A plataforma afirma que permite que pequenos negócios atendam grandes marcas por meio de sua rede de entregas integradas.
A Let’s Delivery é uma empresa com mais de 10 anos de atuação, inicialmente fundada como uma consultoria para restaurantes. O objetivo inicial era ajudar os restaurantes a estruturarem suas operações de delivery, em um período em que a demanda por esse tipo de serviço ainda era incipiente no Brasil, mas já mostrava grande potencial em mercados internacionais.
Segundo André Mortari, que hoje integra a equipe, a Let’s Delivery evoluiu para uma empresa de tecnologia à medida que o mercado de delivery no Brasil se consolidava. Ele explica que a necessidade dos restaurantes em gerenciar múltiplas plataformas de pedido, como iFood, Rappi e Uber Eats, impulsionou a criação de um agregador de pedidos: “Recebíamos pedidos de diferentes origens e padronizávamos isso em uma única central, facilitando a operação dos restaurantes”, comenta.
Com o surgimento da pandemia, a empresa enfrentou uma mudança no cenário de delivery, com o iFood dominando a maior parte do mercado. Nesse contexto, a Let’s Delivery identificou uma nova demanda: a logística de entregas. André explica que a empresa começou a fornecer soluções logísticas para os restaurantes, conectando-os a diferentes plataformas de entrega: “O pedido chegava do iFood e nós fazíamos a lógica interna para encontrar a malha logística adequada”, detalha.
Além de atender restaurantes, a Let’s Delivery expandiu seus serviços para outros segmentos, como floriculturas, farmácias, pet shops e supermercados. A empresa também passou a trabalhar em parceria com plataformas como a Machine, o que permitiu acessar uma rede de entregadores em diversas cidades, facilitando a logística em áreas menos atendidas por grandes operadoras: “A gente consegue gerar trabalho para todos, desde grandes redes até pequenos operadores locais”, afirma André.
Atualmente, a Let’s Delivery se posiciona como um sistema de gestão de transporte (TMS), conectando diferentes canais de venda e malhas logísticas. A empresa oferece uma solução integrada, que facilita tanto o recebimento de pedidos quanto a gestão de entregas, com foco em tecnologia.
Entre os diferenciais apontados por André está a flexibilidade da plataforma, que permite atender diversos segmentos de mercado, além da integração direta com grandes operadores logísticos, o que simplifica a gestão para os clientes.
Confira, abaixo, a entrevista na íntegra:
Eu queria que você contasse um pouco sobre o começo da Let’s Delivery, como ela surgiu? Quais foram as dores identificadas no mercado para criar a empresa?
A Let’s Delivery é uma empresa que tem mais de 10 anos. Começamos como uma consultoria para restaurantes, é uma empresa familiar. Quem fundou foi minha mãe. A ideia original da Let’s Delivery era ajudar restaurantes a entrarem no mercado de delivery, isso por volta de 2015, quando os aplicativos ainda não eram tão fortes. Eles estavam começando a ganhar tração e já existia um cenário muito positivo, um grande potencial, por conta do que já víamos fora do país. Nos Estados Unidos, por exemplo, o mercado de aplicativos já era grande, assim como na Índia e na China. A Sandra, minha mãe, já estava no mercado de gastronomia e começou a perceber essa dor. Ela começou a ajudar os restaurantes a se estruturarem no delivery. Com o tempo, minha irmã, que era formada em gastronomia, entrou no negócio. Até que chegou uma hora em que a consultoria deixou de ser apenas uma consultoria e acabou se transformando em uma empresa de tecnologia, que foi quando eu entrei.
Já existia uma necessidade dos restaurantes de gerenciar múltiplas plataformas de mercado, como iFood, Rappi, Uber Eats, Aiqfome, 99Food, Delivery Direto, uma série de plataformas para receber pedidos. Os restaurantes já estavam conscientes da importância de estar nesses aplicativos, mas faltava uma solução tecnológica para fazer esse negócio funcionar de forma eficiente. Então, entrei para criarmos nosso agregador de pedidos. Basicamente, recebíamos pedidos de diferentes origens, padronizávamos isso para o restaurante em uma única central, com tudo de forma organizada, com um cardápio único, um comando único, e os pedidos chegavam de maneira padronizada. Isso tornava o processo muito mais simples. A gente vendia esse produto. Aí veio a pandemia.
