Alécio Cavalcante é o co-CEO da Ubiz Car, aplicativo de mobilidade especializado em cidades do interior do Brasil.
Alécio Cavalcante é fundador e co-CEO da Ubiz Car, conhecida como a Uber das Cidadezinhas, apelido que ela ganhou em uma matéria do Canal Tech.
Hoje, ele conta um pouco da história dessa importante empresa brasileira.
Qual é a história do fundador da Ubiz Car?
Desde pequeno eu queria ter meu próprio negócio. Vendia balinha no colégio e tinha sangue empreendedor. Antes da Ubiz Car, eu atuava na área do varejo.
Foi quando eu conheci o modelo de negócio da Uber. Eu estava em São Paulo e me apaixonei por aquilo. Conectar uma pessoa que tem um carro a uma pessoa que precisa de um carro, gerando renda para uma pessoa e resolvendo problema da mobilidade em uma grande cidade, como é o caso de São Paulo.
Naquele momento, esse tipo de negócio parecia uma realidade muito distante, porque tecnologia não era a minha área. Então eu deixei para lá e continuei os meus negócios.
Em um segundo momento, durante um evento, uma pessoa me deu um start e ali eu consegui ver que cidades do interior não tinham esse serviço. Comecei a correr atrás e entrei neste mercado.
Eu vi que a dor que o mercado tinha, pois os grandes aplicativos chegaram no Brasil trazendo um padrão, que com o tempo foi se perdendo, vimos ali a oportunidade de restaurar este padrão, dando para o motorista um serviço que dê a ele o respeito merecido e, para o passageiro, um serviço de qualidade, com suporte e assistência.
Por que abrir um aplicativo de transporte e não uma franquia do Bob’s ou do McDonalds, por exemplo?
Porque tecnologia é algo que pode ser escalável. Você consegue multiplicar facilmente.
A Ubiz Car hoje é uma franquia e nós ofertamos para outros empreendedores terem um negócio escalável.
Isso tudo com uma grande diferença. Não existe vínculo empregatício entre o motorista e a plataforma, já que não são empresas de transporte, mas de tecnologia.
Qual é o grande diferencial de um app regional?
Nas cidades do interior existe uma cultura. A pessoa corta o cabelo no mesmo salão há anos. Minha mãe vai no mesmo supermercado há 20 anos.
Tem uma cultura de fidadelidade com o serviços locais, o que os grandes apps não conseguem fazer.
O consumidor final se sente muito mais acolhido por uma empresa da cidade, gerando um grau de confiança maior.
Foi aí que entramos com nosso grande diferencial: a confiança. Confiança é tudo, como diz nosso slogan.
A confiança é parte no relacionamento, na amizade, relação de trabalho e também na hora de escolher quem vai transportar a coisa mais preciosa na sua vida: a sua família.
É possível bater de frente com Uber e 99?
Nós conseguimos não só bater de frente, como superar em alguns pontos.
Por exemplo, se você esquecer seu celular no carro em um grande app, você dificilmente consegue recuperá-lo. Já na Ubiz Car, você facilmente entra em contato com nossa central e o motorista vai lá deixar na sua casa.
Outro ponto: satisfação gera satisfação. Os grandes aplicativos oprimem os motoristas a trabalhar por muito pouco, o que gera uma insatisfação imensa, e o motorista insatisfeito não consegue dar ao passageiro um bom serviço.
A Ubiz Car consegue dar ao motoristas melhores condições de trabalho, o que reflete em ânimo, satisfação e em um melhor atendimento ao passageiro.
Como é a chegada da Ubiz Car em uma cidade?
É muito interessante, porque a gente faz um lançamento.
Nós temos um serviço que precisa de motoristas para atender o passageiro e de passageiros para o motorista poder trabalhar.
Então nós começamos a divulgação com bastante antecedência, tanto para o motorista quanto para o passageiro, e avisamos que estamos chegando na cidade em um data marcada.
Fazemos uma grande carreata na cidade e fazemos promoções para os motoristas e passageiros experimentarem o nosso serviço.
Além de tudo, todos os nossos parceiros tem um padrão, o padrão Ubiz Car. A opinião das pessoas está muito atrelada ao que ela vê. Como estamos chegando e ninguém nos conhece, a gente precisa apostar na identidade visual, tanto com carros identificados, quanto com o traje do motorista.
Naturalmente, isso cria uma identificação muito grande com as pessoas.
Esse serviço que nós prestamos, fazendo com que o motorista pare de ser visto como um “caroneiro” e seja visto como um profissional, é que faz com que a nossa confiança fique sempre lá em cima e esse lançamento que nós fazemos é nada mais e nada menos que mostrar para população, de uma forma única, que o serviço tem qualidade e as pessoas podem confiar.
Como você enxerga o futuro do mercado do transporte por aplicativo?
Chegou em um ponto que o ser humano passou a ser desvalorizado e a Ubiz Car pretende resgatar a valorização das pessoas.
A valorização do bom serviço. A valorização do profissional que está prestando esse bom serviço.
É importante para nós que esse cara chegue em casa e possa comer do bom e do melhor, dar uma boa condição para a família dele, pagar o colégio do filho e ter dignidade. As coisas básicas da vida do ser humano.
Com a nossa política de atitude, isso acontece.
Você vê claramente que quando a Ubiz Car começa a operar em uma cidade que outros competidores já estavam operando, aqueles motoristas que se engajam naquela cidade, começam a publicar nas redes sociais que agora eles podem comer uma picanha, tomar uma cerveja no final de semana e passear com os filhos no parquinho.
Isso é muito gratificante porque a gente começa a ver que podemos fazer a diferença, e fazer a diferença começa nos pequenos detalhes. O principal é a valorização do ser humano.
Olhando os nossos índices de satisfação, você vê que eles estão lá em cima, tanto de motorista quanto de passageiros. A satisfação dos passageiros é um reflexo de como nós tratamos os motoristas.
E são eles que estão na linha de frente, carregando o negócio.
Por isso, enxergo que o futuro é: se as grandes empresas não começarem a tratar os parceiros como, de fato, um parceiro, elas deixarão de existir.