Com foco na culinária asiática, o Namajô se destaca pela criação de marcas próprias e a aposta em delivery e eventos para atender às demandas do mercado.
O restaurante Namajô é um estabelecimento especializado em culinária japonesa, com unidades no Rio de Janeiro e em Niterói.
Fundado por Joana Rigó e Marina Paysan, oferece um cardápio que vai além do tradicional, abrangendo também opções de comida chinesa e pratos plant-based, com foco em atender diferentes públicos por meio de suas três marcas: Namajô, Box do Oriente e Namajô Veggie.
Em entrevista exclusiva à equipe do 55content, as empresárias contam mais sobre a trajetória delas e do restaurante.
Origem e trajetória
O restaurante foi fundado em 2018, por Joana e Marina, que vieram de áreas diferentes antes de ingressarem no ramo da gastronomia: “A Marina trabalhava com moda, e eu trabalhava em banco. Compramos uma franquia de temakeria, mas com seis meses, essa franquia quebrou”, relembra Joana.
A partir dessa experiência, as duas decidiram criar o próprio restaurante: “Foi natural que a gente montasse o nosso restaurante. Criamos o Namajô, que é a junção dos nossos nomes, Marina e Joana.”
Com o tempo, o Namajô evoluiu de uma temakeria para um restaurante japonês completo, além de expandir para as três marcas.
Novas marcas e atendimento ao cliente
O Namajô construiu suas marcas a partir de um processo natural de escuta ativa e compreensão das demandas dos clientes, segundo as fundadoras: “Essas marcas foram surgindo também como um processo natural, começando com a procura dos clientes e a nossa escuta ativa, entendendo o que o cliente quer, o que ele precisa”, explica Joana.
Entre as marcas criadas, está o Namajô Veggie, voltado para o público plant-based, com um cardápio exclusivo tanto no iFood quanto na loja presencial: “No Namajô Veggie, temos um cardápio exclusivo. Quando o cliente entra no restaurante, ele pode receber um cardápio à parte. Sempre estivemos muito atentas às tendências do mercado”, afirma Marina.
Ela completa que esse cardápio foi cuidadosamente pensado para atender também às restrições alimentares, com legendas que indicam a presença de glúten, lactose e outros elementos.
Outro exemplo é o Box do Oriente, criado para atender à demanda por comida chinesa na região: “A gente viu uma oportunidade de mercado para trabalhar com a comida chinesa e iniciamos esse projeto”, explica Joana.
Marina destaca o comprometimento das fundadoras em compreender universos que inicialmente não faziam parte de suas rotinas: “Eu e a Joana não somos vegetarianas, não éramos adeptas a esse estilo de vida. Mas fomos atrás disso, falamos com clientes, trocamos ideias, chamamos eles para fazer teste com a gente. Trabalhamos com muita humildade nesse sentido, para conhecer o mundo deles, que era muito novo pra gente”, relata.
O resultado foi positivo e surpreendente: “Os clientes abraçaram a nossa causa. Hoje, está sendo um sucesso que surpreendeu muito a gente”, completa Marina.
Foco no delivery e parceria com o iFood
A pandemia de COVID-19 foi um ponto de inflexão para o Namajô, marcando uma reviravolta em sua estratégia de vendas: “Como já sabíamos trabalhar, já estávamos no iFood e tínhamos um bom delivery, conseguimos explodir nas vendas”, explica Joana.
Contudo, o cenário de incertezas gerou inseguranças iniciais: “Fizemos uma reunião, eu e a Marina, morrendo de medo. A Marina é mais razão, eu sou mais emoção. Eu chorando, pensando: ‘Como é que vai ser? A gente vai ter que demitir? O mundo vai acabar?’”, relembra.
A inspiração veio de um episódio inusitado. Durante uma ida ao drive-thru do McDonald’s, Marina observou uma operação eficiente e cheia de movimento: “Ela me ligou do drive e falou: ‘Cara, cancela tudo o que a gente pensou até agora. Ao invés de demitir, a gente vai contratar. Vamos jogar todos os funcionários para dentro do delivery e vai dar certo.'”
Essa mudança de estratégia foi implementada em meia hora e trouxe resultados expressivos: “Foi a melhor coisa que fizemos, porque a nossa venda explodiu. Chegamos a ter problema por não conseguir atender à demanda. Tivemos que nos ajustar, contratar mais pessoas, e depois disso não parou mais”, conta Joana. “Hoje, o delivery representa cerca de 70% a 75% da nossa venda”. De acordo com informações da empresa, o faturamento chegou a mais de R$6,5 milhões no último ano.
O Namajô opera com exclusividade no iFood, mas também conta com um aplicativo próprio e um site para pedidos diretos: “Temos nosso aplicativo que você pode baixar na Apple Store, no Google Play. Também temos o site, e a pessoa pode fazer compra por lá. Mas o iFood tem uma representatividade muito maior no delivery do que o nosso aplicativo”, explica Marina.
O crescimento do delivery também trouxe oportunidades de colaboração. Em 2022, o iFood convidou o Namajô para participar do Fórum de Restaurantes, um projeto de melhoria contínua: “Era exatamente sobre isso: eles entenderam que o delivery envolve três partes: o cliente, o restaurante e o intermediário, que, no caso, é o iFood, e que essa relação com o restaurante não estava boa. Então, eles chamaram 20 donos de restaurantes de todo o Brasil para apontar o que poderia melhorar e desenvolver um projeto de melhoria contínua”, detalha Joana.
Ao final do primeiro ano no fórum, Joana e Marina foram convidadas para integrar o conselho do projeto, continuando a contribuir com sugestões e melhorias: “Esse projeto foi muito legal, porque, realmente, quando você melhora para uma parte, acaba melhorando para o todo. Quando você melhora a estrutura para os restaurantes, isso reflete para o cliente também”, afirma Joana. As reuniões são realizadas periodicamente na sede do iFood em São Paulo, onde as empresárias seguem contribuindo para avançar a plataforma.
Desafios e perspectivas
Marina conta que, durante a operação, elas enfrentam desafios: “Eu acho que não tem um negócio fácil hoje. Existem muitos impostos, muitas leis, muitas especificações que a gente precisa cumprir, e isso não é fácil, como qualquer empreendedor sabe. Acho que esse é o maior desafio que a gente tem”, destaca Marina.
Na culinária japonesa, especialmente na japonesa, vegana e vegetariana, a contratação de mão de obra qualificada também se apresenta como um obstáculo: “Conseguir uma mão de obra qualificada não é fácil, porque não existem tantas pessoas disponíveis no mercado”, explica.
Para enfrentar esse desafio, o Namajô implementou projetos internos voltados à formação de novos profissionais: “Hoje, nós temos alguns projetos dentro da empresa para auxiliar nessas contratações. Por exemplo, a gente trabalha com estagiários, que são adolescentes ou jovens estudantes que querem fazer um estágio para aprender uma profissão, para conhecer um novo mundo profissional”, afirma Marina.
Esses estagiários têm a oportunidade de desenvolver suas habilidades e, muitas vezes, seguem na empresa: “Muitos deles acabam, depois de um tempo, sendo contratados como auxiliares de cozinha ou atendentes. Então, a gente faz um plano de carreira para eles, o que nos ajuda a ter mais facilidade na contratação desses profissionais, como cozinheiros e atendentes”, conclui.