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“Consigo ganhar R$ 7 mil”: entre Uber ou 99, motoristas optam por apps locais

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Motorista
Consigo ganhar R 7 mil entre Uber ou 99 motoristas optam por apps locais
Consigo ganhar R 7 mil entre Uber ou 99 motoristas optam por apps locais

Em um mercado dominado pelas grandes plataformas, motoristas preferem rodar por aplicativos locais.

Com a crescente popularidade dos aplicativos de transporte, muitos motoristas estão optando por plataformas regionais em vez das gigantes do setor, como Uber e 99. 

Em cidades onde a demanda é menor, esses motoristas encontram em aplicativos locais uma alternativa mais viável e muitas vezes mais vantajosa. 

A proximidade com a plataforma, a segurança e a possibilidade de uma receita mais estável são fatores que pesam na decisão desses trabalhadores, que enxergam nesses aplicativos uma forma de melhorar sua qualidade de vida e a relação com o trabalho.

Motivações

Marta Souza, que trabalha pelo aplicativo Chama27 na cidade de Aracruz (ES), explicou que, para os motoristas da sua cidade, não é vantajoso realizar corridas a preços tão baixos como os das grandes plataformas. Para ela, um dos principais benefícios de trabalhar com um aplicativo local é o acesso direto aos donos, o que facilita a resolução de problemas e cria um senso de comunidade entre os motoristas: “O preço das corridas é ótimo e a família que forma o app é diferenciada”, afirma Marta.

Tatiane Fontoura, também motorista do Chama27, vê na plataforma local uma oportunidade especialmente importante para motoristas mulheres, um nicho que, segundo ela, ainda é escasso. Ela relata que a ferramenta foi um novo meio de reencontro com o mercado de trabalho e que a necessidade de trabalhadoras no setor era grande: “O aplicativo local me dá muitas oportunidades como motorista e oferece uma forma de segurança, pois estou em contato direto com a plataforma e o monitoramento é eficaz”, comenta.

José Cícero Tenório trabalha em Nova Mutum, uma cidade onde Uber e 99 não estão presentes. Ele utiliza aplicativos como Rua 77, Urbano Norte e Bora Líder. José destaca a importância de um controle maior sobre o número de motoristas cadastrados, algo que ele acredita ser uma falha nas grandes plataformas: “Deveriam ter um limite de motoristas cadastrados de acordo com a população da cidade, para evitar um excesso de trabalhadores sem demanda suficiente”.

Ganhos

Os ganhos também são um fator crucial na decisão de escolher aplicativos regionais. Marta Souza menciona que consegue ganhar em média R$4.000 por mês. Ela acredita que essa receita é melhor do que a que obteria trabalhando para Uber ou 99 em uma cidade pequena: “A receita é melhor trabalhando pelos apps regionais do que pela Uber ou 99, porque essas plataformas só servem para grandes cidades, não cidades pequenas sem muitas demandas”, explica.

Tatiane Fontoura revela que, no bruto, consegue ganhar em média R$ 7.000 por mês: “Percebi que a forma de ganhos era maior e o aplicativo local oferecia muitas oportunidades como motorista”, destaca. Para ela, o amor pela profissão é essencial, e recomenda que outros motoristas considerem essa opção, desde que gostem do que fazem e não pensem apenas no dinheiro.

As diferenças de operação entre os aplicativos regionais e os mais conhecidos nacionalmente são significativas. Enquanto plataformas como Uber trabalham com uma porcentagem por corrida, os serviços que José utiliza operam com um custo fixo mensal: “Você tem um valor fixo mensal e só paga aquilo ali por mês e acabou”, diz.

Desafios

Apesar dos benefícios, os desafios também são uma parte importante da experiência dos motoristas. Marta Souza menciona que um dos maiores desafios é lidar com motoristas que não levam a sério o serviço: “Fazer com prazer, saber que é dali que você tira o seu sustento e agradecer a cada corrida que faz”, diz Marta.

Tatiane acredita que a perseverança é essencial para superar os desafios, especialmente quando se trata de mulheres no volante: “Desafios sempre iremos ter, mas confio que sempre podemos superar a cada dia. Como motorista, vejo que há muitos desafios a serem quebrados ainda, quando falamos de mulheres no volante”, afirma.

Recomendações

Marta Souza recomenda a outros motoristas que considerem a mudança para aplicativos regionais, especialmente em cidades com menor demanda, pois vê nos aplicativos locais uma forma de garantir um sustento mais estável e satisfatório. 

José Cícero Tenório menciona que só consideraria mudar para Uber ou 99 se essas plataformas se instalassem em sua cidade ou se ele mudasse de cidade ou estado. Ele ressalta que a forma de pagamento nos aplicativos locais, com um valor fixo mensal, é mais atraente do que a porcentagem por corrida nas grandes plataformas. 

Ponto de vista das plataformas regionais

Junior Pereira, do aplicativo Chama27, explica que o principal diferencial do aplicativo é a parceria com os motoristas e o conhecimento da realidade de cada cidade onde atuam, como também mencionado pelas motoristas.

Para garantir melhores condições de trabalho, o app afirma que valoriza os motoristas oferecendo tarifas justas e benefícios adicionais: “Nós não temos corridas abaixo de R$10,00 em nenhuma cidade que atuamos, porque isso é desumano”, explica Júnior. A porcentagem cobrada pelo Chama27 é de 10% a 15%.

Para seleção dos motoristas, o app afirma que possui critérios rigorosos, visando garantir um serviço de qualidade para os clientes: “O vestimento do motorista, o linguajar, a higiene do carro, tudo é avaliado”, explica Júnior. A plataforma exige que os motoristas estejam bem vestidos, com carros limpos e sem odores desagradáveis. Além disso, é verificada a documentação dos motoristas e retiradas certidões, incluindo atestado de antecedentes criminais. 

Competir com grandes empresas de transporte por aplicativo apresenta desafios significativos, principalmente em relação ao preço: “Sem sombra de dúvida, o maior desafio é o preço. Corridas por R$4,82 ou R$4,89 são desumanas”, afirma Júnior. Ele também aponta a falta de controle de qualidade das grandes plataformas, que muitas vezes aceitam motoristas sem verificar a condição dos carros ou a apresentação pessoal. 

Foto de Anna Julia Paixão
Anna Julia Paixão

Anna Julia Paixão é estagiária em jornalismo do 55content e graduanda na Escola Superior de Propaganda e Marketing.

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