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“No final do mês fechamos com 9 mil pedidos”: podcast de delivery impulsiona mercado de embalagens

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Falando de Delivery (1)
Foto: Reprodução/Rafael Soares

Canal do YouTube foca em empreendedoris mo no delivery e alcançou 34 mil visualizações em um único episódio.

Rafael Soares é o criador e apresentador do maior podcast de food delivery do Brasil, Falando de Delivery, que conta com mais de 16 mil inscritos no canal do YouTube e observa crescimento no número de visualizações.

Com 9 temporadas, o programa já reuniu figuras como Georgios Frangulis, dono da rede Oakberry, e é apoiado por marcas como Coca-Cola, Kibon e iFood.

Sendo assim, Soares conversou com o 55Content e detalhou a história do canal. O podcast surgiu através da empresa PDV Print Embalagens, gráfica que desenvolve embalagens para o segmento de alimentação com foco em delivery, e hoje distribui cerca de 6 milhões de embalagens a nível Brasil, atendendo mais de 7 mil restaurantes por mês, com uma média de 9 mil pedidos mensais.

Em 2020, com o início da pandemia, Rafael e seu sócio observaram o crescimento de restaurantes nas plataformas de delivery, aumentando a procura por embalagens, mas enxergavam uma dificuldade: “A gente começou a perceber que tinha muita gente entrando despreparada nesse mercado, muita gente que não tinha a mínima noção do que era ter um delivery. A pessoa só sabia cozinhar, mas não sabia lidar com uma empresa.”

Visto isso, a PDV começou a perder muitos clientes ao longo do tempo, pois “a pessoa iniciava pela comida e depois falia pela falta de gestão.”

O sócio-fundador explicou que o segmento gráfico é um negócio muito difícil de se diferenciar, porque, no final do dia, “a embalagem é um papel e uma tinta.”

Pensando em como agregar um valor diferente para seus clientes, tiveram a ideia de começar a promover algumas lives: “Fizemos lives com especialistas, com os restaurantes que a gente entendia que tinham sucesso na plataforma. Em determinado momento, a gente percebeu que essas lives ficaram muito grandes, e aí a gente, de fato, deixa de ser PDV e vira Falando de Delivery.”

O Falando de Delivery é uma empresa à parte da PDV Print. O dono da PDV é sócio do podcast, que é um canal exclusivo com foco em conteúdo e patrocinadores. Rafael celebra que, em dezembro, alcançarão mais de 90 episódios em três anos de canal.

Ele reitera: “Eu não tenho nenhum tipo de infoproduto ou consultoria. Isso é um ponto que eu considero de muita conexão com os donos de restaurante, porque eles não ficam esperando que eu vá vender algum e-book no final do meu conteúdo. De fato, os patrocinadores mantêm o nosso projeto no ar, e a nossa entrega é 100% gratuita.”

Rafael conta que o seu trabalho na PDV o ajuda a entender as necessidades e dificuldades dos clientes, traçando uma melhor estratégia para atingir seu público: “O maior foco é falar de gestão, de marketing e de tecnologia, só que de uma forma prática.”

Vocês acham que criam um reconhecimento, vamos dizer assim, do público de vocês com talvez pessoas que não estejam conectadas no dia a dia ou que não consumissem esse conteúdo, e conseguem aproximá-las com o podcast?

“Essa é uma das nossas missões: conseguir tornar acessível até para grandes nomes que, se fossem procurar conteúdo em qualquer outro lugar, não ficariam 10 minutos, porque a forma como era conduzido, e não porque estava errado, mas porque não era o propósito de outros canais, não geraria conexão nem manteria essa pessoa no canal.

Conseguimos sempre trazer um conteúdo educativo. Mais do que inspiracional, 50% do episódio é focado em educação. Então, dicas práticas: como superar alguns desafios, como fazer tal coisa. É muito menos sobre a história triste da pessoa e muito mais sobre como fazer, como pensar, como chegar a tal ponto da jornada empreendedora.”

Como você acredita que consegue impactar a vida desses empreendedores, desses restaurantes?

“Eu acho que o ponto alto do Falando de Delivery é, de fato, entregar um conteúdo genuíno e de quem faz na prática. Eu nunca quis me posicionar como especialista de delivery sem ter um delivery. Eu não gosto dessas coisas. Eu nunca fiz e não vou falar que sou o maior especialista no tema. E por isso, lancei o podcast onde levo pessoas que de fato construíram e estão em diferentes estratégias de negócio.

Então, eu tenho quem quer se posicionar pelo preço, quem quer se posicionar pela marca, quem vende pizza, quem vende doce, e a gente dá um mix muito grande de caminhos para o empreendedor seguir, sem ele pagar nada e com conteúdo que é muito bem produzido.

