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quarta-feira, novembro 29, 2023

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Exclusivo: responsável pelo mobizapSP conta detalhes da operação e esclarece investigação do MP

Thiago Hidalgo, do consórcio 3C, discute regulamentação, explica cálculo da tarifa e anuncia campanhas publicitárias, além da possibilidade de expansão para outras cidades. 

O mobizapSP é o primeiro aplicativo de transporte lançado por uma prefeitura no Brasil. No mês de maio, a plataforma completa dois meses de operação com cerca de 60 mil motoristas, 160 mil passageiros cadastrados, além de 116 mil viagens solicitadas. 

Em uma entrevista exclusiva para o 55content, Thiago Hidalgo, CEO do consórcio 3C, responsável pela plataforma, revelou dados da operação, anunciou novas campanhas de divulgação do aplicativo e ainda falou sobre o inquérito instaurado pelo Ministério Público de São Paulo para investigar a empresa.

Número de viagens e campanhas publicitárias

Thiago revelou que o aplicativo já teve 116 mil solicitações e que elas aconteceram de forma orgânica, ou seja, a empresa não realizou, até agora, campanhas de marketing ou publicidade paga para promover a plataforma ou atrair usuários. O CEO enfatizou que todo o crescimento e adesão foram resultado do interesse espontâneo dos motoristas e passageiros, provavelmente impulsionados por meio de veículos de informação, boca a boca, e referências.

No entanto, Hidalgo afirmou que a plataforma começará a promover campanhas de divulgação para engajar e atrair mais usuários, tanto passageiros como motoristas. “A cidade de São Paulo tem entre 150 mil e 180 mil motoristas de aplicativo, então nós temos cerca de um terço destes motoristas. Além disso, temos menos corridas do que passageiros, o que significa que muitos usuários cadastrados na nossa plataforma ainda nem realizaram sua primeira viagem”. 

“No dia 25 de julho entregaremos um carro para um motorista e oferecemos um cupom de desconto para a primeira corrida do passageiro: corrida grátis até R$ 15 e um cupom de 50% limitado a 10 reais. Além disso, começamos a enviar três notificações via push por dia, estamos presentes nas redes sociais (Instagram, Twitter, Facebook) e pretendemos avançar nossas ações para as mídias tradicionais, como rádio e outdoors urbanos. A estratégia também inclui parceria com influenciadores: hoje nós temos um embaixador, Marlon Luz, que é vereador de São Paulo e motorista de aplicativo, que começará a engajar mais os condutores, por exemplo”, completou o executivo.

Cálculo da tarifa 

Uma vez que, de acordo com Hidalgo, o objetivo do mobizapSP é oferecer uma tarifa que seja justa tanto para os motoristas quanto para os passageiros, buscando equilibrar o valor do serviço prestado com a acessibilidade para os usuários, a tarifa do mobizapSP é calculada de forma diferente de outras plataformas de mobilidade urbana. “Enquanto algumas empresas utilizam um motor dinâmico de cálculo, que leva em consideração fatores como demanda, trânsito, chuva e horário, o aplicativo adota uma abordagem de tarifa fixa. A nossa tarifa é baseada em três variáveis principais: a bandeirada, a distância percorrida e o tempo da corrida. A bandeirada é o valor inicial cobrado no início da viagem, semelhante ao que ocorre nos táxis”.

Quanto à distância e ao tempo da corrida, a plataforma prioriza o tempo como fator determinante no cálculo da tarifa. Segundo o CEO, diferentemente de outras empresas que podem optar pela rota mais curta, o mobizapSP leva em consideração o tempo mais rápido para realizar o cálculo da corrida. Isso é justificado pelo fato de que, na prática, os motoristas tendem a seguir o trajeto mais rápido, utilizando aplicativos de navegação como o Waze ou o Google Maps. Além disso, o app não utiliza seu próprio roteirizador para a tarifação, optando por pagar por um tarifador de terceiros a fim de garantir a confiabilidade das informações.

O CEO destaca ainda que a tarifa é definida pela prefeitura e, embora possam ser sugeridos ajustes ao longo do tempo, qualquer mudança precisa ser autorizada pelo órgão responsável. 

Durante a entrevista, Hidalgo menciona que a tarifação do mobizapSP segue uma abordagem na qual se busca um equilíbrio entre tarifas mais acessíveis para a maioria das corridas e algumas corridas que podem ter um valor um pouco mais alto. Essa abordagem é descrita como “80% e 20%”.

“O conceito de “80% e 20%” significa que cerca de 80% das corridas têm tarifas iguais ou mais baixas do que outras plataformas de mobilidade urbana concorrentes. A ideia por trás disso é fornecer preços competitivos para a maioria dos usuários, tornando o serviço acessível e atraente. Os 20% restantes referem-se às corridas que podem ter um custo ligeiramente mais alto. Essas corridas podem envolver fatores como distâncias mais longas, tempo de deslocamento prolongado ou outras circunstâncias que justifiquem uma tarifa um pouco acima da média. No entanto, essas tarifas ainda se enquadram em uma faixa considerada razoável e não devem ser excessivamente elevadas”, explica. 

Ganhos dos motoristas

Hidalgo ainda relatou que os motoristas da plataforma estavam ganhando cerca de 25 a 26 reais por corrida, após deduções de taxas e de custos. No entanto, não foi especificado se este valor correspondia à remuneração líquida ou bruta dos motoristas. 