A pandemia reduziu muito o número de aplicativos no mercado, e o iFood dominou cerca de 90% do mercado de delivery de comida. Durante esse período, como agregadores, perdemos muita relevância. Foi quando descobrimos outra dor: a logística. Percebemos que, assim como fornecíamos a entrada de pedidos, poderíamos fornecer a saída, ou seja, oferecer alternativas de entrega para os restaurantes. Começamos a dizer aos restaurantes: “Receba o pedido do iFood e nós cuidamos da malha logística para você.” Então, começamos a integrar com empresas como Uber, Rappi, Box (que não era da Rappi ainda), Lalamove, entre outras. Alguns continuaram, outros mudaram, mas fomos integrando com todos esses players.
O pedido chegava do iFood, e nós fazíamos uma lógica interna para encontrar a malha logística adequada, a malha logística enviava pro motoboy, que finalizava o processo de entrega. Com o tempo, deixamos de atender apenas restaurantes e passamos a atender floriculturas, farmácias, pet shops, e-commerces, supermercados, lojas de conveniência, entre outros segmentos que fazem entregas de curta distância. Isso nos permitiu atender diversos tipos de negócios.
Também nos conectamos com plataformas, porque entendemos que ao nos conectarmos com a Machine, por exemplo, conseguíamos acessar uma única base de entregadores, o que facilitava muito, e trazia os clientes também. A gente atende clientes como Raia e Drogasil, por exemplo. O pedido chega aqui e, através da Machine, consigo encontrar entregadores em diversas cidades, como Itapipoca, no Ceará. Vou lá, vejo a disponibilidade e conecto o pedido, sem precisar desenvolver uma tecnologia para ele.
Essas plataformas, como a Machine, facilitam muito o nosso trabalho. Muitas vezes, têm pequenos operadores em cidades menores, e conseguimos acessar essa malha para atender clientes grandes. Em Fortaleza, por exemplo, trabalhamos com a Oxente, e nos integramos com a Raia lá. Tudo isso é feito via Let’s Delivery e Machine. Não usamos a Machine como plataforma principal, mas sim integrada, para acessar os clientes. Isso gera um ganho para todos: para o meu cliente, que tem mais capilaridade, para nós, que economizamos tempo, e para os pequenos operadores, que conseguem mais clientes, como Raia, Drogasil, Pague Menos, Swift, Oxxo, entre outros. A gente consegue gerar trabalho para todos.
Você poderia explicar como funciona essa malha logística, o serviço que vocês oferecem?
Basicamente, somos um TMS, ou seja, um sistema de gestão de transporte. Conectamos com múltiplos canais de vendas e com diferentes malhas logísticas, de diversos tamanhos e estilos. Temos integração com players tradicionais e internacionais, como Uber e 99, que atuam com entregadores autônomos ligados a elas. Também temos integrações diretas com plataformas como Machine, Aiqfome e Delivery Direto, que são operadores logísticos ou plataformas de tecnologia para quem deseja operar no mercado de logística.
Então, recebemos pedidos de diferentes origens, como iFood, Rappi, ou mesmo de canais próprios dos clientes. Baseado nas regras de negócio e nas regiões onde o cliente atua, encontramos a malha logística adequada para fazer aquela entrega. Esse é o modelo que a gente atua. Meu ganho não é na logística, é com tecnologia.
Vocês continuam oferecendo as operações que faziam no início ou apenas as novas soluções?
Continuamos oferecendo os dois. Para restaurantes, por exemplo, oferecemos a possibilidade de ter mais opções de malha logística, usando nossa plataforma. A gente tem restaurantes que trabalham com a modalidade híbrida, que é quando eles têm entregadores próprios e, quando precisam, usam nossa solução. Outros trabalham só com a gente para gerenciar suas entregas.
