Silvia Penna, diretora da empresa no Brasil, diz que já trabalhou como motorista para ver como funciona na prática.
Quase 10 anos após o início das operações da Uber no Brasil, a frota de motoristas ainda é majoritariamente masculina. De acordo com a diretora geral da empresa no país, Silvia Penna, a Uber vem implementando estratégias para aumentar a presença feminina entre seus motoristas.
Além de diversificar seu quadro de colaboradores, a Uber afirma que deseja também tornar o ambiente mais seguro e acolhedor para as mulheres, sejam elas motoristas ou passageiras.
A motorista Eliane Barreto, que trabalha com aplicativos há 3 anos, afirma que não é incomum sentir medo, tendo inclusive passado por uma situação em que recebeu xingamentos de um passageiro. Por conta disso, a preocupação e o receio de motoristas mulheres em começar o trabalho são corriqueiros.
Em 2020, a Uber lançou o programa U-Elas, visando superar barreiras que impedem uma maior participação feminina. A iniciativa inclui ferramentas que permitem às motoristas aceitar corridas exclusivamente de passageiras, como resposta direta às preocupações com segurança.
Apesar de ser apresentada pela Uber como a melhor alternativa para a segurança de motoristas mulheres, ela não é amplamente utilizada. Eliane, que atua em Salvador, diz que já usou a ferramenta, mas não consegue ter ganhos significativos apenas com ela.
Penna, que assumiu a liderança da empresa em 2021, revela que a equipe de gestão da Uber Brasil conta com uma predominância feminina, refletindo esforços pela equidade de gênero dentro do escritório. A CEO também afirma que já dirigiu como motorista de Uber e incentiva seus funcionários a fazerem o mesmo, para entenderem como funciona na prática e identificarem possíveis pontos de melhoria. O CEO Global da Uber, o iraniano Dara Khosrowshahi, realizou o mesmo experimento no ano passado.
Penna destacou que o processo de inserir mais mulheres na operação da empresa é gradual e lento, mas está progredindo. De acordo com dados da Uber, quase 50% das pessoas que usam o aplicativo são mulheres, mas o percentual de motoristas mulheres atuando na plataforma ainda é de um dígito.