Alfa Car: “Tem motorista que faz R$ 15 mil por mês, cobramos uma taxa de R$ 60 por semana e o restante é dele”

ponto de exclamacao .png
Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Carro adesivado, Alfa Car. Foto: Reprodução/ arquivo pessoal.

Paulo Ubiratan é diretor e presidente da cooperativa de motoristas Alfa Car na cidade de Alfenas, interior de Minas Gerais. Em entrevista para o 55content, o gestor explicou mais detalhes da operação e das dificuldades de atuação em sua região.

Ele contou que a ideia surgiu há dois anos, quando oito motoristas decidiram se unir após a insatisfação com outras plataformas regionais e, a partir de então, criaram o próprio modelo de negócio: “Essas empresas trabalhavam de forma desonesta, distribuíam corridas para as pessoas que pagassem mais porcentagem para eles”, diz.

Em sua entrada, Paulo contou que atuou na configuração do sistema e foi responsável por resolver todos os problemas relacionados à plataforma: “Aqui, a Uber e a 99 não operam, mas sei que, em outras cidades, elas chegam a cobrar até 40% dos motoristas”.

Ele ainda destaca que a cooperativa trabalha com um estatuto, que é a lei que rege a plataforma, e um regimento interno, que define condutas e regras.

“Por exemplo, sobre vestimenta: não é permitido trabalhar de chinelo ou roupa inadequada. Prezamos pela qualidade, algo que falta nas outras plataformas, onde os motoristas podem trabalhar de qualquer jeito. Criamos a cooperativa para corrigir o que estava errado nas plataformas de Alfenas, buscando oferecer o melhor atendimento”.

Quando questionado sobre planos de expansão, Ubiratan explica que planejam abrir quatro filiais. E, em cada cidade, pretendem ensinar como abrir sua própria cooperativa, mantendo vínculo com a Alfa Car para oferecer suporte: “Já passamos por muitos desafios nesses dois anos e queremos compartilhar nosso aprendizado para que outros não cometam os mesmos erros”.

Apenas quem é cooperado pode se cadastrar no aplicativo. Para isso, o motorista precisa pagar uma cota social, que equivale a 50% de um salário mínimo e pode ser parcelada em até quatro vezes: “Também selecionamos os motoristas cuidadosamente, por indicação ou análise de conduta”.

Qual o número médio de corridas mensais?

Mensalmente, chegamos a realizar cerca de 30 mil corridas finalizadas. Para uma plataforma que tem apenas dois anos, considero esse número ótimo. Todos diziam que não duraríamos, mas estamos firmes e crescendo.

Qual é o valor da corrida mínima do aplicativo?

Hoje, a corrida mínima está em R$10,99. Essa é a tarifa base. Os motoristas têm apenas a obrigação, decidida em reunião, de ajudar com custos como contador, advogado, plataforma e o mapa.

Eles pagam R$60 por semana e o restante do que ganham é inteiramente deles. Somos o mais barato da cidade, ajudamos a população e nossos cooperados.

O nosso preço é muito competitivo e trabalhamos para oferecer um real abaixo do mercado como desconto para o cliente. Mesmo assim, os motoristas ganham mais, já que não pagam taxas. Aqui na cidade, as outras empresas chegam a cobrar até 25% de comissão.

Como funciona a competição com outras plataformas regionais?

Ainda há um aplicativo que lidera a cidade, mas ele está no mercado há cinco anos, enquanto nós estamos há dois. Contudo, já ultrapassamos outro concorrente e ganhamos o prêmio de melhor aplicativo de mobilidade da cidade no ano passado.

Temos parcerias importantes, principalmente com universidades, já que Alfenas é uma cidade universitária. Também temos parcerias com atléticas e comércios locais.

Hoje, somos o aplicativo mais barato e ainda oferecemos descontos para estudantes. Tenho certeza de que, em breve, ultrapassaremos o concorrente que ainda está à frente.

Vocês trabalham com iniciativas para motivar os motoristas, como sorteios ou incentivos?

Sim, premiamos mensalmente os motoristas que se destacam. Por exemplo, em dezembro, o motorista que mais fez corridas ganhou uma cesta de Natal grande. Ele também havia ganhado em novembro. Se você olhar nosso Instagram, verá algumas dessas premiações.

Qual é a média de faturamento que um motorista pode alcançar com o aplicativo de vocês?

No mês passado, o motorista que mais faturou ganhou R$15 mil brutos. Claro que há despesas, como combustível e depreciação do veículo, que devem ser calculadas. Muitos motoristas entram em dívidas por não fazerem esses cálculos corretamente.

Como funciona a tarifa dinâmica?

A tarifa dinâmica funciona como um multiplicador, mas é ativada manualmente para não prejudicar os clientes. Ela é aplicada em situações de alta demanda, como em dias de chuva ou falta de carros disponíveis. Após as 22h, a bandeira 2 é ativada automaticamente, com valores de R$12,97 de segunda a quinta e R$15 nas sextas, sábados e domingos.

Que tipo de conhecimento ou habilidade você acha essencial para um gestor de aplicativo?

Saber ouvir é fundamental. Muitos proprietários de plataformas não escutam os motoristas, o que gera conflitos. Sempre deixo meu WhatsApp aberto e meu escritório disponível para quem precisar conversar, mesmo de madrugada. É importante ser humano e lembrar que os motoristas estão arriscando seus carros e vidas nas ruas.

Quais os planos e metas para o futuro?

Queremos aumentar o número de corridas em 25%. Em dezembro, distribuímos 10 mil panfletos e investimos em mídia digital no Instagram. Também buscamos novas parcerias com atléticas e planejamos iniciativas sociais, como doação de cestas básicas e apoio à Secretaria de Saúde. Vamos focar em atender toda a população, além dos estudantes.

Pesquisar