Como funciona o processo de integração dos restaurantes na plataforma? Vocês oferecem treinamento, suporte?
Sim, temos uma equipe de onboarding. A primeira etapa é a apresentação do sistema, mostramos todas as funcionalidades e também fazemos uma análise financeira para o estabelecimento. Nem sempre faz sentido o cliente usar nosso serviço, e somos muito transparentes quanto a isso. Às vezes o cliente não tem uma volumetria, e somando os custos da logística e tecnologia, não faz sentido para ele. A gente não empurra o produto se não faz sentido. Após essa etapa, se o cliente decidir seguir em frente, assinamos o contrato e iniciamos o processo de integração, que é rápido e simples.
Como funciona o sistema financeiro?
Temos a mensalidade, mas a parte logística é adaptada, de acordo com o volume de pedidos. Quanto maior o volume, menor o custo unitário, porque temos mais chamadas de API, mais suporte, etc. A mensalidade é variável de acordo com o tipo de cliente. Grandes redes, como Raia e Pague Menos, têm uma negociação diferente de pequenos restaurantes. Ao atender essas pessoas, eu tenho níveis diferentes de serviço. A mensalidade tem um padrão para restaurantes menores, e outros para clientes multilojas. São dois serviços separados: a mensalidade e o custo da gestão da logística.
Qual é o perfil típico dos usuários de vocês atualmente?
Dá para colocar de duas formas: em número de CNPJs, os restaurantes ainda têm um peso maior, porque há mais restaurantes do que farmácias, por exemplo. Uma rede de farmácias, por mais que tenha mais lojas, é um contrato para todos os pontos de venda. O restaurante já é um para cada, a não ser que seja uma rede grande, como a gente tem a Vivenda do Camarão, Divino Fogão, etc.
Em volume de pedidos, o mercado já migrou, principalmente, para farmácias, seguido de pet shops, supermercados, e lojas de conveniência.
Qual você diria que é o diferencial da Let’s Delivery, em relação a outras plataformas?
Tem duas coisas importantes que temos de feedback e no porquê as pessoas nos buscam. Acredito que nosso diferencial está na facilidade de integração. Temos uma plataforma muito flexível, que permite atender diversos segmentos, com regras de negócio já prontas para diferentes tipos de pedidos. Por exemplo, a floricultura é muito pedido agendado, e a gente consegue atender. A nossa plataforma é bastante ampla para todos os tipos de pedidos.
Além disso, temos contratos diretos com operadores, como Uber e 99, o que facilita a gestão para os restaurantes, que podem centralizar o pagamento e a conciliação de pedidos através da nossa plataforma.
O nosso cliente, por mais que use plataformas menores em estados diferentes, ele não paga cada corrida. A gente faz o gerenciamento dos pedidos e pagamentos.
Vocês têm planos de expansão ou novas funcionalidades? Qual é o futuro da Let’s Delivery?
Nosso objetivo é continuar expandindo a malha logística, trazendo mais players para dentro de casa. Atualmente, trabalhamos com mais de 50 malhas cadastradas. Queremos continuar aumentando nossa capilaridade, especialmente em regiões onde ainda há carência de serviços de delivery. Queremos cobrir o máximo de localidades possíveis. Nós sabemos que há muitos lugares que tem demanda para delivery, mas falta a estrutura.
Sobre as funcionalidades, a gente entende que quem manda é o cliente, seguimos o feedback deles. Então, estamos focados em desenvolver coisas como roteirização de pedidos e otimização de custos para os clientes. Queremos também trazer mais transparência para que os operadores consigam melhorar suas operações e captar mais pedidos.
O que eu acho que vale destacar sobre a Let’s é que, através de conexões com a Machine, por exemplo, a gente permite que pequenos empreendedores estejam felizes, e recebendo muitos pedidos, do Brasil todo e de grandes marcas. Às vezes tem demanda de delivery, e não tem empresas fazendo entregas. Nosso negócio é atender essas necessidades.