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Fast Car Rio: “Motorista faturou R$5.277,58 em 55 corridas finalizadas”

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Notícia
Informações objetivas sobre fatos relevantes para o mercado de mobilidade, com apuração direta da redação.
Motorista de aplicativo sorridente ao lado de carro com adesivo promocional do app Fast Car Rio
Foto: Reprodução/ Fast Car.

Dono de app regional diz que motoristas recebem o valor integral da corrida e plataforma fica com 10% via pré-pago: a mínima é de R$11.

Lourival Santos é gestor do aplicativo regional Fast Car Rio, com operação no estado do Rio de Janeiro, e compartilhou sua experiência.

Tudo começou quando, em 2018, ele ainda trabalhava com pousadas em Arraial do Cabo e não tinha nenhum contato com no setor de transporte. “Não tinha nada a ver com o negócio de transporte; meu nicho era totalmente diferente”, relembra.

Depois de passar por uma série de mudanças pessoais, ele chegou a São Paulo e conheceu um aplicativo regional, em Presidente Prudente, o que o inspirou a explorar a criação de algo próprio.

Ele conta que, ao observar como funcionava o setor fazendo corridas de Uber nos aeroportos do Rio, percebeu que poderia desenvolver um sistema voltado aos motoristas, oferecendo uma alternativa ao Uber e ao 99. “Eu percebi que, com meu conhecimento dos motoristas, seria possível criar algo voltado para eles, que ajudasse a sair dessa ciranda”, afirma.

No entanto, no caminho, percebeu que seu desafio seria convencer os motoristas a ouvirem uma proposta nova. Com o tempo, ele se dedicou ao desenvolvimento do aplicativo, operando no estado do Rio de Janeiro.

“No começo foi muito difícil”, lembra ele. Lourival explica que, inicialmente, estabeleceu uma taxa de R$50,00 de mensalidade e R$1,00 por corrida finalizada. No entanto, muitos motoristas, acostumados com as taxas de 25% a 40% das grandes plataformas, pediram uma taxa mais baixa, e ele decidiu baixar para 20%.

Com o tempo, ele ajustou ainda mais o modelo para uma taxa de 10%, que é a que pratica atualmente. “Hoje, o motorista recebe o valor integral da corrida, e eu fico com 10% via crédito pré-pago”, explica. O sistema funciona da seguinte forma: ele recebe 10% através de crédito pré-pago, que deve ser de, no mínimo, R$30.

Desde o lançamento do aplicativo, em 2019, muitas outras plataformas surgiram e desapareceram no Rio de Janeiro. “Já passaram pelo mercado cerca de 20 plataformas, e nenhuma foi para frente”, comenta. “Os motoristas estão viciados nelas e não conseguem se desligar”, observa.

Para ele, o desafio de um aplicativo novo é conquistar espaço e crescer, e acredita que isso só acontece com o apoio dos motoristas. “Se o motorista não estiver ao lado do aplicativo, o passageiro entra, pede uma corrida e não encontra ninguém. Na terceira tentativa, ele chama o Uber, que aparece”, explica.

Além disso, a empresa reitera que, por sua vez, concede o poder ao passageiro a escolha de comparar com a Uber e 99 a diferença para menor em sua tarifa de mesmo trajeto em km e minuto, e o “O motorista tem o total poder de no momento que a Uber e 99 ou qualquer aplicativo concorrente baixar menos que a “FAST CAR RIO”, cobrir o valor imediatamente com a comprovação em seu APP do concorrente, (Exceto INDRIVE)”.

A Fast Car também conta que oferece um botão de pânico, no qual o motorista pode acionar numa emergência, que vai alertar a todos os demais cadastrados e também a central da plataforma: ”Para que ambos tomem providências policiais. Assim trazendo mais segurança para o motorista e passageiro”.

A plataforma explicou sobre suas parcerias com as seguradoras “MBM” e “LOOVI” com seguros pessoais para os ocupantes do veículo, incluindo o motorista e os passageiros, incluindo seguro por morte, invalidez e atendimento hospitalar.

Como as corridas são calculadas? Quais fatores você leva em consideração?

Com base na minha experiência, pois também fui motorista na Uber, 99 e Capify, desenvolvi uma tabela de tarifação própria. Procurei fazer comparações em termos de valor de mercado, focando em oferecer preços melhores, mesmo quando as empresas concorrentes oscilam suas tarifas até quatro vezes ao longo do dia.

