Revista contou história do fundador da Bolt, startup estoniana, que optou por se tornar pioneira em regiões menos exploradas.
A Bolt, antiga Taxify, é uma empresa de tecnologia que oferece serviços de mobilidade e entrega. O usuário pode solicitar viagens e entrega de comida a domicílio, além de alugar carros, patinetes elétricos e e-bikes.
Com sede em Tallinn, na Estônia, a empresa opera em 45 países e conta com cerca de 3 milhões de motoristas parceiros, atendendo mais de 100 milhões de clientes.
O serviço da Bolt funciona através de um aplicativo disponível para Android, iOS e Windows Phone. A empresa oferece vários métodos de pagamento, incluindo dinheiro, cartão de crédito, cartão virtual (MB Way, MB Net) e PayPal. Quando a viagem é solicitada, o cliente pode visualizar os dados pessoais do motorista e, quando a viagem é finalizada, ambos podem dar uma pontuação um ao outro.
O capital inicial para criar a empresa foi um empréstimo de £5.000 que Markus Villig recebeu de seus pais. Atualmente, segundo um levantamento de 2022 da Forbes, a empresa vale US$8,4 bilhões. Até hoje, Villig é o mais jovem fundador de um unicórnio na Europa, bem como o CEO mais jovem do continente na lista 30 da Forbes.
Além disso, a Bolt estabeleceu um compromisso público de longo prazo para reduzir o impacto ecológico e compensar as emissões remanescentes, trabalhando para aumentar a disponibilidade de veículos elétricos (patinetes, e-bikes, carros) na plataforma, aprimorar a eficiência das operações e lançar projetos de compensação de carbono. A empresa já plantou mais de 11 milhões de sementes de árvores no Quênia e se associou a organizações como One Tree Planted e Climate Impact Partners para plantar árvores e financiar projetos de compensação de carbono na Europa.
“A missão da Bolt é construir cidades para pessoas, não para carros. Isso significa substituir dezenas de milhões de carros particulares por transporte compartilhado. Tornar nossas cidades mais verdes, mais seguras e reduzir o tráfego para um bilhão de pessoas”, afirmou o CEO em uma publicação em seu Linkedin.
Depois de terminar o Ensino Médio em 2013, o empresário começou a trabalhar na primeira iteração do Bolt depois de receber um empréstimo de sua família. Isso permitiu que ele montasse o primeiro protótipo do aplicativo enquanto recrutava motoristas pessoalmente nas ruas de Tallinn.
Foi uma tentativa frustrada de negócio com um cliente que fez Villing abrir os olhos e, a partir daí, dar início à construção de uma forte concorrente da Uber no continente europeu e africano.
Empresa e fundador foram destaque na Forbes
Neste mês, a empresa foi destaque na Forbes com uma reportagem que trazia a história da plataforma que conseguiu bater de frente com a Uber.
A reportagem contou que, em 2015, até então com 21 anos, Villing estava em Belgrado, na Sérvia, em uma reunião com um chefe de táxis local, apresentando seu projeto de aplicativo de despacho digital para motoristas. O objetivo era criar uma plataforma que reunisse todas as empresas de táxi das cidades de Tallinn, na Estônia, e de Riga, na Letônia.
Após ser ameaçado com um revólver deixado pelo cliente em cima da mesa, a Bolt optou por ir diretamente aos motoristas e passageiros. Com US$ 2 milhões em financiamento, a empresa estoniana enfrentou diretamente a Uber, que levantou US$ 1,2 bilhão em financiamento e tinha uma avaliação de US$ 17 bilhões na época. Para competir com a Uber, a Bolt adotou uma estratégia de contenção de despesas e concentrou-se em países onde havia pouca ou nenhuma concorrência, em vez de competir nos mercados desenvolvidos.
Entre 2015 e 2019, Villig trabalhou para levar a Bolt de US$730 mil em receita para US$142 milhões, evitando grandes perdas e operando a empresa perto do ponto de equilíbrio. Em contrapartida, a Uber gastou US$19,8 bilhões, quase US$6,3 milhões por dia, antes de abrir o capital em 2019. A abordagem econômica de Villig valeu a pena, a Bolt agora tem mais de 3 milhões de motoristas, opera em 45 países e gerou US$570 milhões em receita em 2021. Na última rodada de captação, em janeiro de 2022, a empresa foi avaliada em US$8,4 bilhões, tornando a participação de 17% de Villig na companhia, que atualmente vale US$700 milhões, segundo a Forbes.
Após anos atuando com pouco aporte financeiro, Villig obteve apoio da Didi (dona da 99), Mercedes-Benz, Sequoia Capital e Fidelity, que investiram US$ 1,4 bilhão em duas rodadas entre agosto de 2021 e janeiro de 2022. Com esse financiamento, ele planeja expandir.
Diferenciais do “Anti-Uber”
Apelidado pela revista como Anti-Uber, Villig é apontado como diferente de alguns fundadores americanos que esbanjam dinheiro, pois mantém uma postura simples e despretensiosa.
A Bolt não oferece cartões de crédito, telefones ou outros brindes corporativos para seus funcionários e, até 2019, Villig dividia um quarto quando viajava para economizar nos custos de hotel. Mesmo agora que a empresa cresceu para ter 4 mil funcionários, eles ainda são extremamente econômicos e pensam em seus gastos diariamente.
Ao contrário de muitas empresas de tecnologia que cortaram empregos durante a pandemia, a Bolt não demitiu nenhum funcionário. Os trabalhadores da Bolt foram poupados do pior durante a pandemia graças a uma combinação de cortes salariais voluntários e subsídios do governo. Villig atribuiu a manutenção da equipe durante a crise como um fator importante para o sucesso da empresa no período de recuperação.
O sucesso da Bolt foi facilitado pelas táticas agressivas e pelos problemas de relacionamento do Uber com governos locais. No entanto, a empresa agora enfrenta desafios semelhantes, incluindo protestos de motoristas, questões de segurança e campanhas para reclassificar os motoristas como funcionários. A Bolt tem enfrentado desafios em ambientes maiores e mais regulamentados, apesar de ser um dos maiores empregadores da Estônia.
Apesar disso, Villig não planeja mudar o rumo da Bolt ou vender o negócio. O CEO planeja continuar a construir sua carreira e sua empresa no futuro.