Kapô aborda desafios de motoristas de aplicativo com novas opções de locação.
Focados em viabilizar o acesso de veículos alugados para motoristas de aplicativo, a Kapô surgiu em 2021, em Brasília, e hoje conta com uma frota de mais de 700 veículos voltados para esses clientes.
A startup, fundada por três sócios, nasceu com o objetivo de democratizar o acesso a veículos, principalmente para motoristas de aplicativo, e desenvolver uma fonte de renda para essa classe. Observando a falta de programas pensados exclusivamente para esses clientes, a empresa conta: “As locadoras estavam focando apenas nas pessoas que já tinham condições financeiras de alugar o próprio carro, mas não naqueles que fazem dinheiro com ele”.
André Alves Moreira, gestor de marketing da Kapô, conversou com o 55Content e contou que, normalmente, valores de entrada e juros de financiamento são fatores que dificultam o acesso para uma parte considerável da sociedade.
Para adquirir o veículo, o gestor explica que o motorista precisa primeiro entrar em contato com o time de vendas: “Nós gostamos de ter a maior janela possível para esse tipo de atendimento”. Como nem todos os motoristas podem rodar apenas durante o dia ou apenas durante a noite, eles oferecem alguns sistemas, principalmente o WhatsApp, que é a ferramenta que o motorista de aplicativo usa com mais facilidade, segundo André.
Logo, o interessado entra em contato com a Kapô, e eles entendem quais os modelos de carro são mais adequados para aquele cliente. Nesse contexto, o motorista faz a seleção do veículo e informa a quilometragem esperada para rodar.
“Nós temos alguns limites de quilometragem, mas, para alguns motoristas de aplicativo, nós também oferecemos PMI. É uma opção. Não fazemos uma análise de crédito, nós tentamos entender o perfil. Não estamos interessados necessariamente em quanto você tem de renda, mas sim no quanto você faz de renda. Porque a gente não quer também alugar um carro para endividar uma pessoa. Não é esse o nosso objetivo”, diz André.
Em relação aos valores, ele conta que se mantêm, em média, entre R$650 e R$720 por semana nas modalidades de quilometragem livre: “Um preço bem acessível, um dos menores aqui da nossa região”.
Como vocês avaliam o mercado de locação de veículos, considerando o aumento da demanda e a criação de programas específicos para motoristas de aplicativo por outras locadoras? E quais estratégias estão adotando para se preparar e se destacar diante dessa nova concorrência?
“Essa concorrência não é nova, ela já era esperada e, desde o nosso princípio, nós percebemos que essa concorrência existia. O que nós mais recebemos são ex-clientes dessas locadoras principais.
Não é uma concorrência direta ao nosso serviço, porque, quando a gente para e analisa o escopo, o que eles fazem e o que nós fazemos é muito diferente. Como eu falei, o tempo que um motorista precisa para conseguir ter o acesso é muito maior, a burocracia é muito maior, existe análise de crédito.
Então, assim, o programa que eles desenharam não dá para atender o público de motoristas de aplicativo. Eles têm carros, mas de carros não se faz a resolução do problema de mobilidade.”
Explique sobre o programa para facilitar a compra de veículos.
“Nós tentamos viabilizar, juntamente com a instituição financeira, uma forma de fazer com que esse motorista tivesse acesso facilitado ao financiamento. No caso do financiamento, sim, há uma análise de crédito. Para a nossa locação padrão, não há. Mas, no caso do financiamento, essa análise de crédito tem que ser feita.
Mas é uma análise de crédito que é facilitada. A gente faz a intermediação. E isso não está disponibilizado para todos os motoristas. Todos os motoristas hoje podem ter acesso a uma outra modalidade de compra, que é o Kapô Próprio.
É uma forma em que eles chegam aqui e fazem a locação. Junto com a locação, eles têm um valor de entrada e, em média semanalidade, vão abatendo o valor parcial. Esse é o escopo número um.
O escopo do financiamento é um pouco diferente, porque a gente só disponibiliza para os nossos melhores clientes, os mais antigos da casa. Atualmente, a pessoa precisa ter, em média, 12 meses como nosso cliente.
A gente verifica se ele está fazendo os pagamentos certinhos, se realmente aquilo vai ser um benefício para ele. E, nesse caso, liberamos essa opção de financiamento.
Com isso, a gente abre espaço para vários motoristas. Atualmente, temos uma lista com cerca de 200 motoristas que já têm uma pré-aprovação nesses testes de crédito. Nós enviamos esses dados para a instituição financeira e, por ali, tentamos viabilizar.
O que acontece muito é que a pessoa chega aqui e começa dirigindo um Peugeot 208, e esse mesmo modelo pode vir a ser do motorista. Até para que ajude eles a ter mais cuidado com o carro e com o uso.”
Quais as expectativas para o futuro da Kapô?
“Nosso objetivo é ampliar para novas regiões, não ficarmos só concentrados em Brasília. Já estamos buscando uma nova expansão. Recentemente, tivemos a fusão com a Primavia para nos possibilitar expandir para outros segmentos do mercado.
Por exemplo, locação de veículos por assinatura, que já é uma realidade por aqui. E o nosso projeto em Brasília pede bastante, né? A gente recebe muitas solicitações para ampliar o serviço também para empresas, então já estamos entrando nesse mercado.
Recentemente, semana passada, nós trocamos toda a nossa frota de motos pela Yamaha, porque também atendemos pilotos de iFood e entregadores de aplicativos.”