Meu objetivo é ter um preço mais vantajoso e, ao mesmo tempo, proporcionar um ganho maior para o motorista. Isso tem funcionado bem nos últimos cinco anos.

Hoje, o que o motorista mais reclama no mercado é que ele precisa ganhar mais, considerando que todas as despesas do trabalho são arcadas por ele. Infelizmente, isso é algo que não ocorre em plataformas como Uber e 99, onde os ganhos do motorista acabam sendo bastante limitados.

Qual a média de corridas realizadas por mês no app?

Então, olha só, caiu muito o meu movimento ultimamente. Mas já tive dias aqui em que, para você ter uma ideia, havia 180 corridas não atendidas pelos motoristas. Em média, atendíamos cerca de 80 corridas. Agora isso caiu.

Hoje, por dia, são mais ou menos umas 40 corridas realizadas. Antes de cair, eram 180 corridas não atendidas, e, dessas, umas 80 eram finalizadas.

Qual o valor da corrida mínima?

A corrida mínima é de R$11,00 há quase dois anos. Não aumentei mais porque há fatores externos que me seguram, e, devido à queda no movimento, eu não consigo subir esse valor. Se eu aumentar, corro o risco de ficar fora do mercado. Por exemplo, quando a Uber cobra R$12,00 em uma corrida, o motorista recebe apenas R$6,99.

Quanto fatura, em média, um motorista cadastrado?

Tenho um motorista que, no último mês, faturou R$5.277,58 com 55 corridas finalizadas e rodou um total de 1.119 km.

Desses R$5.277,58 no mês, ele rodou 1.119 km. Considerando que o carro faz 10 km por metro cúbico de GNV, ele utilizou 111 metros cúbicos de GNV.

Com o preço atual de R$4,70 por metro cúbico, ele gastou R$521,70 em combustível. Além disso, ele pagou 10% à Fast Car, o que significa uma perda de R$527,75.

No final das contas, após descontar esses valores, ele ficou com um lucro líquido, calculado após abater as despesas de combustível e a taxa da Fast Car.

Quais são os desafios de competir com uma plataforma grande como a Uber ou até com outros apps regionais?

Desde que montei o aplicativo, em 24 de julho de 2019, passaram pelo Rio de Janeiro cerca de 20 plataformas diferentes. Todas acabaram saindo do mercado e não foram adiante. Isso acontece por uma dificuldade clara: temos duas empresas gigantes, Uber e 99, que são dominantes, e os motoristas estão viciados nelas, incapazes de se desligar. Por quê? Porque, ao sair de casa de manhã, o motorista já tem contas para pagar e precisa de um trabalho. Para a maioria, essa opção é a Uber, que oferece muitas corridas ao longo do dia.

Quando um aplicativo novo entra no mercado, ele precisa de tempo e esforço para crescer. E, para isso, ele depende do motorista estar ao lado dele, disponível para atender as corridas. Se isso não ocorre, o passageiro entra no aplicativo, pede a corrida uma vez, duas, três, e, sem ver um motorista disponível, acaba chamando a Uber, que responde.

Já aconteceu de um motorista meu, com o carro adesivado, ter a Uber também. O passageiro chamou a Fast Car, e o motorista não atendeu. Mas, ao chamar a Uber, ele atendeu. O cliente entrou em contato com a central, dizendo que o motorista da Fast Car não atendeu, mas aceitou a corrida da Uber, mesmo ganhando menos. No meu aplicativo, o passageiro pagaria menos e o motorista ganharia mais. É uma situação complicada.

É muito difícil. E muitas pessoas que lançam aplicativos não têm uma visão completa do que é ser motorista. Esse é um fator essencial que qualquer dono de aplicativo deveria vivenciar para entender a realidade e as necessidades dos motoristas.

Quais são as suas expectativas para o futuro do aplicativo?

Olha, hoje o que eu espero da Fast Car é que os motoristas procurem entender um pouco mais. Eu tenho contato com motorista e passageiro e gostaria muito que eles compreendessem o funcionamento da plataforma. Porque com certeza, com essa união, conseguiríamos fazer algo diferente nesse mercado, e eles se sentiriam melhor, mais satisfeitos em trabalhar e ganhando um bom dinheiro.

Estamos desenvolvendo o negócio, crescendo cada vez mais, expandindo, o que não é impossível, mas é complicado. Isso é difícil devido aos próprios motoristas, que, às vezes, jogam contra onde poderiam crescer.

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