Morador da cidade de Patos, no interior da Paraíba, o taxista Lidielton de Lucena Albuquerque percebeu que sua profissão estava próxima de mudar para sempre.
Quando a Uber chegou em João Pessoa, ele sabia que não demoraria para o aplicativo dominar o mercado também na cidade.
“Nós éramos todos taxistas. Quando percebemos que a Uber estava se estabelecendo em João Pessoa, entendemos que era só uma questão de tempo até ela chegar em Patos. E se isso acontecesse sem que a gente tivesse algo estruturado, poderia ser um caos”, afirmou.
A estratégia foi se antecipar. “Tomamos a decisão de criar o Gira Patos, inicialmente exclusivo para taxistas. Começamos com foco em motoristas da categoria porque acreditávamos que era a forma mais segura e controlada de oferecer um serviço de qualidade. Mas a demanda superou todas as expectativas.”
A ideia era simples: criar uma alternativa regional antes que as grandes empresas ocupassem o espaço. “Na época, não anunciamos que o app era exclusivo de táxi. Se disséssemos isso, o público poderia associar aos antigos preços praticados pelos taxistas. Começamos sem essa identificação, e só mais tarde reforçamos a marca como um serviço de taxistas”, explicou.
Com o aumento da demanda e a dificuldade de encontrar taxistas dispostos a trabalhar com aplicativo, o grupo passou a aceitar também motoristas particulares. “A procura cresceu rápido. E como não conseguíamos mais atender só com taxistas, foi necessário abrir para motoristas com carro particular.”
Inicialmente, o grupo apostou em panfletagem e ações tradicionais de divulgação, mas os resultados vieram mesmo com as redes sociais. “O Instagram foi nosso principal aliado. Fizemos parcerias com influenciadores locais e conseguimos atrair os primeiros passageiros rapidamente”, disse.
Hoje, o aplicativo conta com 123 motoristas de carro e 114 motociclistas ativos. A divisão das corridas é de aproximadamente 65% para carros e 35% para motos.
Os condutores de carro pagam uma mensalidade que varia conforme a adesão ao modelo de divulgação visual. O valor padrão é de R$ 500 por mês, mas cai para R$ 350 caso o veículo exiba o adesivo oficial do aplicativo. Já os motociclistas pagam R$ 1 por corrida, independentemente do valor da corrida.
Baixo índice de cancelamento e ganhos de até R$ 13 mil
A taxa de cancelamento média no Gira Patos é de cerca de 6%. Segundo a gestão, o aplicativo não aplica multas, mas realiza um acompanhamento próximo dos padrões de uso. “A gente monitora e, quando identifica cancelamentos excessivos por parte do cliente, entra em contato, suspende o cadastro e oferece orientação”, explicou Lidielton.
Sobre os ganhos dos motoristas, os valores variam conforme a dedicação. “Temos motoristas que faturam entre R$ 6 mil e R$ 9 mil por mês. Em junho do ano passado, um deles chegou a R$ 13 mil”, afirmou.
Plataforma já conta com 70 mil usuários cadastrados
Segundo dados da empresa, o Gira Patos já ultrapassou a marca de 70 mil cadastros de passageiros. Isso representa mais de 60% da população da cidade, consolidando o aplicativo como um dos principais canais de mobilidade da região.
A empresa já iniciou operações em uma cidade vizinha, no estado de Pernambuco, e não descarta crescer em outras regiões do Nordeste. “Nossa marca é muito forte no interior e já temos grupos interessados em levar a plataforma para novas cidades. Mas vamos com cautela.”