cristina Helena de Mello, a nova política de preços da Petrobras pode ter impactos positivos para os trabalhadores que dependem de seus veículos para o trabalho, como motoristas e entregadores de aplicativos.
“A possibilidade de redução nos preços dos combustíveis traz benefícios, permitindo que esses motoristas optem pela gasolina em vez de álcool, obtendo uma melhor precificação e, consequentemente, um maior rendimento. Além disso, como a maioria do transporte de mercadorias no Brasil depende de combustíveis fósseis, espera-se que a redução dos preços também resulte em preços finais menores e contribua para a diminuição da inflação, aumentando o poder de compra dos trabalhadores”, destaca a professora.
Ela ressalta que a antiga política rigidamente definida da Petrobras limitava sua estratégia de precificação. “Apesar de o mercado internacional ainda ser uma referência e de múltiplas variáveis influenciarem o valor do petróleo, como capacidade de extração, comportamento do mercado interno, tecnologia, oferta e demanda, coincidentemente, os preços dos combustíveis já diminuíram”.
Após o anúncio da mudança na política comercial, a Petrobras reduziu os preços do diesel e da gasolina para as distribuidoras. Segundo a empresa, mantendo as parcelas referentes aos demais agentes de acordo com a pesquisa de preços da ANP para o período de 7 a 13 de maio, o preço médio ao consumidor final poderia atingir R$ 5,18 por litro de diesel S10 e R$ 5,20 por litro de gasolina. Na última semana, o preço médio do diesel foi de R$ 5,57 e o da gasolina foi de R$ 5,49.