Wanderley trabalha em Americana e diz que a maioria dos motoristas da cidade reclamam do repasse por km que varia entre R$1,00 e R$1,20.
Conteúdo Patrocinado por Machine
Na rotina intensa e desafiadora dos motoristas de aplicativo, cada cidade tem seu próprio ritmo, e Americana não é diferente. Wanderley Silva, de 45 anos, divide sua experiência ao volante desde setembro de 2022, conciliando sua formação em Análise de Sistemas com as corridas de app.
Ele revela o que o motivou a entrar na área, como otimiza seu trabalho para “pagar o carro” e quais são os pontos de destaque — e de dificuldade — ao rodar por Americana e arredores.
Wanderley ainda compartilha suas preferências entre os apps, os desafios enfrentados com as tarifas e as particularidades dos horários de maior demanda. Nesta entrevista, ele oferece uma visão direta de como é realmente a vida na direção e as dinâmicas que envolvem essa profissão na região.
Poderia se apresentar e nos contar há quanto tempo você trabalha como motorista de aplicativo?
Sou Wanderley Silva, tenho 45 anos e sou Analista de Sistemas. Trabalho como motorista de app desde setembro de 2022, usando um Renault Logan 2022.
O que o motivou a começar a trabalhar como motorista de aplicativo?
Na época, queria um carro semi-novo, mas sem comprometer o orçamento. Dirigindo para apps, consigo fazer o carro ‘se pagar’.
Quais são os melhores lugares para pegar corrida? E quais são os piores?
Em Americana, pontos como a rodoviária e condomínios residenciais sempre têm boa demanda. Os condomínios de alta densidade geram movimento no pico da manhã, enquanto os distritos industriais e faculdades têm maior procura nos picos da tarde e noite, respectivamente.
Quais aplicativos rodam por aí? E qual é o preferido dos motoristas?
Trabalhamos com Uber, 99 e inDrive. Prefiro a Uber por evitar o uso de dinheiro físico. A 99 tem ganhos melhores, mas cerca de 70% das corridas são em dinheiro, geralmente em bairros mais populares, e há muitas corridas para terceiros. A inDrive só apresenta demanda nos horários de pico, quando Uber e 99 estão com tarifas dinâmicas.
Aqui em Americana, não temos a categoria Black, então carros de nível executivo, como um Corolla, não se pagariam nas categorias disponíveis. Na cidade, temos apenas Uber X, Comfort e as opções Pop e Plus da 99. Embora exista demanda para um serviço mais executivo, os apps disponíveis não atendem bem a esse mercado.
Qual é a principal reclamação dos motoristas?
O valor médio do repasse é de cerca de R$ 1,20/km, mas há corridas que pagam menos de R$ 1,00/km. Acredito que essa seja a maior reclamação.
Quanto ganha, em média, um motorista na cidade?
Em média, faço entre R$ 30 e R$ 45 por hora trabalhada. Durante a semana, trabalhando 12 horas, consigo cerca de R$ 350, e nos fins de semana, em torno de R$ 500 bruto. Meu recorde foi R$ 400 em um dia, em uma situação excepcional com chuva e boas dinâmicas, e R$ 550 no fim de semana.
Americana tem três horários de alta demanda: das 6h às 9h, das 16h às 20h e das 21h30 às 23h30. Fora dos horários de pico, a demanda em Americana é baixa, então é possível atingir a meta apenas nos períodos de alta demanda. Tenho amigos aqui na cidade que chegam a tirar R$ 700 bruto no fim de semana mas isso é combinado com corridas particulares. Só no aplicativo é difícil.
Que tipo de corridas os motoristas da cidade odeiam? E quais eles mais gostam?
Corridas de supermercado são as menos preferidas, pois pagam em torno de R$ 6 e levam quase 20 minutos entre carregar e descarregar. Já as corridas em saídas de eventos são as mais rentáveis, com alta demanda e bom valor.
Em geral, como é a relação com os passageiros na cidade?
Na Uber, onde aceito pagamento no cartão, os passageiros costumam ser respeitosos e gentis. No entanto, ao habilitar pagamento em dinheiro, percebo que é necessário ter mais jogo de cintura. Na 99, a variação é maior, indo de clientes excelentes a problemáticos, por isso é importante ficar atento à nota ao aceitar a chamada.
Já trabalhou em outras cidades? Qual a diferença que sentiu?
Também trabalho em cidades vizinhas, como Santa Bárbara d’Oeste, Nova Odessa e Paulínia, que têm um perfil tranquilo e seguro. Já em Sumaré, Hortolândia e Campinas, é preciso tomar mais cuidado devido aos riscos.
Cidades como Campinas e Piracicaba oferecem ganhos melhores devido à maior demanda, inclusive entre 10h e 16h. Tenho um amigo em Campinas que consegue R$ 450 bruto por dia, trabalhando 12 horas.
Quais são suas expectativas futuras para a categoria dos motoristas de app?
Acredito que, cada vez mais, veremos motoristas de app utilizando essa atividade como uma renda extra, deixando de ser sua principal fonte de sustento e passando a ser um complemento financeiro.
?Como você acha que a situação dos motoristas pode ser melhorada?
Recentemente, concluí o curso CONDUAPP para poder dirigir na cidade de São Paulo. Esse é um curso que, na minha opinião, deveria ser obrigatório para todos os motoristas que se cadastram na plataforma. Hoje, muitos se registram nos apps e começam a trabalhar sem nenhum treinamento; alguns buscam informações no YouTube, mas a maioria não. Com isso, acabamos tendo motoristas despreparados, que, por falta de orientação, podem tratar mal os passageiros e desrespeitar leis. Apenas a profissionalização da categoria pode trazer melhorias e benefícios reais.