O Ubra está presente em 17 cidades: “Temos o taxímetro e o pedágio virtual. O GPS identifica que o trajeto passa por uma rota específica, e o pedágio virtual é adicionado ao valor total da viagem”.
James Angeli e Maicon Gonçalves são gestores e fundadores do aplicativo regional Ubra, presente no Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, atuando em 17 cidades do território nacional.
James conta que iniciou sua jornada com a mobilidade urbana em 2016, quando se cadastrou para trabalhar como motorista da Uber: “Aquela época em que aconteciam muitas brigas com os motoristas de táxi, havia uma guerra”.
Logo em seguida, ele conheceu outro aplicativo regional, no qual trabalhou como sócio-operador em sua cidade. Foi então que conheceu Maicon, que exercia a mesma função no Rio de Janeiro.
“Ganhei dinheiro, implantamos a mobilidade na cidade, éramos líderes na região”, diz.
Segundo ele, o dono da empresa começou a agir de forma inadequada com os sócios-operadores, deixando de pagar as suas respectivas partes do contrato. “No Ubra, o sócio da cidade tem total liberdade de gerir o recurso dele.”
Nesse contexto, os futuros fundadores do Ubra, que já atuavam como sócios-operadores em diferentes cidades, decidiram unir forças. E então surgiu a ideia de criar um novo aplicativo.
“Trouxemos para a plataforma todas as dores que nós tínhamos, e que a antiga plataforma não nos deixou executar, nos podou. A gente trouxe a liberdade para os nossos parceiros de negócio nas cidades, que hoje em dia nós temos vários, poderem administrar e fazer”, explica James.
Por sua vez, Maicon explica: “Cheguei na minha cidade aqui em Nova Friburgo, RJ, uma cidade com 200 mil habitantes, até 600 motoristas cadastrados e 20 mil downloads. Nós fazíamos um número grande de corridas. Só que começou a ter muito arranho tecnológico. Começamos a perceber que estava bloqueando e travando as corridas”.
Unindo a insatisfação, os gestores criaram o Ubra e aconselham os sócios a não ultrapassarem a taxa de 20% cobrada por corrida. Além disso, há cidades que contam com o modelo de mensalidade que vai de R$380 a R$500. “Isso depende do número de cidades que você agregar e de acordo com o número de habitantes também. A gente é muito justo nisso”, diz Gonçalves.
E ainda explicam: “No final do faturamento líquido do operador, a gente pega de forma crescente de 5% até 20% do faturamento dele. Então, quanto mais ele ganha, mais ele paga. Se o cara faturar R$50 mil, são tirados 20% para a empresa. O teto máximo é 20%”.
Quando questionados sobre os valores de taxa mínima cobrada para os motoristas, explicam que cada gestor regula de uma forma de acordo com os números da cidade, mas que ficam entre R$9 e R$12.
“O motorista fica com no mínimo 85%; o máximo que cobramos é 15%”, completa o gestor carioca.
Sobre as dinâmicas, James revela: “Geralmente, o nosso pessoal, pela experiência de dois anos já, gosta de colocar dinâmica na madrugada. Para incentivar o motorista a ficar ou até mesmo valorizar o trabalho dele, que está deixando de dormir para trabalhar. Então, costuma-se adicionar das 11h da noite às 6h da manhã”.
Qual o valor médio de faturamento dos motoristas?
No geral, vou dizer que tem motorista que hoje chega a faturar R$7.000 líquidos. Isso porque tem cidade com corridas de R$12,00 e que rodam, no máximo, 2 km.”
Uma das características que valorizam bastante a tarifa do Ubra é o taxímetro e o pedágio virtual. Trata-se de uma funcionalidade em que, ao identificar que existe uma via que leva para fora da cidade, como no caso de um morador de um vilarejo que precisa se deslocar até a cidade para fazer compras, o sistema aplica automaticamente um valor adicional à corrida.
Sempre que o passageiro solicita uma corrida para essa localidade, e o GPS identifica que o trajeto passa por essa rota específica, o pedágio virtual é adicionado ao valor total da viagem. Essa funcionalidade é configurada pela plataforma, permitindo que o motorista receba um adicional justo pelo deslocamento.
Como vocês fazem a divulgação do aplicativo?
Um exemplo claro desse modelo é o caso de São Gabriel, que, em apenas três meses, já conseguiu dominar toda a cidade. O gestor local adotou uma estratégia inovadora: ele compra combustível antecipadamente nos postos de gasolina e organiza campanhas direcionadas aos motoristas.
A lógica é simples: em vez de investir em ações de alto custo, como a compra de um carro zero por R$100 mil para premiar apenas um motorista, ele prefere usar esse recurso de forma mais ampla. Com aproximadamente R$6 mil, ele divide os benefícios entre 50 ou 80 participantes, tornando a premiação mais inclusiva e atrativa.
As campanhas são realizadas quinzenalmente e premiam os motoristas com melhor desempenho, como maior número de corridas realizadas. Além disso, ele registra o momento da premiação, tira fotos, publica nas redes sociais e distribui celulares como incentivo.
Essa abordagem fortalece a identidade do Ubra, já que todos os carros são identificados, e a adesão dos motoristas à proposta é evidente. Inclusive, segundo relatos, muitos motoristas de outras plataformas migraram para o Ubra devido à seriedade e ao suporte oferecidos.
Essa gestão local personalizada tem sido um diferencial importante, garantindo a satisfação dos motoristas e consolidando o Ubra como uma escolha sólida no mercado.
Como é competir com as multinacionais?
Fora das grandes capitais e dos grandes centros, em cidades com até 200 mil habitantes, o principal concorrente não é a Uber ou a 99, mas sim os aplicativos locais.
Nas cidades maiores, com mais de 200 mil habitantes, o cenário muda. A Uber, a 99 e a inDrive são as grandes concorrentes, mas ainda não estamos presentes nesses mercados maiores. Então, o foco está em cidades menores, com 80, 50, 30 ou até mesmo 10 mil habitantes.
A ideia é começar a povoar essas regiões e criar o chamado ‘efeito caracol’. Quando se domina essas cidades menores, cria-se uma base sólida que, com o tempo, se expande para as capitais.
Que tipo de conhecimento ou habilidade vocês acham que é essencial para um gestor de aplicativo?
Relacionamento. Isso é fundamental: saber lidar com pessoas. Na ponta, o motorista só vai ligar o aplicativo se perceber que, por trás, existe alguém que o valoriza, que investe na sua vida e que estabelece uma tarifa justa.
Uma resposta
Quando vai ter em santa Catarina