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“Carro alugado é mais vantajoso para o motorista de app”, diz vice-presidente da ABLA

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Reportagem
Apuração aprofundada sobre um tema específico, com múltiplas fontes e contextualização completa.
Smartphone com aplicativo de navegação GPS em um carro, mostrando uma rota urbana
Motorista de aplicativo usando um smartphone com GPS para navegação nas ruas da cidade. Foto: Reprodução/ ABLA

Motoristas de aplicativo representam 18% a 20% dos carros alugados no Brasil.

A Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA) anunciou que, nos últimos 3 anos, houve um crescimento de 76,5% no total de carros alugados para motoristas de aplicativos no Brasil.

O número de veículos locados nessa modalidade passou de 170 mil em meados de 2021 para mais de 300 mil no segundo semestre de 2024. A frota total das locadoras no Brasil chegou a 1.570.820 automóveis e comerciais leves ao final de 2023.

O 55Content conversou com Paulo Miguel Júnior, vice-presidente da ABLA, para comentar o salto nos números observados, considerando que os motoristas de aplicativo representam 18% a 20% desses veículos alugados.

O aluguel de carros para motoristas de aplicativos cresceu 76,5% em três anos. Quais são os principais fatores que contribuíram para esse aumento? O que motivou essa mudança no mercado?

Os motoristas entenderam que o carro locado é muito mais vantajoso do que o carro próprio na operação para eles. E uma parte desse crescimento também se deve ao fato de que os aplicativos estão investindo no uso de veículos eletrificados, e uma boa parte desses veículos são fornecidos também por locadoras. Então, a gente tem um crescimento normal e um bom aumento dos veículos eletrificados.

Você acredita que o aumento da popularidade dos veículos elétricos, incentivado pelas próprias plataformas de transporte, pode influenciar o mercado de corridas a ponto de os motoristas optarem mais por veículos elétricos em vez de veículos a combustão?

Olhando efetivamente para os motoristas de aplicativo que rodam diariamente, o valor do elétrico passa a fazer mais sentido para eles, porque vão economizar combustível, quase que equilibrando as contas. Então, pode ser um caminho. Porém, o carro elétrico ainda tem algumas barreiras por conta de recarga, então o motorista precisa se adaptar a esse tipo de veículo para poder trabalhar com ele. E muita gente ainda não está preparada para o carro elétrico. Então, eu acho que é uma tendência, principalmente para o transporte urbano, o carro elétrico, mas a gente ainda está em um período muito inicial de implantação. Não dá para apressar o processo.

Quais são as principais razões, segundo a ABLA, para esse aumento da demanda do aluguel?

O desgaste do carro é mais acelerado, com possibilidade de substituição em menor tempo. Além disso, há o alto valor do financiamento na aquisição de um novo veículo, então, às vezes, pela própria falta de crédito do motorista, ele opta pelo serviço de locação. 

Qual é o impacto desse significativo crescimento no aluguel de carros para motoristas de aplicativos? Como isso afeta o transporte por aplicativo e o transporte urbano em geral? E de que forma essa tendência influencia a economia?

Tradicionalmente, o transporte coletivo, como ônibus, deveria ser predominante nas cidades para atender a demanda por mobilidade. No entanto, na minha visão, o sistema de transporte coletivo está saturado e não consegue atender plenamente às necessidades da população. Por isso, os serviços de transporte por aplicativo se tornaram complementares e essenciais para a mobilidade urbana.

Hoje, o transporte por aplicativo é fundamental nas cidades, pois oferece uma alternativa flexível e personalizada. Durante a pandemia, vimos um aumento na demanda por esses serviços, já que muitas pessoas preferiam evitar aglomerações no transporte público. Além disso, o transporte por aplicativo permite tarifas flexíveis, ao contrário do transporte coletivo, onde as tarifas são fixas.

Portanto, eu vejo o transporte por aplicativo como um complemento ao sistema atual. Se o governo considerasse extinguir esses serviços, poderíamos enfrentar um colapso no transporte coletivo no Brasil.

Quais são as estratégias que as locadoras de automóveis estão adotando para atrair mais esses motoristas?

A locação para motoristas de aplicativo, lá atrás, era um pouco discriminada na sua forma de aplicação. Hoje em dia, ela já está bem consolidada nas locadoras. E podemos observar locadoras trabalhando exclusivamente com esse serviço. 

Hoje, o que atrai esses motoristas não são, de fato, as campanhas dessas locadoras, mas sim a análise dos custos mensais, já que fica mais barato para eles utilizarem os carros locados, com a possibilidade de renovação dos veículos.

Como a tendência do aluguel de carros pode impactar a compra de veículos novos ou usados por motoristas de aplicativo? Podemos observar uma queda no mercado de compra de veículos?

Esse mercado está bem equilibrado entre os motoristas que preferem carros novos e os motoristas que preferem carros locados. A gente tem um movimento, tanto de compras de carro zero, quanto a compra de carros usados, também de seminovos para os motoristas de aplicativo.

É um mercado bastante dinâmico, com uma grande fonte de veículos, que movimenta muito esse setor. Hoje, eu lhe digo que não vejo grande impacto nem na locação, nem na compra de veículos. É um mercado que já se estabilizou. E o número de motoristas é crescente. Então, não há impacto significativo em nenhuma das opções.

Recentemente, vocês anunciaram que motoristas de aplicativos representam entre 18% a 20% dos usuários de carros alugados. Você acredita que essa porcentagem pode aumentar nos próximos anos, indicando uma tendência forte de crescimento?

Eu acredito que possa aumentar, e é algo que pode acontecer, mas, por enquanto, nos próximos anos, a gente ainda não vai ver esse cenário de mais frota locada do que carro próprio. A gente ainda observa que tem muitos carros próprios, mas talvez a gente chegue a um mercado mais equilibrado, com 50% a 60% de frota locada.

Quais são os principais desafios enfrentados pelas locadoras ao atender essa demanda?

O principal desafio é o atendimento, porque são veículos que rodam muito mais, têm um risco muito maior aplicado a eles na circulação diária, são 12 a 16 horas por dia, então são veículos que estão expostos ao risco.

Quais as expectativas futuras para esse serviço?

O que observamos na questão dos aplicativos é que temos duas grandes empresas que operam no Brasil, a Uber e a 99, porém vemos o crescimento dos aplicativos regionais também funcionando, atendendo regiões específicas. É um mercado crescente e complementar ao transporte coletivo, com grande possibilidade de crescimento, e uma transição para os veículos elétricos.

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