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A saída da Cabify do mercado de mobilidade do Brasil

cabify saida do brasil
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No dia 23 de abril, a Cabify anunciou o fim das operações da empresa no Brasil. Veja os impactos no mercado de mobilidade urbana por app.

Na sexta-feira (23), a multinacional espanhola Cabify anunciou o fim de seus serviços em território brasileiro.

Um comunicado feito por meio das redes sociais da empresa, anunciou o encerramento de todas as modalidades de serviço até o dia 14 de junho.

Ainda que não buscasse ser concorrente direta das empresas com maior participação no mercado brasileiro, ou seja, a Uber e a 99, a Cabify conseguiu seu espaço no mercado.

Um estudo do IBOPE Conecta de 2017, revelou que a Cabify era o quarto aplicativo de transporte mais usado do país na época, com 4% de participação, atrás apenas de Uber, 99 e EasyTaxi.

Além disso, em 2019, a EasyTaxi foi incorporada pela Cabify, garantindo para a empresa espanhola uma participação ainda maior no mercado brasileiro. 

Motivos da saída da Cabify

A Cabify nunca almejou ser concorrente dos principais competidores do mercado de transporte por aplicativo.

Isso porque, ainda que tenha passado a oferecer um serviço de táxi após a aquisição da EasyTaxi, o diferencial da empresa sempre foi oferecer um serviço mais premium.

Dessa forma, tinha como público-alvo uma parcela menor da população, aqueles que estavam dispostos a pagar um preço mais alto em troca de um serviço que proporcionasse maior conforto.

Além do diferencial do preço, esse serviço mais premium pode ser notado através das áreas de atuação da Cabify.

Eram apenas 8 cidades atendidas, sendo 6 capitais (Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo) e 2 grandes centros urbanos (Santos e Campinas).

Isso sem falar na ausência da opção pagar em dinheiro dentro do aplicativo.

Normalmente, pela própria natureza do serviço, já seria esperado um menor número de corridas em comparação com as demais empresas atuantes no mercado.

Porém, com a pandemia do Coronavírus, a operação da empresa no Brasil estava tendo dificuldades em gerar lucro:

“O mercado brasileiro ainda é muito afetado pela grave situação sanitária do país e pela crise sócio-econômica local causada pela Covid. Este contexto dificulta a criação de valor e tem levado a empresa a parar sua operação no Brasil”, disse a Cabify em nota.

O estágio de recuperação do Brasil na pandemia, em relação aos demais locais onde a empresa atua, impactou diretamente a rentabilidade do serviço local, fazendo com que o negócio se tornasse pouco interessante para a empresa.

Impacto no mercado

A saída da Cabify abre um espaço para empreendimentos no mercado de transportes privados.

Existe uma parcela da população que agora não terá um serviço com o qual já estava acostumada.

Mas você pode se perguntar: por que seguir pelo caminho em que outra empresa acabou de falhar?

Simples, agora você possui exemplos.

A Cabify é uma multinacional espanhola, atuante na Europa e em outros países da América Latina, além do Brasil.

Para eles, o fator comparação tinha muito peso. Não é que o Brasil não desse resultado, mas é que, em comparação com os demais mercados, era bem menos rentável e menos atrativo para investimentos.

Além do mais, talvez pela coordenação estrangeira da operação, faltou uma adaptação melhor à realidade brasileira e às necessidades locais.

Não se posicionar para oferecer um serviço que atendesse a uma fatia maior da população, além de aceitar somente pagamentos em cartão foram decisões estratégicas que não combinaram com o contexto brasileiro.

Talvez por isso, temos visto tantos casos de negócios regionais dando certo na área da mobilidade.

Assim, o que podemos esperar é que empreendedores brasileiros ocupem o espaço deixado pela Cabify.

E por empreendedores, não me refiro necessariamente àqueles que já possuem poder econômico para investir, mas sim àqueles com boas ideias de negócio, dispostos a colocá-las em prática.

Mudanças para os motoristas

O motorista e dono de um dos principais canais sobre apps de transporte, Fernando Floripa, não acredita que a saída da Cabify apresentará mudanças para os motoristas:

“Eu acredito que essa saída não vai ter grandes impactos para os motoristas. Talvez em uma ou outra capital, como Brasília, algum local onde a Cabify ainda dava um último suspiro”.

“A Cabify acabou sendo engolida pelos concorrentes, a ponto de o próprio motorista desacreditar na plataforma”.

Espera-se uma realocação em massa dos motoristas filiados à Cabify para outras empresas do ramo, sem maiores complicações.

Vinícius Guahy

Vinícius Guahy é jornalista formado pela Universidade Federal Fluminense e coordenador de conteúdo do 55content.

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