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Você defenderia o motorista se essa senhora fosse sua mãe, esposa ou filha?

Depois que a Uber expandiu para o UberX, muitas pessoas sem o perfil adequado entraram na plataforma. Antes, os motoristas passavam por entrevistas.

Captura de tela de uma matéria de notícia intitulada "Motorista é banido da Uber após dar voadora em mulher de 68 anos", acompanhada de uma foto de um homem de boné dentro de um carro.
Foto: Marcelo Ribeiro para 55content

Um motorista de aplicativo agrediu violentamente uma senhora com uma voadora, derrubando-a no chão e ferindo uma passageira. O motivo? Ela comeu um biscoito dentro do carro. Como consequência, ele perdeu sua conta na plataforma e, na minha opinião, deveria ser preso.

Se você não me conhece, meu nome é Marcelo Ribeiro, sou motorista de aplicativo em Porto Alegre há mais de nove anos e já realizei mais de 32 mil corridas. Durante esse tempo, vi de tudo, e esse caso é mais um episódio lamentável que precisa ser debatido. Infelizmente, não é a primeira vez que vemos motoristas partindo para a agressão, mas chegar ao ponto de dar uma voadora em uma senhora é algo inacreditável. Mesmo assim, algumas pessoas ainda defendem o agressor.

Esse não é um caso isolado. Lembra daquele motorista que pegou um taco de beisebol para agredir um passageiro que estava com seu filho autista? Ou da vez em que um motorista abandonou uma passageira com uma criança no meio de uma via expressa? Não me recordo se foi na Ponte Rio-Niterói ou em uma avenida muito movimentada, mas ele simplesmente mandou ela descer. Situações como essas já aconteceram antes e, infelizmente, continuarão acontecendo.

Mas por que isso ocorre? No Brasil, muitas pessoas despreparadas e desqualificadas têm acesso às plataformas. Isso tem um lado positivo, pois permite que mais motoristas entrem no mercado, mas também um lado negativo, já que não há uma triagem adequada para evitar que indivíduos sem preparo psicológico realizem esse trabalho. Antigamente, quando comecei na Uber, os carros eram vistoriados e os motoristas passavam por entrevistas. Eu mesmo fui entrevistado antes de ser aceito. No início, apenas veículos do padrão Black eram permitidos, mas depois a Uber expandiu para o UberX, e com isso, muitas pessoas sem o perfil adequado entraram na plataforma.

Casos como esse ganham grande repercussão e viralizam, o que, por um lado, é positivo, pois gera debate e conscientização sobre o que nunca deve ser feito ao trabalhar como motorista. No entanto, vi colegas defendendo o agressor, alegando que ele estava exausto de tanto trabalhar e que as tarifas são baixas. Concordo que sujar o carro de um motorista é errado, mas isso não justifica, em hipótese alguma, uma agressão física.

Agora, pense bem: se essa senhora fosse sua mãe, esposa ou filha, você ainda defenderia o motorista? Você acharia justificável ele ter reagido dessa forma? Será que, só porque ele trabalha muitas horas e enfrenta dificuldades financeiras, isso lhe dá o direito de agredir alguém? A culpa seria da Uber ou do próprio motorista? Quero saber sua opinião nos comentários.

Deixo claro que não compactuo com nenhum tipo de violência. Nenhuma plataforma, seja Uber, 99 ou qualquer outra, obriga o motorista a rodar. Se você tem problemas pessoais, está estressado ou sem paciência, simplesmente não trabalhe naquele dia. Ser motorista de aplicativo exige lidar com pessoas todos os dias, inclusive com situações desagradáveis, e ter autocontrole é essencial. Se você não tem esse equilíbrio emocional, talvez essa profissão não seja para você.

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Marcelo Ribeiro

Marcelo Ribeiro, conhecido como Marcelo Fora da Curva, é de Porto Alegre e iniciou sua carreira como vendedor. Em 2016, tornou-se motorista de aplicativo, usando sua experiência em vendas para oferecer um excelente atendimento ao cliente, o que lhe rendeu a nota mais alta entre motoristas da cidade e vários prêmios da Uber. Em 2017, criou um canal no YouTube para compartilhar suas experiências, que rapidamente se tornou popular, alcançando 300 mil inscritos e 92 mil seguidores no Instagram.

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