Aplicativo regional opera em região de fronteira e relata a experiência e trabalho com os motoristas.
Cássio Almeida, empreendedor e gestor do aplicativo regional 67, abriu as portas para o 55content e compartilhou a sua história até chegar ao número atual de 250 corridas por dia em sua plataforma.
Com experiências anteriores como administrador de aplicativos, Almeida decidiu se lançar no setor da mobilidade urbana e apresentou o 67 para motoristas e taxistas em 2019, com operação em Ponta Porã, município do Mato Grosso do Sul.
No início, a plataforma era destinada apenas para taxistas, o 67 Taxistas, mas, depois de um ano, expandiu o serviço para corridas particulares, no modelo da Uber e 99. “Hoje, ainda sou o único aplicativo dentro de Ponta Porã que tem a categoria 67 Táxi no aplicativo, que é atendida por taxistas. É uma tarifa maior, diferenciada”, conta.
Para iniciar as corridas e ganhar a confiança dos motoristas, ele revelou: “Fizemos o lançamento do aplicativo dentro da prefeitura, com a imprensa. Foi um movimento bem grande, que fez com que o nosso aplicativo tivesse bastante credibilidade”.
Quando questionado sobre os principais desafios de liderar a operação de um aplicativo, Cássio lembra do seu início: “Na época do lançamento do 67, foi o primeiro aplicativo a atuar em Ponta Porã e Pedro Juan Caballero. Durante um ano, consegui manter essa exclusividade. Porém, com o avanço da tecnologia e a maior familiaridade das pessoas com essas plataformas, outros aplicativos começaram a surgir. Diante disso, senti a necessidade de expandir para outras categorias, inclusive para carros particulares”.
E acrescenta: “Hoje, noto a falta de regulamentação e fiscalização no município”.
Em termos de demanda e rotatividade, ele acredita que o 67 ainda seja o maior, tanto pelo tempo de operação quanto pela sua durabilidade: “No entanto, a concorrência está mais acirrada”.
“A cada semana, surge um novo aplicativo oferecendo benefícios temporários para motoristas, que muitas vezes são atraídos por essas promessas. Mesmo assim, vejo que Ponta Porã ainda tem um grande potencial a ser explorado”, explica.
Cássio contou que atende o Paraguai, país de fronteira com Ponta Porã, mas com foco principalmente nos estudantes de medicina, e acrescenta que a cidade brasileira se tornou um polo de faculdades de medicina, atraindo muitos brasileiros.
“O serviço atende bastante os alunos, mas o Paraguai em si não é tão explorado”. Ele também explicou que enfrentou alguns problemas com taxistas paraguaios. Para evitar esses conflitos, abriu uma empresa no Paraguai e agora possui CNPJ paraguaio. Dessa forma, Almeida consegue atuar nos dois lados sem problemas.
Qual é o valor da taxa do app?
Trabalhamos com uma taxa fixa mensal de R$300 a R$500, dependendo de alguns fatores, como o tempo que o motorista já está na plataforma, o momento em que ele ingressou e se o carro está adesivado com a marca do aplicativo.
Esses são benefícios que acabam reduzindo o custo para o motorista. Não exijo exclusividade; o motorista pode trabalhar em qualquer aplicativo que desejar. Porém, em termos de vantagens, é mais fácil para quem é mais exclusivo, ou seja, aqueles que têm o veículo adesivado, por exemplo.
Qual é o valor da corrida mínima?
Minha corrida mínima é R$9,99, e também tenho as bandeiras 2 e 3, que chegam a R$12,99 e R$14,99. Além disso, ativei a dinâmica por área e por demanda. Isso tem sido uma grande ajuda, pois agora não preciso mais ativar manualmente.
Por exemplo, se acontecer um show em determinado dia, não preciso me preocupar em ajustar a dinâmica naquela área, o sistema já faz isso automaticamente.
Se começa a existir uma demanda em uma região, o valor aumenta sozinho. Foi uma solução muito boa que implementamos e que tem nos auxiliado bastante.
