“Monopólios das plataformas deveriam ser mais questionados”, diz economista

A imagem mostra uma mochila de entrega presa na garupa de uma motocicleta, com um entregador ao fundo, simbolizando o dinamismo do serviço de entregas por moto. As mochilas térmicas são fundamentais para garantir a qualidade e a segurança dos produtos transportados, sejam alimentos ou pacotes, enquanto o uso de motocicletas permite agilidade e eficiência nas entregas.
Mochila de entregador sobre uma motocicleta com entregador desfocado ao fundo.

Gustavo Cruz destaca como a informalidade afeta trabalhadores, plataformas e políticas públicas no setor de entregas.

Gustavo Cruz, economista e estrategista-chefe da RB Investimentos, analisou os desafios da informalidade no setor de entregas por aplicativos e destacou as implicações para trabalhadores, plataformas e políticas públicas. 

Segundo ele, a informalidade não é um problema exclusivo deste segmento, mas uma característica marcante do mercado de trabalho no Brasil.

Cruz destacou que a informalidade é alimentada pela burocracia que desestimula a formalização, seja como microempreendedor individual (MEI) ou por meio de empresas formalizadas. 

Ele lembrou que isso afeta diretamente a sustentabilidade da Previdência Social: “A gente tem o déficit da Previdência como um dos maiores riscos, que cresce cada vez mais. Acabamos de passar por uma reforma da Previdência, e logo mais teremos que discutir outra. Isso acontece justamente porque muita gente contribui, mas muita gente também recebe”, explicou.

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Segurança trabalhista e desafios para entregadores

O economista ressaltou que os trabalhadores formais têm proteção contra acidentes e dívidas, o que contrasta com a vulnerabilidade enfrentada pelos informais. 

Ele também criticou as plataformas digitais que, segundo ele, agem como monopólios no Brasil: “Elas utilizam esse poder para fidelizar tanto clientes quanto trabalhadores informais. No entanto, deveriam ser mais questionadas sobre alguns conflitos que acontecem no dia a dia”, afirmou. 

Como exemplos, ele sugeriu que as empresas ofereçam melhores condições para os entregadores, como pontos de descanso, banheiros, água e refeitórios.

Desafios logísticos e de segurança

Outro ponto abordado por Cruz foi a logística no setor de entregas. Ele sugeriu a criação de pontos de coleta em regiões específicas, facilitando a organização e distribuição das entregas, além de apontar a falta de políticas públicas como um entrave para a estabilidade do setor. 

Além disso, Cruz destacou a violência enfrentada pelos entregadores e clientes: “Muitas pessoas se fantasiam de entregadores para realizar assaltos, aproveitando a confusão. Talvez fosse válido questionar se não seria o caso de implementar uma identificação única nas mochilas desses entregadores”, sugeriu, enfatizando que câmeras de segurança poderiam auxiliar na identificação em casos suspeitos.

Os efeitos do incentivo à rapidez nas entregas 

Um tema sensível apontado por Cruz foi o impacto dos algoritmos das plataformas na segurança dos entregadores: “Um incentivo ruim que as plataformas oferecem são as entregas muito rápidas. Isso leva muitos entregadores a desrespeitarem sinais de trânsito para evitar prejuízos no algoritmo. Talvez esse seja um ponto a ser mais discutido no futuro”, disse.

Apesar dos desafios, Cruz acredita que há espaço para melhorias no setor: “Ainda temos um longo caminho para o setor avançar no Brasil. Muitas cidades ainda não são tão bem atendidas. Conforme as empresas cresçam, acredito que elas conseguirão atuar melhor nessas áreas”, concluiu.

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Anna Julia Paixão

Anna Julia Paixão é estagiária em jornalismo do 55content e graduanda na Escola Superior de Propaganda e Marketing.

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