Grasi Motovlog descreve a experiência de atuar como entregadora e influenciadora digital.
A influenciadora Grasi Motovlog iniciou sua trajetória profissional no final da pandemia, buscando flexibilidade após enfrentar jornadas extensas no comércio.
Com o desejo de equilibrar trabalho e estudos, Grasi decidiu ingressar no universo das entregas, começando como ciclista no iFood: “Decidi fazer entregas. Iniciei pelo iFood como bike, e pouco tempo depois consegui tirar minha habilitação e migrei para a moto. Estou nessa até hoje.”
Além do iFood, ela passou a atuar em outras plataformas, incluindo Uber e Lalamove, conciliando também serviços particulares: “Minha conta da Uber já tem 5 anos, e também faço Lalamove, outros apps e particulares.”
Mesmo antes de virar influenciadora, Grasi já tinha familiaridade com a criação de conteúdo, mas nunca havia explorado as redes sociais para isso: “Eu gravava os conteúdos da loja, mas nunca mexi na minha rede social para fazer esse tipo de coisa. Eu tinha muita aquela ideia de: ‘Ah, não vai dar certo. Ah, não vale a pena. Ninguém vai querer ver. Quem vai querer ver eu fazendo entrega?’ Ficava nessa ideia.”
O incentivo para começar veio de um colega influenciador, Ralf MT, que a encorajou após um encontro inesperado durante uma entrega: “Ele falou: ‘Cara, começa a gravar. Você fala muito bem. O pessoal vai gostar de assistir.’ Aí, na pilha dele, eu comecei. Mas eu achei que não ia dar certo. Tipo assim, eu não tava botando nem um pingo de fé.”
Mesmo com receios, Grasi começou a postar vídeos no TikTok, Instagram e YouTube: “Postei três vídeos no YouTube e, quando fui ver, começou a chegar muita notificação. Do nada, muita notificação! Falei: ‘Gente, não é possível!’ Quando fui olhar, um vídeo estava com, acho que, mais de 100 mil visualizações. Era vídeo de entrega’”
O crescimento trouxe visibilidade para o trabalho de Grasi, chamando atenção de plataformas como o iFood. “Às vezes, eles me chamam para fazer algumas coisas. Foi assim, do nada.”
Grasi conta que conciliar as entregas e seu trabalho como criadora de conteúdo é, muitas vezes, desafiador: “É muito corrido, porque eu faço tudo, né? Eu gravo, edito, crio o script. Tenho que fazer tudo, então é muito complicado.”
Apesar das demandas da produção de conteúdo, Grasi afirma que as entregas continuam sendo sua principal atividade: “Meu trabalho principal é a entrega. Eu gravo as entregas, e, mesmo assim, ainda dá para levar. Os aplicativos que eu mais trabalho são iFood e Uber. São os meus preferidos. Acho que são os que pagam melhorzinho entre os aplicativos hoje em dia.”
Sobre a remuneração, Grasi revela que ainda depende mais das entregas do que das redes sociais: “Minha conta no YouTube é monetizada, e eu consigo tirar o equivalente a uma semana e meia de trabalho com o YouTube. Estou conseguindo uma renda legal por lá, e, às vezes, fecho algumas parcerias. Mas é algo muito incerto, né? Tem mês que tem, tem mês que não tem. Então ainda fico 100% dependendo das entregas.”
Desafios no dia a dia de entregas e gravações
Grasi conta que enfrentou desafios significativos ao conciliar as entregas com a produção de conteúdo, especialmente por questões de segurança: “Eu sempre quis gravar as entregas, e não só por conta de ter um conteúdo, mas também por segurança. Só que, na minha região, onde atuo, é muito perigoso. Meu maior desafio hoje é escolher uma região para gravar. Eu moro na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, e, dependendo da área onde eu entrar com uma câmera, eu não volto. Essa é a realidade.”
Atualmente, Grasi utiliza o celular e uma câmera acoplada ao capacete para registrar sua rotina, mas precisa adaptar suas gravações dependendo da área: “Às vezes, tenho que tirar tudo, parar de gravar, para poder entrar em alguma área de risco. E aqui tem muitas. Gravar conteúdo no Rio de Janeiro é muito difícil por conta disso.”
