Sócio gestor de app explica: “Temos motoristas com 300 corridas que faturam R$ 7.500, enquanto outro com 400 corridas ganha R$ 4.500, o rendimento depende de horários e dinâmicas.”
O Garupa iniciou suas atividades em maio de 2017, na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, e hoje atua em mais de 700 municípios e em 19 estados do Brasil.
Roberto Felin Junior, sócio gestor, conta que o app surgiu para transformar a mobilidade brasileira, investindo em cidades interioranas e “mudando a cultura” no transporte de passageiros.
Para isso, ele considera: “Introduzimos a mobilidade urbana no interior, auxiliando no desenvolvimento social e econômico, e ofertando novas possibilidades de mobilidade”.
Sendo assim, podemos observar a operação do Garupa em todo o Rio Grande do Sul. A plataforma registra uma média diária de 25 mil corridas no estado, e, para isso, seleciona candidatos motoristas para a administração de cada uma das 143 cidades gaúchas: “A gente não vende franquia”, diz Felin.
Sobre a cobrança de taxas, Roberto explica que o Garupa atua no formato híbrido, ou seja, cada sócio seleciona cobrar uma taxa ou 100% de repasse com um valor de mensalidade. “Temos cidades com 100% de repasse, com R$ 49,90 de assinatura. E ele pode antecipar todos os dias os valores feitos no pós-pago abrindo o Garupa Pay, que é o nosso banco digital. Mas também temos operações que atuam com uma média de 10% a 15% de taxa”.
Além disso, sobre o valor da taxa fixa, ele explica que não há um valor tabelado para todo o estado, mas o menor número é de R$ 7,50 por viagem, com uma média entre R$ 7,50 e R$ 10,90 a cada 1,5 km.
Quando questionado sobre a tarifa dinâmica, Roberto explicou: “O sócio tem liberdade de fazer a configuração na sua cidade conforme a necessidade. Ele tem autonomia de definição de preços, tarifas e valores. Ele define as dinâmicas juntamente com seus motoristas. O sócio local tem o poder de definição das suas dinâmicas”.
Como é competir com as multinacionais?
“Vou dar um exemplo: eu preciso que aquela mãe que entrega o seu filho num carro de mobilidade possa confiar no sócio da cidade e possa confiar no motorista. Tem coisas que não têm preço, que não é somente preço para competir. Quem está pensando somente em preço está, infelizmente, fazendo uma força tremenda para terminar com o mercado de mobilidade, porque vai se perder qualidade quando se preocupa somente com preço.
Obviamente, existem empresas que têm estrutura organizacional e custos operacionais menores, que conseguem precificar. Só que quando ela faz isso, ela está ali na ponta atingindo o motorista. Aquela pessoa que a gente deveria ter o maior cuidado, aquela pessoa que a gente deveria tratar com o maior carinho, que é ele que oferece a qualidade do atendimento também num carro com boas condições, um carro que precisa estar sempre limpo, mas para isso tem um custo para estar sempre limpo, um carro que precisa estar sempre com o ar-condicionado funcionando, que ele poderia estar sempre com o ar-condicionado ligado agora no verão.
A gente tem aqui no Rio Grande do Sul peculiaridades e características de um inverno extremo e um verão bem quente. Então, o carro precisa ter o ar quente. Esse motorista precisa ser valorizado. Para mim, competir com os grandes players, eu tenho que entender que, com relacionamento local e com bom atendimento, não é só preço.
Aí, a gente vem também de uma mudança de cultura, de que o motorista tem que entender que ele é função fundamental nesse processo de não deixar somente que o preço entre no mercado, porque ele é quem tem o passageiro nesse relacionamento direto também.”
Qual a média de faturamento dos motoristas?
Aqui, temos motoristas que faturam entre R$ 3 mil a R$ 15 mil. Alguns conseguem R$ 13 mil, R$ 14 mil ou R$ 15 mil, enquanto outros alcançam de R$ 3 mil a R$ 5 mil. Isso varia bastante, principalmente pela dedicação de cada motorista. Há aqueles que se dedicam exclusivamente, e outros que rodam apenas nos finais de semana ou fora do horário de trabalho, complementando a renda.
Essa variação acontece porque conseguimos atender às necessidades locais de diferentes maneiras. Tenho um motorista que faz 300 corridas e fatura R$ 7.500, e outro que faz 400 corridas e fatura R$ 4.500. Isso depende muito dos horários em que eles trabalham, das dinâmicas de preço e de como conseguem rodar menos e ganhar mais, dependendo da realidade local.
É preciso muito cuidado para não vender ilusões, porque o carro vai se depreciar e ele precisará de manutenção. Eu, particularmente, tenho um cuidado especial ao conversar com os motoristas, incentivando a educação financeira.
Eles precisam entender o custo de manter o carro e saber quanto realmente entra no bolso. Há o dinheiro do motorista e o dinheiro do carro. Isso envolve também ter um bom aparelho, uma boa internet, e estar ciente dos custos operacionais.
Se o motorista faturou R$ 15 mil, ele precisa entender que cerca de 30% vai para os custos operacionais. Isso pode variar, chegando a 35%, dependendo do custo da gasolina em sua cidade, já que há lugares onde os preços são menores por causa da concorrência.
O que é o Garupa Pay?
O Garupa Pay é um banco digital criado para os motoristas. Nesse app, oferecemos todo o suporte para que ele possa abrir o aplicativo, baixar e criar a sua conta digital. Exatamente igual ao que ele teria em qualquer outro banco digital, porém com o Garupa. Toda a movimentação financeira dele é dentro da estrutura do Garupa. O motorista pode resgatar o valor das suas corridas no mesmo dia em que foram realizadas.
Que tipo de conhecimento ou habilidade você acredita que é essencial para um gestor de aplicativo?
Gestão. Basicamente, gestão de pessoas. Um sócio de aplicativo precisa ser um bom gestor de pessoas, de relacionamento. O restante a gente dá toda a estrutura que ele precisa. Mas ele precisa fazer a gestão de pessoas, de relacionamento. Tem que ser uma pessoa de extrema confiança da comunidade. Então é isso que a gente busca em cada cidade, e é isso que buscamos ao abrir novas cidades, inclusive buscando sócios locais.