O entregador Roberto Cosme conta que uma entrega de valor mínimo, como R$10, não compensa quando envolve subidas em morros ou trajetos extensos.
Ser entregador em Santos, cidade litorânea com um perfil turístico e urbano, é uma realidade que mistura oportunidades e desafios. Roberto Cosme, entregador há quase cinco anos, compartilha sua trajetória e as nuances de trabalhar na cidade.
Como muitos brasileiros, Roberto iniciou sua jornada como entregador durante a pandemia de COVID-19. A necessidade de uma renda extra e a busca por se reinventar em meio à crise foram seus principais motivadores: “Foi uma forma de continuar ativo, mesmo em um momento tão complicado”, relembra.
Em Santos, a geografia da cidade e as dinâmicas urbanas moldam o trabalho dos entregadores. Roberto aponta que as regiões próximas aos shoppings são as mais lucrativas: “Há um grande número de lojas e restaurantes, então a demanda é alta.”
Em contrapartida, os morros e zonas periféricas representam um risco: “São áreas com histórico de assaltos e onde o trânsito pode ser complicado, o que torna as entregas mais perigosas.”
Os principais aplicativos em operação na cidade são iFood e Rappi. Cada plataforma tem suas particularidades, mas a insatisfação com o valor pago por longas distâncias é unânime entre os entregadores. “Uma entrega de valor mínimo, como R$10, não compensa quando envolve subidas em morros ou trajetos extensos.”
Além disso, a relação com os consumidores nem sempre é tranquila: “Às vezes, os aplicativos não fornecem o endereço correto, o que gera atrasos e frustrações. Mas sempre mantenho respeito e simpatia para garantir uma boa experiência ao cliente”, destaca Roberto.
O rendimento médio de um entregador em Santos varia bastante, dependendo do aplicativo e da demanda diária. Embora as entregas em áreas centrais sejam as preferidas, subidas em apartamentos sem elevador e longas distâncias são amplamente rejeitadas: “É difícil justificar tanto esforço por um valor baixo”, explica.