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Mobi 10: “Cobramos 5% de taxa para os motoristas com a corrida mínima de R$12”

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
"Carro e moto com adesivos de identificação em um estacionamento arborizado, representando motoristas de aplicativos."
Foto: Reprodução/ Mobi 10.

Aplicativo regional do interior capixaba trabalha com taxas adaptadas às regiões. 

Josimar Dias iniciou os trabalhos com os aplicativos de transporte se dividindo entre mototáxi e motorista de carro como complemento de renda. Durante um ano, ele adquiriu experiência com a mobilidade urbana, estudando sobre a forma de trabalhar, tarifas, preços e condições dos apps de transporte.

“Eu comecei a fazer mototáxi por aplicativo como complemento de renda, e percebi que estava dando resultado. Continuei e fui aumentando o tempo que dedicava ao trabalho. Nos grupos, os colegas discutiam que, em horários bons, a gente ganhava bem, mas nos ruins, éramos obrigados a aceitar corridas ruins para bater a meta. Para mim, isso era insustentável”, revela.

Dessa forma, em setembro de 2023, ele começou a desenvolver a sua própria plataforma, lançada em fevereiro deste ano. O gestor, que ainda atua como motorista, conta que investiu R$50 mil para a produção do Mobi 10.

Hoje, o aplicativo está presente em Marataízes, Itapemirim, Piúma e Cachoeiro de Itapemirim, localizadas no interior do Espírito Santo.

Com 800 motoristas cadastrados, Josimar ainda encontra dificuldades para conquistar o público local e melhorar a adesão de passageiros. Com cerca de 40 motoristas online por dia, conta com 80 corridas finalizadas diariamente. “Aos poucos, estamos conquistando a confiança dos motoristas e passageiros.”

Com uma população acostumada com uma cultura de motoristas particulares, o gestor explica que trabalha para melhorar a renda desses trabalhadores por app: “Criei essa plataforma pela necessidade de ter uma tarifa justa, de ter um valor melhor por quilômetro, auxiliando com a dinâmica. Quando não tem dinâmica nesses aplicativos grandes, o valor das corridas é péssimo. E os motoristas, como eles são totalmente dependentes dessa renda — que não é mais um complemento, mas sim a principal fonte de renda da maioria — acabam sendo obrigados a aceitar corridas com valores baixos para cumprir suas metas diárias”, diz.

Com um valor de corrida mínima de R$12 para carros e R$6 para mototáxi, o Mobi 10 realiza 1.600 corridas por mês, além da categoria de moto entrega, disponível para os motociclistas.

Qual o valor da taxa cobrada para os motoristas?
“Cobramos apenas 5%, deixando 95% do valor da corrida para os motoristas. Nosso objetivo sempre foi oferecer tarifas justas, tanto para motoristas quanto para passageiros. O intuito não era ficar rico, mas sim criar uma plataforma em que os condutores se sentissem felizes. No futuro, talvez a taxa suba para 10%, mas apenas quando estivermos mais estáveis. Por enquanto, os 5% não cobrem todos os custos, mas conseguimos manter a operação.”

Vocês trabalham com a tarifa dinâmica no Mobi 10?
“Não trabalhamos com uma dinâmica tão agressiva como as grandes plataformas. Queremos manter um valor justo tanto para o motorista quanto para o passageiro. O problema dessas dinâmicas exageradas é que elas criam uma variação muito alta nos preços. Por exemplo, uma corrida que custa R$10, em horário de pico, pode ir para R$40 em outras plataformas. Isso desagrada o passageiro. Queremos evitar essas variações extremas.”

Quais os principais desafios enfrentados nesse início de operação?
“As três cidades do litoral não têm nenhum aplicativo. Os motoristas que trabalham lá, tanto mototáxis quanto carros, fazem isso de forma particular. A população já tem o contato deles e funciona assim. A maior dificuldade é a aceitação desses motoristas em ter um aplicativo funcionando na cidade. Eles acham que vão perder os clientes para outros motoristas.

Além disso, estamos prestes a chegar no verão, e minha expectativa é alta. No verão, as cidades litorâneas normalmente triplicam sua população devido ao turismo. E a maior parte desses turistas vem da nossa cidade, Cachoeiro de Itapemirim. Então, acredito que isso pode incentivar motoristas de lá a ficarem online e também aumentar a aceitação do aplicativo pelos motoristas locais.

Estamos ajustando o valor da corrida mínima nessas cidades para que seja mais próximo do que eles já praticam por conta própria. Por exemplo, o valor mínimo da corrida de carro no litoral está em R$24,00, e para mototáxi em R$10,00. Se colocássemos os mesmos valores mínimos praticados aqui em Cachoeiro, seria praticamente impossível conquistar a aceitação dos motoristas das cidades litorâneas. Então, é um trabalho gradual de adaptação e conquista.”

Como é competir com essas grandes multinacionais na sua cidade principal, Cachoeiro?
“É um grande desafio. Como eu disse, a 99 já opera aqui há 10 anos, então eles têm uma base muito consolidada. Nosso foco é conquistar devagarzinho nosso espaço. Estamos tentando oferecer uma tarifa mais justa, tanto para o motorista quanto para o passageiro, para atrair ambos os lados.

No litoral, o maior desafio é conquistar a confiança dos motoristas e dos passageiros. Muitos motoristas já têm clientes fixos, com quem trabalham de forma direta. Então, eles ficam receosos de aderir a um aplicativo e perder esses clientes. Quanto aos passageiros, eles já estão acostumados a chamar o motorista diretamente pelo telefone. Então, estamos trabalhando devagar para conquistar essa confiança, mostrando que o aplicativo facilita tanto para o motorista quanto para o passageiro.”

O que você espera para o futuro do Mobi 10? Vocês ainda estão no primeiro ano de operação. Quais são os planos para 2025?
“Nosso principal objetivo é crescer. Queremos atrair mais motoristas e passageiros, consolidar nossa presença nas cidades onde já atuamos e, quem sabe, expandir para outras regiões. Também estamos em busca de investidores que possam ajudar no crescimento da plataforma. Até agora, investi cerca de R$50 mil do meu bolso para lançar e manter o aplicativo, e continuo investindo.”

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