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Cultura Justa: o que é e como ela funciona?

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A Cultura Justa é um processo que busca entender os erros como uma oportunidade de evolução, deixando a punição de lado e dando espaço para a honestidade.

Hora ou outra, no trabalho ou na vida pessoal, nós vamos errar.

Mas quando isso acontecer, o que devemos fazer?

Varrer para debaixo do tapete, apontar um culpado ou relatar o fato ao nosso superior?

De cara, a resposta mais óbvia em um contexto corporativo é admitir o erro, para que ele possa ser corrigido e sirva de aprendizado.

Porém, isso nem sempre é fácil.

Afinal, muitas vezes, a culpa ou medo de uma punição pesada acaba inibindo o funcionário de reportar uma falha, que muitas das vezes poderia ser resolvida antes de gerar um problema maior.

Mas quando esse erro pode colocar a vida de uma ou mais pessoas em risco?

É por isso que dois dos mais sensíveis mercados de trabalho do mundo – a saúde e a aviação – buscam adotar o método conhecido como Cultura Justa.

Segundo a supervisora de Gente e Cultura da Gaudium, Letícia Mortimer, a cultura justa tem como premissa dois dos valores aqui da Gaudium: a transparência e a honestidade. “O que mais valorizamos é a relação de confiança, onde o respeito e a tolerância ditam as regras. Dessa forma, construímos equipes fortes, confiantes, eficientes e, não menos importante: felizes”.

A Cultura Justa busca criar um ambiente de proteção para que o funcionário possa “se entregar” sem medo de ser punido.

Segundo o Instituto Brasileiro para Excelência em Saúde (Ibes), esse método “visa identificar e abordar problemas de sistemas que levam os indivíduos a se envolver em comportamentos inseguros, mantendo a responsabilidade individual e estabelecendo tolerância zero para o comportamento imprudente”.

Aqui é importante destacar que a Cultura Justa não busca “passar pano” para violações de segurança. Por isso, ela separa muito bem o que é um erro humano, um comportamento de risco e um comportamento imprudente.

Vamos entender?

Erro Humano

É fato que o erro humano vai acontecer.

O Ibes vai sintetizar ele como os famosos deslizes, que hora ou outra cometemos.

Segundo o LEC Legal, Ethics & Compliance, comunidade dedicada à difusão de cultura de compliance do mundo, é importante distinguir os erros do dolo.

“Erros podem ser gerados por diferentes motivos – pela falta de conhecimento sobre um determinado processo, pela falta de informações adequadas para a tomada de uma decisão, ou até pelo fato de uma pessoa estar ocupando uma função para a qual não tenha todas as competências e habilidades necessárias”.

O mecânico de aviação, Lito Souza, em entrevista ao Flow Podcast, exemplificou um erro em sua área. “O mecânico está passando por um divórcio, foi trabalhar e esqueceu de fechar uma das tampas de óleo do avião. Durante o voo vai aparecer uma indicação de problema. Assim, quando essa aeronave pousar, o mecânico deve chegar e admitir o erro para a empresa”.

Lito explica que dessa forma o colaborador fica protegido ao mesmo tempo que a empresa consegue criar mecanismos para que isso não aconteça mais. Como, por exemplo, liberar funcionários que estejam passando por problemas pessoais de realizar atividades delicadas.

Ele ainda explica que, no caso da aviação, o funcionário ainda responde um questionário com diversas perguntas, como quando foi a última refeição, quantas horas ininterruptas ele trabalhou antes do erro e quantas horas de sono ele teve na semana. Mas ele volta a alertar: “A cultura justa não protege o funcionário de uma violação, que é quando ele sabe o caminho certo, mas mesmo assim opta pela opção errada”.

Em um ambiente corporativo, citar como exemplo o envio de um e-mail com informações importantes para alguém que não o deveria receber.

No caso de um disparo realizado acidentalmente, sem que o colaborador tenha feito de má fé, a Cultura Justa pode entrar de forma a não punir o funcionário, mas pensar no que o levou a cometer o erro e o que pode ser feito para que isso não volte a acontecer.

Segundo o professor Nelson Neto, especialista em segurança do trabalho, em casos de erro humano, a empresa pode gerenciar o fato com mudanças no processo, treinamento e até diminuindo as escolhas que o funcionário pode fazer. “Você pode minimizar as escolhas que ele tem, fazendo com que ele opte sempre pela escolha segura”.

Comportamento de Risco

O Ibes define o comportamento de risco como “tomar atalhos”.

É o famoso “jeitinho” que algumas pessoas acabam dando para encurtar o caminho das tarefas.

Dessa forma, ele não se trata de um erro não-intencional, mas de um desvio no comportamento de segurança.

Por exemplo, pensando no caso do e-mail, vamos imaginar que, em vez de mandar individualmente para cada destinatário, o funcionário pegue uma base já pronta e realize o disparo, pensado que todos que estão na lista devem receber o e-mail.

Professor Neto explica que esse comportamento acontece quando o funcionário vê o risco como algo insignificante ou justificável nesse contexto.

Para ele, deve-se substituir todos os incentivos de comportamentos de riscos por escolhas seguras, além de reforçar o treinamento da equipe.

Comportamento Imprudente

O Comportamento Imprudente é quando a pessoa ignora os processos de segurança exigidos.

Nesse caso, há um descumprimento deliberado, ou seja, a pessoa conhece o risco e opta por corrê-lo mesmo assim.

Por exemplo: um funcionário ou diretor trabalha com dados sensíveis de uma base de clientes.

Certo dia, seu computador falha e ele precisa entregar um projeto. Por isso, ele decide ir até uma Lan House e usar um computador compartilhado para ter acesso às informações sensíveis, mesmo sabendo que isso é proibido pelas diretrizes de segurança da empresa.

Para o professor Neto, são os típicos casos passíveis de punição.

Mas quando saber se é um erro humano, um comportamento de risco ou imprudente?

Demos alguns exemplos deles anteriormente.

Porém, isso pode variar de acordo com a empresa ou com o mercado em que ela atua.

Afinal, certos procedimentos de segurança podem inviabilizar o funcionamento para alguns mercados, enquanto para outros, principalmente os mais sensíveis como a saúde e a aviação, tão falados por aqui, são essenciais.

Por isso, o importante é deixar claro para todos os membros da empresa o que ela espera dos seus funcionários.

Como diz o Departamento de Controle do Espaço Aéreo no manual de fatores humanos no gerenciamento da segurança operacional: “Aplicar o conceito da Cultura Justa na gestão da segurança operacional tem por objetivo dar transparência ao processo de apuração das falhas cometidas. O termo ‘cultura’ é empregado no sentido de deixar claro quais condutas são consideradas aceitáveis e quais são inaceitáveis; o termo ‘justa’ expressa o conhecimento prévio de ambas as partes quanto aos critérios sobre os quais a apuração se desenvolverá”.

O professor Nelson Neto possui em seu canal do Youtube um mapa mental sobre o assunto, auxiliando as empresas a identificar e agir em cada uma dessas etapas.

Vale a pena conferir!

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