Estudo do Ipea mostra aumento da precariedade no trabalho de motoristas e entregadores de apps.
Um estudo divulgado nesta terça-feira (21) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela uma precarização das condições de trabalho de motoristas e entregadores por aplicativos no Brasil.
A análise, parte da 77ª edição do Boletim Mercado de Trabalho, aponta para um aumento das jornadas de trabalho, queda na renda média e diminuição na contribuição previdenciária desses trabalhadores.
Segundo o relatório intitulado “Plataformização e Precarização do Trabalho de Motoristas e Entregadores no Brasil”, o número de motoristas de automóveis no setor de passageiros quase dobrou entre 2012 e 2022, chegando a cerca de 1 milhão.
No entanto, durante o mesmo período, a renda média desses trabalhadores caiu de R$3.100,00 para menos de R$2.400,00. A proporção de motoristas trabalhando entre 49 e 60 horas semanais aumentou de 21,8% para 27,3%, enquanto a cobertura previdenciária despencou de 47,8% para apenas 24,8%.
Carlos Henrique Corseuil, diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, destacou a relevância do estudo para a construção de políticas públicas: “Subsidiar a construção dessa política e informar a sociedade são as principais importâncias deste debate, pois muitas vezes as pessoas não sabem onde buscar informação qualificada”, afirmou.
O estudo também analisou a situação dos entregadores, incluindo motociclistas, entregadores e ciclistas. Em 2015, havia 56 mil entregadores com renda média de R$2.250,00. Em 2021, esse número subiu para 366 mil, mas a renda média caiu para R$1.650,00. A proporção de entregadores que contribuíam para a previdência caiu de 31,1% entre 2012 e 2018 para 23,1% entre 2019 e 2022.
Os autores do estudo, Sandro Sacchet e Mauro Oddo, afirmam que o trabalho plataformizado leva à precarização, com menores rendas, formalização e contribuição previdenciária, além de jornadas de trabalho mais longas. Apesar disso, muitos trabalhadores veem a si mesmos como “empreendedores de si mesmos”.
Sandro Pereira Silva, diretor do Departamento de Gestão de Fundos no Ministério do Trabalho e Emprego, ressaltou a importância de compreender o impacto das novas tecnologias no mercado de trabalho brasileiro, que já enfrenta grandes desigualdades estruturais e regionais.
Durante o evento de lançamento do boletim, também foram apresentados dois outros estudos. O primeiro, “O Que Pensam os Entregadores Sobre o Debate da Regulação do Trabalho por Aplicativos?”, baseado em uma pesquisa aplicada em 2023 em Brasília, mostrou a insatisfação dos entregadores com o valor do piso salarial vigente e a esperança de melhores remunerações.
O segundo, “O Grupo Tripartite Brasileiro e os Desafios de Compor uma Proposta de Regulação do Trabalho Coordenado por Plataformas Digitais”, discutiu a experiência do grupo de trabalho instituído pelo governo federal em maio de 2023 para elaborar uma proposta de regulamentação dessas atividades.
O evento contou com a participação de especialistas como Sandro Sacchet de Carvalho, Ricardo Colturato Festi, professor da UnB, e Diogo de Carvalho Antunes, analista técnico do Ministério do Trabalho e Emprego, reforçando a urgência de debates e soluções para a precarização do trabalho por aplicativos no Brasil.
Texto produzido com auxílio de inteligência artificial e informações de assessoria.