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“Trabalho 10, 12 horas por dia, mas penso em continuar e crescer”, diz motoboy

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Homem sorrindo, vestindo uma jaqueta preta com detalhes refletivos em amarelo, em um ambiente interno.
Alef Pereira da Silva, entregador, durante uma pausa em seu local de trabalho.

Alef relata os desafios e as oportunidades da profissão em meio a jornadas longas e condições adversas.

Alef Pereira da Silva, 30 anos, morador da região da Casa Verde, Zona Norte de São Paulo, compartilhou sua trajetória e visão sobre os desafios do trabalho como entregador por aplicativos. Ele também produz conteúdo para o Instagram, onde mostra mais sobre seu trabalho.

Trabalhando em média de 10 a 12 horas diárias, Alef destaca aspectos positivos e negativos da profissão.

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Entrada no mercado de entregas e rotina

“Eu comecei a trabalhar num lava-rápido. Eu via meus amigos que trabalhavam, já tinham moto, e eu sempre fui apaixonado por moto. Fui trabalhar nesse lava-rápido, depois fui pra uma firma, trabalhei por dois anos, e decidi sair e ir pra moto”, contou Alef. 

Sua transição para o trabalho de entregas começou com bicos em pizzarias e, mais tarde, tornou-se sua principal ocupação: “Eu quis isso pra mim, trabalhar pra mim, e foi isso. Comecei a trabalhar na rua”, completou ele, explicando que sua paixão por motos e o desejo de independência motivaram a escolha.

A rotina de Alef começa cedo: “Acordo às 7:30 da manhã, ajudo a trocar meu filho, para poder levar ele pra escola de manhã. Tomo meu café e saio às 8:30, 9:00. Dependendo, volto umas 19:00, 20:00. Trabalho umas 10, 12 horas por dia”, descreveu.

Principais desafios

Entre os desafios, Alef enfatizou os perigos constantes do trânsito: “Como está nas ruas, qualquer coisa é uma briga. Muito trânsito, dia chuvoso… É muito perigoso.” 

Ele destacou ainda os dias de chuva como especialmente difíceis. “Dia de chuva é o pior. É o dia de ganhar dinheiro, mas é o dia que é mais perigoso.”

Além dos riscos nas ruas, Alef apontou a falta de infraestrutura para os entregadores em estabelecimentos e nas plataformas: “Às vezes você chega no restaurante, não tem água, não tem banheiro, o valor da taxa nunca aumenta, só diminui. Isso é totalmente errado.” 

Ele também mencionou dificuldades nos shoppings: “Shopping, então, tem que subir, não tem um lugar específico. Aí a gente espera mais de meia hora, uma hora, pra ganhar uma taxa mínima. Então, é pior pra mim”. 

Relações e futuro

Alef relata que sua relação com outros entregadores é, na maioria das vezes, tranquila: “Tem entregador que sabe conversar, mas tem entregador que não tem o mínimo respeito também. Essa é a diferença.” 

Além disso, afirma que a relação com as plataformas é complicada: “A plataforma não tá nem aí para a gente”.

Apesar dos desafios, ele conta que tem planos de continuar no setor: “Penso sim em continuar com as entregas, não paro. Mais para frente, meu futuro é conseguir clientes e ganhar o valor exato que a gente merece, não taxa mínima”, disse. Ele acredita que o serviço de qualidade pode abrir novas oportunidades. “O cliente gosta de quem faz o serviço com excelência e responsabilidade”.

Conselho para novos entregadores

Para quem pensa em ingressar na profissão, Alef oferece uma recomendação: “A pessoa que quer entrar nesse ramo, nessa vida de entregadores, tem que pensar direitinho. Tem espaço pra todo mundo, todo mundo pode conseguir algo com isso. Como entregador, sendo motoboy, isso é uma profissão, e daqui pra frente é só crescer”.

Foto de Anna Julia Paixão
Anna Julia Paixão

Anna Julia Paixão é estagiária em jornalismo do 55content e graduanda na Escola Superior de Propaganda e Marketing.

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