Dara Khosrowshahi assumiu a Uber quando a empresa valia menos de US$ 50 bilhões e, agora, sob sua gestão, empresa atinge valor de US$ 120 bilhões.
Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, está colhendo os frutos do seu trabalho de reestruturação na empresa. Graças ao alcance de um valor de mercado de US$ 120 bilhões pela Uber, Khosrowshahi agora tem a oportunidade de comprar ações da empresa no valor de US$ 136 milhões por um preço bem abaixo do mercado. Esse prêmio, segundo informações do Financial Times, foi acordado em 2019, antes mesmo da Uber abrir seu capital, num momento em que a avaliação da empresa era inferior a US$ 50 bilhões.
Khosrowshahi, que assumiu o comando da Uber em 2017 após ser o CEO mais bem remunerado da Expedia, renunciou a US$ 160 milhões em opções de ações na Expedia para juntar-se à Uber. Foi atraído por um pacote de compensação que incluía a opção de adquirir 1,75 milhão de ações da Uber, contanto que a empresa alcançasse uma avaliação de US$ 120 bilhões e ele mantivesse sua posição por cinco anos. Este pacote foi justificado pela Uber como uma medida necessária diante dos desafios enfrentados pela empresa em 2017 e a importância do papel de Khosrowshahi na transformação da companhia, que na época enfrentava várias dificuldades sob a liderança de Travis Kalanick, seu fundador.
A prática de oferecer ações com desconto é comum entre empresas de capital aberto como forma de premiar seus executivos. Segundo o economista André Galhardo, “esse movimento não apenas reflete a confiança da empresa em sua liderança, mas também alinha os interesses entre executivos e acionistas, criando um impulso para o crescimento e rentabilidade a longo prazo.”
No início deste ano, a Uber anunciou que recompraria US$ 7 bilhões em ações como parte de seu plano de compensação. Khosrowshahi planeja exercer sua opção de compra, pagando US$ 33,65 por ação, significativamente menos que o valor de mercado atual. Se decidir adquirir todas as ações disponíveis, seu investimento será de aproximadamente US$ 59 milhões.
Conforme relatado pelo Financial Times, o desempenho das ações da Uber tem sido notável, com um aumento de mais de 33% desde o início do ano e um salto de 136% nos últimos 12 meses, elevando a avaliação da empresa para mais de US$ 160 bilhões. Além de Khosrowshahi, outros dois executivos da Uber, Tony West, chief legal officer, e Nikki Krishnamurthy, chief people officer, também foram beneficiados com pacotes de ações, totalizando mais de 2,2 milhões de ações avaliadas em US$ 175 milhões.
Impulsionando o valor das ações, a Uber reportou seu primeiro lucro anual desde a oferta pública inicial (IPO), marcando o fim de uma era de grandes gastos. O lucro líquido da empresa em 2023 foi de US$ 1,43 bilhão, considerando tanto investimentos de capital quanto ganhos operacionais.
Para Galhardo, o sucesso da Uber, especialmente na superação do valor de US$ 120 bilhões e no primeiro lucro anual desde o IPO terá um impacto na estratégia de remuneração de executivos em outras empresas do setor de tecnologia:
“O mercado tende a observar de perto as práticas de remuneração de empresas líderes e bem-sucedidas, e o exemplo da Uber pode influenciar outras empresas a adotarem políticas de remuneração mais agressivas, baseadas em desempenho e alinhadas com a criação de valor para os acionistas. Isso pode ser bom em um momento de forte aumento nos preços das ações de empresas de tecnologia, mas pode ternar-se inviável quando o mercado se ajustar. Cabe lembrar aqui, que embora eu ainda olhe para isso com certa cautela, o mercado tem falado bastante em bolha no mercado das empresas do setor de tecnologia.”
“Os investidores estão confiantes na capacidade dessas empresas de gerar receitas significativas e expandir seus negócios, mesmo em meio a desafios regulatórios e concorrência acirrada. Essas valorizações também podem refletir a crescente demanda por soluções inovadoras de tecnologia e mobilidade, especialmente em um mundo cada vez mais urbanizado e digitalizado. No entanto, cabe alguma dose de cautela em relação à comportamentos anormais no preço das ações de alguns segmentos do setor de tecnologia”, finaliza o economista.
