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Dia 25 de julho é o Dia do Motorista, e a pergunta que fica é: o que mudou de verdade na nossa categoria? A Uber chegou no Brasil em 2014, já se passaram mais de 10 anos e a tarifa? Continua a mesma. Ou até pior.
Quando comecei nos aplicativos, no início de 2016, a gente sabia exatamente quanto ia ganhar numa corrida. Era simples: o ganho era por quilômetro rodado e por tempo de corrida. A taxa da Uber era fixa, sendo 25% no UberX e 20%, no Uber Black. Não era nada desse modelo confuso e injusto de taxa variável que temos hoje.
Como os motoristas ganham hoje
Hoje, a Uber pode oferecer a mesma corrida para motoristas diferentes com preços diferentes. Uma mesma viagem pode tocar para um colega a R$ 20, para outro a R$ 17, e para outro a R$ 30. Por quê? A plataforma sabe o perfil de cada motorista: sabe que tem motorista que foca em km, tem os que focam no tempo e tem quem aceite qualquer corrida. E é justamente assim que a Uber aumenta o próprio lucro, às custas do nosso prejuízo.
O que você, motorista, pode fazer para lucrar?
Por isso, neste mês do motorista, a reflexão que eu deixo é que você precisa ser seletivo, não dá mais para aceitar qualquer corrida só porque tocou na tela. Se você não entende que o seu faturamento não é o seu lucro, a conta nunca vai fechar. Você vai continuar pagando pra trabalhar.
“Ah, faturei R$ 500”, mas rodou 400 km? Gastou combustível, desgastou o carro… e, uma hora, vai precisar de conserto: o seu carro tem custo por km, tem manutenção, tem seguro, tem tempo. Faturar R$ 500 não significa que sobrou dinheiro no final do dia.
Tem motorista que acha esse papo chato, mas olha o que a Uber começou a fazer agora: está testando uma atualização que mostra o ganho por hora ou por km. Começou nas cidades de João Pessoa, Campo Grande, Teresina, João Pessoa e Vitória de Cabo Frio. Mas por que não mostra os dois, hora e km? Porque ela quer dividir ainda mais os motoristas, entender quem topa ganhar por tempo e quem topa por distância. Depois disso, ela ajusta os preços para maximizar o lucro dela.
Essa tática é antiga. Antes, quando existia o dinâmico multiplicador, os motoristas eram mais unidos. Nos eventos grandes, todo mundo desligava o aplicativo ao mesmo tempo. Resultado? O multiplicador disparava e a corrida começava a pagar mais. Era uma forma de pressionar. Hoje, com tanta gente na pista, é cada um por si, e a Uber agradece.
O que falta é consciência de classe entre motoristas. E isso começa com pequenas atitudes:
- Recusar corrida que paga menos de R$ 1,80 por km;
- Recusar corrida que paga menos de R$ 45 por hora;
- Conversar nos grupos de WhatsApp, orientar colegas, principalmente os novatos;
- Parar de confundir faturamento com lucro.
Enquanto tiver motorista aceitando corrida ruim, a Uber vai continuar oferecendo
A Uber cobra do passageiro R$ 60, paga R$ 20 para o motorista, e segue lucrando. E tem motorista que ainda comemora: “Nossa, fiz R$ 60 em uma hora”. Mas rodou 50 km! Com carro alugado, então, é prejuízo na certa.
Então, se você quer ver a tarifa melhorar, não aceite corridas ruins. Comece a colocar seus custos numa planilha: entenda o quanto o seu carro gasta por km, faça as contas. Só assim dá pra saber o que compensa e o que não compensa, porque corrida de, por exemplo, R$ 20 em 45 minutos é inaceitável, e tem um monte de motorista que faz.
A Uber só vai parar de oferecer esse tipo de corrida quando ninguém mais aceitar. Se a corrida de R$ 10 para o João, R$ 14 para a Maria e R$ 15 para o José for recusada por todos, ela vai subir para R$ 20, R$ 25, R$ 30. Cada corrida ruim que você recusa, ajuda todo mundo. Espero que você tenha consciência.
Feliz mês do motorista! Tamo junto e até o próximo vídeo. Valeu!