“Nós tínhamos em mente um valor aproximado de R$ 18,80 como tarifa, mas após subtrair todas as taxas e outros encargos, ele tem recebido uma média de R$ 25 a R$ 26 por corrida. A remuneração mínima que eles recebem é de R$ 7”, afirmou o empresário.

Lançamento das novidades na plataforma

Recentemente o mobizapSP anunciou algumas melhorias e novidades em sua plataforma. Duas delas são o mapa de calor – que mostra aos motoristas onde há uma maior concentração de corridas nos últimos minutos – e o direcionamento de rota infinita – que permitirá aos motoristas escolherem o destino que desejam seguir após finalizar uma corrida. Segundo Hidalgo essas funcionalidades serão lançadas até o fim do mês de maio. 

Leia mais em: Mobizap Sp: app da prefeitura anuncia melhorias e promete destino infinito

“Como trabalhamos tanto com iOS quanto com Android, algumas funcionalidades do aplicativo são mais simples de implementar em uma plataforma do que na outra. Para evitar diferenças de versões de acordo com o tipo de aparelho, seguramos todas as atualizações até que ambas as plataformas estejam prontas”, justifica o executivo. 

Discussão sobre a regulamentação

Quanto questionado sobre o debate da regulamentação do trabalho intermediado por aplicativos, Hidalgo afirma que o Consórcio 3C vê com bons olhos a possibilidade de regulamentação, pois a plataforma foi criada com o objetivo de melhorar as condições sociais dos motoristas. 

“Enquanto outras plataformas cobram taxas de até 40% ou 60% por corrida, nós cobramos apenas 10,95%. Além disso, o mobizapSP está comprometido em abordar questões de segurança social por meio do desenvolvimento de ferramentas e funções acessórias. Acreditamos que, se o governo federal ouvir tanto os motoristas quanto as empresas, chegaremos a um acordo importante. A regulamentação é essencial para qualquer mercado, mesmo em um ambiente de livre mercado, pois é necessário um mínimo de regulação, o que atualmente falta nas plataformas e aplicativos, incluindo o mobizapSP”, ressalta. 

De São Paulo para o Brasil? 

Em relação à expansão para outras cidades, o CEO afirma que a empresa tem recebido diversas propostas e em breve começará a expandir para novos locais. 

“Estamos aguardando convênios com algumas prefeituras, que se mostraram interessadas na abordagem da Prefeitura de São Paulo em ter uma plataforma reguladora de mercado. Esses convênios permitirão a importação da nossa tecnologia para esses municípios, proporcionando uma melhoria na qualidade do serviço, reduzindo as taxas administrativas sobre os motoristas e aumentando a segurança”. 

Vale ressaltar que a solicitação da plataforma pela Prefeitura de São Paulo foi motivada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos aplicativos, que identificou possíveis irregularidades relacionadas à tributação e ao controle injusto de jornada, onde a plataforma controla a jornada do motorista, mas não há um vínculo formal. Fora isso, a plataforma pode banir um motorista sem uma explicação adequada ou sem abrir uma disputa para coletar informações de ambas as partes envolvidas. 

“Outras prefeituras enxergaram os benefícios que a Prefeitura de São Paulo está proporcionando e nos procuraram. Mais de 40 prefeituras já entraram em contato conosco, buscando atendimento e estudando a possibilidade de realizar uma nova licitação ou estabelecer um consórcio ou convênio semelhante ao da Prefeitura de São Paulo. O mobizapSP está aberto e interessado em colaborar com todos esses municípios interessados em nossa plataforma”, completa o empresário. 

Abertura de inquérito no Ministério Público

No dia 18 de abril, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) instaurou um inquérito civil para investigar suspeitas de irregularidades no processo de licitação do desenvolvimento do MobizapSP. 

Ao ser questionado sobre o assunto, Hidalgo afirmou que a decisão do Ministério Público de abrir um inquérito é uma prática normal, uma vez que sua função é fiscalizar e monitorar. “Assim como diversos inquéritos que o consórcio e as empresas individualmente enfrentam, provavelmente esse inquérito será arquivado, com base no inquérito de fevereiro, pois aborda apenas alguns pontos”, avalia o empresário. 

Um dos pontos do inquérito é a possível oneração para a Prefeitura. Sobre isso, o CEO explica que o processo licitatório é claro em várias partes do edital, e afirma que não há despesa alguma para a Prefeitura com a plataforma. “A única forma de remuneração do consórcio é por meio da taxa de 10,95% e outras receitas exploradas, desde que não onerem a Prefeitura. Portanto, a questão é bastante clara e não há muito o que discutir”. 

Em relação à concorrência, o inquérito menciona a possibilidade de falta de ampla divulgação do processo. No entanto, o executivo afirma que a empresa tem plena confiança de que houve ampla divulgação, pois a informação foi veiculada em grandes meios de comunicação, como o jornal Estadão, bem como no site e na página oficial da Prefeitura, além do diário oficial. 

“Seguimos todos os trâmites padrão de uma licitação normal, e estamos bastante tranquilos”, ressalta Hidalgo.

Giulia Lang
Giulia Lang
Giulia Lang é graduanda em jornalismo pela Cásper Líbero e jornalista do 55content.
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