Estratégias e flexibilidade: como Eduardo Pereira transformou sua rotina como motorista de aplicativos em mais qualidade de vida e equilíbrio familiar.
Eduardo Pereira, de 50 anos, é motorista de aplicativo há mais de 3 anos na região metropolitana de São Paulo. Depois de atuar anos como motorista contratado por uma empresa CLT, hoje, não se enxerga fora dos apps de transporte.
Rodando por Caieiras, Franco da Rocha e Jundiaí, por cerca de 8 horas diárias, Eduardo buscava melhorar a sua flexibilidade de horários para atender melhor às necessidades da sua família.
“Não pretendo sair, não tenho mais vontade de ir para o CLT. Já recebi propostas como motorista, mas, tanto pela carga horária quanto pelo valor financeiro, ainda é melhor o aplicativo. Prefiro ficar no aplicativo.”
Ele conta que, depois de adquirir experiência com as plataformas, sabe se posicionar em locais estratégicos para receber melhores corridas: “Não fico escolhendo as corridas, tento fazer quase todas que tocam. Com dois anos e quatro meses de experiência, já sei os dias e locais com maior demanda. Isso ajuda a me posicionar melhor. Às vezes, quem cancela é o passageiro, mas eu fico tranquilo. Hoje mesmo, um passageiro cancelou três vezes, mas logo outra corrida apareceu.”
Eduardo revela que a sua estratégia é iniciar as corridas por volta das 3h30 até às 6h, já que, em sua região, os trens começam a circular às 4h, e muitas pessoas utilizam aplicativos de transporte para chegar às estações ou empresas devido à pouca oferta de ônibus.
Com o dia a dia nas plataformas, Pereira relata que sua qualidade de vida melhorou em relação ao CLT e que, apesar do estresse do trânsito, antes ele vivia mais preocupado e estressado: “Hoje, posso gerenciar meu tempo, cuidar da minha saúde, frequentar a academia, passear com a família. É tudo uma questão de organização.”
O motorista conta que se dedica a três principais apps — Uber, 99 e Lalamove —, mas que, em sua região, a maior demanda vem das corridas da 99: “O valor é bem mais acessível, tanto para o usuário quanto para a gente. Em termos de dinâmica, a 99 tem mais dinâmica que a Uber aqui.”
Além disso, quando questionado sobre como gerencia os seus custos associados ao trabalho, Eduardo explicou que utiliza uma planilha eletrônica e outra manual para organizar suas finanças. Ele separa um cartão de crédito exclusivamente para os custos relacionados ao carro. Trabalha do dia 1º ao dia 30 de cada mês e, ao final desse período, paga todas as despesas.
Como você vê a relação entre os motoristas e as empresas de aplicativo como Uber, 99 e Lalamove? O que acha que pode ser melhorado?
“Hoje em dia, falamos muito sobre a questão do valor por quilômetro e das taxas. Aqui na região, uma taxa ideal seria R$ 2,00 por quilômetro. Já houve várias paralisações pedindo isso. Alguns motoristas também pedem uma taxa por minuto, mas eu acho complicado calcular o tempo dessa forma. Por exemplo, você pode pegar um passageiro que precisa de 24 minutos para chegar ao trabalho ou ao hospital. Ele depende da gente, independente do tempo.
Eu entendo que, às vezes, os custos operacionais das plataformas influenciam, mas acredito que poderia haver um ajuste mais justo. Para mim, o importante é atender bem, tanto o passageiro quanto a plataforma, pois sem o passageiro, a gente não trabalha.
No caso da Lalamove, que é mais voltada para entregas, o valor por serviço é muito baixo. Muitos motoristas não gostam, mas eu vejo como uma oportunidade. Se a pessoa gostar do meu atendimento, pode até virar cliente particular.”
Você mencionou que já recebeu propostas para voltar ao CLT, mas não pensa em aceitar. Por que você prefere ser motorista de aplicativo?
“Tenho 50 anos e, pela rotina da minha família, preciso de flexibilidade. Minhas filhas estudam de manhã, meu sogro precisa de ajuda em consultas, e a CLT não me permitiria atender essas demandas.
Além disso, a parte financeira é melhor nos aplicativos, desde que você saiba se planejar. Não tenho 13º ou benefícios fixos, mas eu pago MEI, faço minha organização financeira e consigo ter uma renda superior ao que teria como CLT. A flexibilidade e a liberdade são grandes diferenciais.
Quando você está no aplicativo, depende dele como se fosse seu patrão. Mas também tem autonomia: pode desligar o app quando quiser e resolver suas coisas. Na CLT, você tem hierarquia e regras mais rígidas, o que traz mais pressão mental.”
O que você espera para o futuro como motorista de aplicativo? Quais são suas expectativas em relação às plataformas?
“Espero que as plataformas continuem melhorando e ajustando os valores para nós, motoristas, sem prejudicar os passageiros. A gasolina e os custos são altos, então precisamos de taxas mais justas.
Entendo que o equilíbrio é importante: aumentar para a gente, mas também permitir que o passageiro continue tendo acesso ao aplicativo. Dependemos dos passageiros para trabalhar, então, o ideal é que todos ganhem.”