Então, não é uma live com áudio duvidoso ou com imagem dependendo da conexão. Não, a gente investe caro no estúdio para garantir que a pessoa sinta que pagou, de fato, um curso. E a gente entrega esse impacto de acesso à educação e uma educação de alto nível. Se você olhar para algumas figuras do G4 Educação, que é uma super escola de negócios hoje no mercado, já levei pelo menos três ou quatro pessoas. Alfredo Soares, fundador, é um membro muito próximo do Falando Delivery, e a gente faz isso. Acho que o maior valor agregado do Falando de Delivery é fazer o grande se comunicar com o pequeno de uma forma voltada para a dor do pequeno, e não para falar dos grandes feitos do grande.”

O podcast de vocês teve alguma influência na empresa? Nos números, nos dados, houve algum retorno para a PDV?

“É um absurdo. Hoje, pelo menos 30% do faturamento da PDV vem do Falando de Delivery. Como falei, no final do mês, sempre fechamos com mais de 9 mil pedidos, e pelo menos 30% desses pedidos, sejam de clientes novos ou recorrentes, têm origem no Falando de Delivery. Isso trouxe um impacto gigantesco em faturamento, e um impacto muito forte na marca, porque as pessoas não esperavam que uma indústria gráfica fosse lançar esse tipo de projeto, algo que você esperaria mais de uma empresa de tecnologia ou comunicação.

O reforço da marca foi muito grande. Nós, na PDV, não pagamos nenhum influenciador. O Falando de Delivery dá lucro no final do dia, como uma empresa separada. Este ano, vamos faturar em torno de 500 mil reais sem vender nenhum curso, e fortalecendo a marca da empresa como uma marca que se preocupa com a educação e o desenvolvimento do setor.

Então, o Falando de Delivery foi uma grande virada de chave para nos aproximarmos do nosso público através da educação, mostrando que nos preocupamos com eles. Além disso, aumentamos o tempo que esses clientes ficam com a gente, porque, no final do dia, o Falando de Delivery nasceu porque estávamos perdendo clientes por falência.

Ele não nasceu por causa de um concorrente, nasceu porque eu ligava para os clientes perguntando por que sumiram, e eles diziam que haviam fechado o negócio, que as vendas não iam bem. Se eu conseguir fazer com que um cliente por mês não feche, estou gerando mais dinheiro para a empresa nos próximos meses, e esse cliente vai ser muito fiel, porque ele vai lembrar que o negócio dele continua em operação por causa dos conteúdos do Falando de Delivery.”

Há planos no momento para criar um curso ou uma mentoria para esses empreendedores?

“Não. O que acontece hoje são trabalhos pontuais, e aí faço muito mais como Rafael do que como Falando de Delivery, dentro de algumas marcas. Os empreendedores querem a minha visão sobre posicionamento e empreendedorismo. Faço alguns trabalhos internos em empresas, mas algo aberto ao público, não. Quando lembramos do propósito do Falando de Delivery, que é democratizar e tornar acessível o conteúdo de alto nível, eu não posso cobrar pelo melhor conteúdo. Tenho que entregar isso gratuitamente. Não é errado cobrar por conteúdo, mas, quando você tem um infoproduto, você vai querer cobrar por ele. O que você oferece de forma gratuita talvez não seja o melhor.

Conseguimos manter o canal de pé por três anos sem cobrar, e eu só mudaria isso se houvesse algum cenário em que precisássemos financeiramente para manter o canal ativo. Mas, enquanto eu puder, o Falando de Delivery continuará sendo uma iniciativa gratuita, onde as pessoas terão acesso ao melhor conteúdo que eu puder disponibilizar.”

Em termos de métricas no YouTube, como estão os números de vocês?

“O YouTube é um grande desafio. Hoje, com tantas mídias, não é fácil fazer com que as pessoas assistam a um podcast por uma hora, uma hora e vinte, dependendo do episódio. No Instagram, já passamos de 50 mil seguidores, e no TikTok já atingimos 20 mil. Investimos em mídia na primeira semana de lançamento dos episódios, e o mais interessante é ver o crescimento orgânico.

Desde a primeira temporada, investimos o mesmo valor em mídia e percebemos um aumento no público orgânico. Na última temporada, os episódios alcançaram uma média de 15 a 16 mil visualizações. Nesta nona temporada, com o mesmo investimento, o episódio lançado na semana retrasada já bateu 34 mil visualizações, sem perder retenção.

A grande diferença é que, no YouTube, as pessoas assistem em partes. Temos espectadores que voltam duas ou três vezes para terminar de

assistir ao podcast, assistem 20%, depois 15%, e assim por diante, porque é difícil assistir a um episódio inteiro de uma vez.

No Spotify, por outro lado, o canal é 100% orgânico, sem links para divulgação, e as pessoas encontram o podcast por conta própria. Já ultrapassamos 100 mil reproduções no Spotify, e nossa média de retenção é de 90%. Isso significa que a pessoa escuta pelo menos 90% do episódio numa única vez. O mais desafiador, para mim, é o YouTube. Temos também o TikTok, que, na minha visão, é mais complexo de entender o algoritmo, mas alguns cortes performaram muito bem. No Instagram, somos muito próximos do nosso público, com cortes diários de conteúdo. Temos cortes que atingem 4 mil visualizações, mas já tivemos um corte que bateu 4 milhões.

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