Mesmo com essas dificuldades, Grasi diversifica suas rotas entre diferentes regiões: “Eu rodo na Baixada Fluminense. De vez em quando, vou para a Zona Sul do Rio, Zona Oeste, Barra, e o Uber sempre toca direto para Niterói. Às vezes, faço um pouco de iFood lá, que é bem mais tranquilo.”
Inspiração para mulheres no ramo
Grasi acredita que cada vez mais mulheres estão ingressando no ramo de entregas, mas aponta que muitas ainda hesitam devido a medos relacionados à segurança: “As mulheres, na maioria das vezes, não vão porque têm medo: medo de carregar um passageiro que seja homem, medo de fazer entregas dependendo do horário ou da área de trabalho. Então, o que eu mais quero passar, e tento mostrar, é que é tranquilo para elas fazerem.”
Ela reforça a mensagem de que as mulheres podem superar essas barreiras: “Se inspirem! Tipo assim: ‘Você consegue também.’ Não importa se te falam: ‘Ah, você é mulher, não vai conseguir fazer entrega.’ É um trabalho simples, você vai conseguir.”
Para garantir sua segurança, Grasi adota diversas estratégias durante o trabalho: “Dependendo do horário que vou rodar, eu uso tanta roupa que nem parece que sou mulher. Faço isso para passar batido, para não chamar atenção, sabe? Mas, dependendo da região, às vezes é até melhor parecer mulher do que parecer homem.”
Outra medida que Grasi implementou foi evitar subir em prédios para realizar entregas: “Com essa campanha do iFood, agora os clientes descem, então não subo mais. Sempre tento informar ao cliente no chat que sou mulher e presto muita atenção na localização das entregas e no comportamento do cliente.”
Ela também observa que, ao saberem que uma mulher está fazendo a entrega, os clientes costumam agilizar o atendimento: “Quando a pessoa vê que é uma mulher, já tenta agilizar e tem um pouco mais de cuidado.”
Grasi também reforça a comunicação com os clientes nos aplicativos, especialmente em casos em que o aplicativo não deixa claro que a entregadora é mulher: “Tento sempre avisar no chat do cliente para ele ver que realmente é uma mulher que está entregando. Porque, apesar das notificações que o aplicativo manda, às vezes a pessoa não presta atenção e acaba pedindo para subir.”
Planos futuros
Grasi Motovlog tem planos ambiciosos para sua trajetória como criadora de conteúdo e busca consolidar ainda mais sua presença no universo digital: “O meu sonho hoje é conseguir viver da internet, que é o que todo mundo almeja quando começa no meio de rede social. Como eu não produzo só conteúdo de entregas, faço também vídeos de viagens e tal, queria muito conseguir viver disso.”
Para alcançar esse objetivo, Grasi pretende continuar desenvolvendo conteúdos relevantes e diversificados: “Quero trazer sempre um conteúdo que seja legal para a galera.”
Ela compartilha que já teve experiência com redes sociais antes de começar como influenciadora, mas precisou abrir mão de sua formação acadêmica temporariamente para se dedicar ao trabalho e às entregas: “Eu estava estudando Publicidade e Propaganda, mas parei um pouquinho, fiquei meio na dúvida, para poder gravar o quanto consigo. Porque eu não consigo conciliar faculdade, criação de conteúdo e trabalho no aplicativo. É praticamente impossível.”
Ainda assim, Grasi não descarta retomar os estudos no futuro, seja por meio de uma graduação ou de outros formatos de aprendizado: “Espero conseguir voltar a estudar. Não precisa ser necessariamente uma faculdade, mas quero me aperfeiçoar para realmente me manter nas redes sociais.”
Apesar da rotina exigente, ela encontra grande satisfação na criação de conteúdo: “Não é só um trabalho para mim; é algo que eu realmente gosto de fazer. Apesar de ser muito trabalhoso, é muito prazeroso.”