Por outro lado, existem aplicativos na região que chegam a operar com preços tão baixos quanto R$6,99. Eu vejo que precisamos encontrar um equilíbrio: atender tanto o cliente quanto o motorista. Afinal, os custos, tanto com o aplicativo quanto com a manutenção dos veículos, são consideráveis atualmente.
Temos a sorte de não competir diretamente com gigantes como Uber, 99, ou inDrive, que oferecem preços tão baixos quanto R$5,00.
Sempre digo para os motoristas que estamos em um paraíso e, às vezes, isso não é valorizado. Manter uma plataforma regional em uma cidade sem aplicativos nacionais é uma grande vantagem. Competir com Uber, 99, ou inDrive seria muito mais complicado.
E hoje vocês estão com quantos motoristas cadastrados, fazendo quantas corridas?
Trabalhamos com uma média diária fixa de 200 a 250 corridas, com 77 motoristas cadastrados.
Como você administra os cadastros de motoristas?
Hoje não temos uma data fixa de recebimento; acontece no dia que o motorista paga a taxa, e a renovação conta a partir desse dia, assim não corro o risco de ficar sem cadastrados. Eu tento manter um controle em relação ao número de motoristas cadastrados. O que eu faço é buscar um equilíbrio.
Hoje, mantenho cerca de 80 motoristas ativos. Já cheguei a ter quase 100 motoristas, e com o volume atual de corridas, estamos bem. Já consegui alcançar a marca de 8 mil corridas mensais, mas minha meta é chegar a 10 mil. Quando atingir esse número, planejo limitar o total de motoristas a 100.
No entanto, não adianta aumentar o número de motoristas se não houver corridas suficientes, porque eles acabam desistindo após um mês. Por isso, preciso aumentar a demanda de corridas antes de expandir o número de motoristas.
Qual é o faturamento médio dos motoristas?
Quanto ao ganho médio dos motoristas, isso varia muito de acordo com o quanto eles trabalham. Alguns motoristas conseguem ganhar entre R$5 mil a R$6 mil por mês, especialmente aqueles que rodam direto, principalmente de madrugada. Esses são os que dependem exclusivamente do aplicativo.
Outros fazem menos, de acordo com sua disponibilidade. Eu diria que, em média, um motorista intermediário consegue tirar uns R$2.500, o que já é um valor interessante.
Como funciona a questão de segurança, principalmente se tratando de uma região de fronteira?
Uma das ferramentas que utilizo é a obrigatoriedade do CPF no cadastro, porque as pessoas ficam mais receosas de fazer algo errado quando precisam colocar o documento. Isso ajuda muito, principalmente pela proximidade com o Paraguai. Às vezes, perco movimento, mas prezo pela segurança dos motoristas.
Em relação à corrida clandestina, vocês enfrentam dificuldades?
Olha, eu tenho, mas não é tão grande. Eu sempre reforço a questão da segurança do aplicativo, do trajeto registrado, da conversa no app. E isso faz diferença para muitos motoristas.
Ainda temos aqueles que entram, passam o contato e depois começam a atender por fora, mas sempre que posso, tento educar e mostrar que isso não é vantajoso para eles. No aplicativo, você tem a garantia de todas as corridas. Se você passa seu contato direto, corre o risco de perder o cliente no futuro.
Quais são os planos para o futuro do aplicativo?
Tenho planos de expansão. Já tentei Dourados, não deu certo, mas agora estou investindo em Três Lagoas. Estou dividindo meu tempo entre Ponta Porã e Palmeira d’Oeste, em São Paulo, e vejo que Três Lagoas tem muito potencial.
Mas a concorrência com multinacionais é complicada. Quero fortalecer o atendimento que já tenho em Ponta Porã, crescer um pouco mais, mas com cautela. O mercado já está saturando.
Qual é a diferença de concorrer com uma multinacional ou com um aplicativo regional?
Principalmente o preço das corridas e o interesse dos motoristas. O motorista é um ser humano difícil de lidar. Mesmo oferecendo tarifas melhores, é difícil trazer o motorista para o seu lado.
O nosso principal marketing é o motorista. Ele está diretamente em contato com o cliente. Um bom atendimento faz o cliente voltar e indicar. A rede social ajuda, mas não substitui o serviço que é prestado no dia a dia.