Pesquisar

“Ganha entre R$3,5 a R$4 mil mensais”: como é ser motorista de app em São Gonçalo

ponto de exclamacao .png
Motorista
Design sem nome 45
Design sem nome 45

Luciano Couto mora na cidade e atua como motorista de aplicativo, mas prefere rodar na cidade do Rio por conta das restrições de São Gonçalo.

Contexto: o texto a seguir reflete a realidade do motorista entrevistado e não de todos os profissionais da cidade mencionada.

Em conversa com a equipe da 55Content, Luciano Couto, morador de São Gonçalo e motorista de aplicativo há quase três anos, destaca a importância da localização e do horário nas corridas da cidade, apontando áreas de menor violência e maior demanda como ideais. Ele afirma que a segurança é uma preocupação constante, que limita suas opções. 

Luciano relata que, apesar dos desafios, é possível ganhar entre R$3.500 e R$4.000 mensais, dependendo do motorista. 

A experiência de trabalhar em diferentes cidades revelou uma competição maior por passageiros e melhores tarifas no Rio de Janeiro, especialmente na zona sul, em contraste com São Gonçalo. 

A violência, um problema recorrente, é citada como um fator decisivo na escolha de áreas de trabalho, levando Luciano a priorizar locais com menor incidência de crimes para garantir sua segurança e a de seus passageiros. 

Clique aqui para receber todas as notícias do mercado dos aplicativos de transporte e entregas no seu Whatsapp.

1. Poderia se apresentar e nos contar há quanto tempo você trabalha como motorista de aplicativo?

Meu nome é Luciano Couto, tenho 52 anos e trabalho como motorista de aplicativo desde junho de 2021.

2. O que o motivou a começar a trabalhar como motorista de aplicativo?

O que me motivou foi a falta de oportunidades na minha carreira profissional.

3. Na sua cidade, quais são os melhores lugares para pegar corrida? E quais são os piores? Explique porque.

Depende muito. Se você estiver me perguntando quais são os melhores locais em relação à violência, é uma coisa. Por exemplo, tem os bairros do centro de São Gonçalo, que é aquela região ali próximo ao Shopping Partage, onde você tem uma demanda grande. Alcântara, que tem vários mercados e tem também um shopping, que é chamado de Pátio Alcântara. É um shopping que foi feito com o objetivo de ser um shopping mais popular, vamos dizer assim. Aí tem os bairros Mutondo, Trindade, são áreas menos violentas, que não tem muita incidência de barreiras. 

Mas se for olhar pelo lado financeiro, às vezes tem locais que você tem uma demanda grande, dependendo do horário também, mas você sabe que lá é complicado ficar e trabalhar. Às vezes você olha no mapa do aplicativo e tá lá: Jardim Catarina tá com a demanda altíssima. Mas por quê? Porque tem muita barricada, aí a demanda aumenta, e aumentam os valores. Aí fica difícil a gente ir pra lá pra atender essa demanda devido a essa violência. 

Depende muito dos locais. Financeiramente, eu queria até rodar nesses locais, mas a violência nos impede. Aí você tem que ficar restrito a essas áreas que eu falei anteriormente, e o que acontece? Quase todos os motoristas ficam nessas áreas e conseguem atender a demanda. Consequentemente, os valores ficam normais.

4. Quais aplicativos rodam por aí? E qual é o preferido dos motoristas?

Os aplicativos que rodam em São Gonçalo são os mesmos que temos no Rio, o 99 e a Uber. A Uber é sempre mais forte, acho que a Uber fica com 80% do mercado, mais ou menos. E a 99, 20%, por aí. A InDrive ainda engatinha, tem alguma coisinha, mas acho pouco aqui em São Gonçalo. 

5. Qual é a principal reclamação dos motoristas?

Uma das principais reclamações dos motoristas é o valor das corridas. A tarifa não foi reajustada, já tem mais de 10 anos. Desde que tem a Uber, essa tarifa não é reajustada. E para compensar, eles introduziram o UberX, que é uma tarifa promocional que eles tinham introduzido, com o intuito de abocanhar uma classe da população menor. E eles iriam ficar só por algum tempo, acabou que essa tarifa está desde então. Então todo mundo usa o UberX hoje. Então uma das principais reclamações é isso.

A outra seria a falta de suporte para o motorista. O motorista quer falar com a Uber, não consegue. Poucos motoristas conseguem respostas rápidas. Dependendo da categoria, tem uns níveis que você alcança, diamante você consegue. Mas a maioria não tem suporte. E a falta de esse suporte por parte da plataforma. A falta de um seguro que a plataforma poderia pagar para os motoristas. A violência afeta todos os motoristas, porque você vê notícias de motoristas que foram sequestrados e até mortos.

6. Quanto ganha, em média, um motorista na cidade?

A questão da média de ganho de um motorista depende muito do motorista, de quanto ele trabalha, quanto tempo. Mas em São Gonçalo eu acredito que ele consiga tirar, se ele for um motorista que trabalha correto, tem horários certos… Os horários que tem demanda, ele consegue tirar, acho que uns R$3.500 a R$4.000.

7. Que tipo de corridas os motoristas da cidade odeiam? E quais eles mais gostam?

As corridas que os motoristas não gostam são as corridas que tem paradas, mais de uma parada ou duas. Porque ele perde financeiramente, perde no tempo por causa da parada. Então esse tipo de corrida ele não gosta. Em segundo lugar são as corridas de mercado, que também vai perder tempo porque ele perde tempo na entrada e na saída. Você vai ter que carregar e descarregar as compras do passageiro… Então são as duas corridas que o motorista mais detesta.

8. Em geral, como é a relação com os passageiros na cidade?

A relação com os passageiros em geral é boa, claro que tem sempre um ou outro que destoa, o passageiro às vezes é muito mal educado, deixa o motorista esperando muito tempo. Mas eu acho que, no geral, existe uma relação boa com os passageiros. 

Isso também parte dos motoristas, porque tem motoristas que não sabem trabalhar, não sabem qual é o serviço que ele está entregando. Então tem várias situações, tanto da parte dos motoristas como dos passageiros. Mas assim, eu acho que tem uma boa relação com os passageiros.

9. Já trabalhou em outras cidades? Qual a diferença que sentiu?

A maior diferença de você trabalhar em outra cidade, seria a demanda. Por exemplo, quando eu me desloco para o Rio de Janeiro, eu sei que lá tem uma demanda alta. Lá tem uma demanda alta de turistas. Isso é inegável. No meu dia a dia, a gente pega muitos turistas na cidade do Rio de Janeiro. Então, a diferença seria essa demanda maior e o valor das corridas também tem uma diferença. Pouca, mas tem. É um pouco melhor que aqui na cidade de São Gonçalo.

Foto de Anna Julia Paixão
Anna Julia Paixão

Anna Julia Paixão é estagiária em jornalismo do 55content e graduanda na Escola Superior de Propaganda e Marketing.

Pesquisar