Eu acredito que a Uber pode lançar uma nova categoria para substituir o Black a qualquer momento. Por que eu digo isso? Há quem ainda acredite que o Black é um serviço premium. Mas, convenhamos: na realidade, isso já não existe mais. A empresa vem descendo o nível da categoria e, também, o valor da tarifa. O que era para ser uma experiência diferenciada virou, em muitos casos, uma extensão do UberX, o que descaracterizou o Black.
No início, pedir um Black significava receber um carro de alto padrão, um Corolla ou superior, com ar gelado já ligado, motorista com postura impecável e carro brilhando. Hoje em dia, o passageiro pede um Black e recebe o quê? Um C4 Cactus suado, com seis anos de uso e motorista que antes estava fazendo corrida no X com o mesmo carro. Isso é serviço premium?
A Uber vem há anos flexibilizando as regras da categoria Black. Entrou de tudo um pouco: HR-V, Nivus, Creta, até Virtus, que são bons carros, é verdade, mas não exatamente o que o passageiro espera quando solicita uma categoria premium. O resultado? O serviço perdeu o padrão.
A tarifa também caiu, e é isso que faz com que os motoristas façam o “X-tudo”, ou seja, cobrem todas as categorias. Hoje, quem faz Black raramente faz só o Uber Black. Até em São Paulo e no Rio, onde se tem maior volume de corridas, é difícil viver só dessa categoria. E como o motorista precisa, ele aceita Comfort, aceita X, aceita tudo. Resultado: o foco no atendimento premium se perde. A experiência do passageiro piora. E as notas também.
O passageiro que pede Black quer um serviço melhor. Mas recebe um carro usado, ar ligado só depois que ele entra, banco sujo, cheiro estranho. É claro que ele vai reclamar, e com razão. O problema não é o carro, é, na verdade, a “canabalização” de preços, que possibilita o motorista fazer todos os serviços em conjunto.
E é por isso que acredito que a Uber pode lançar uma nova categoria, uma que resgate o espírito do Black original, como era no passado. Com padrão elevado, exigência de carros realmente superiores, atendimento mais cuidadoso e tarifa compatível para ambos os lados.
Se isso acontecer, vai começar por São Paulo. Porque é lá que a empresa testa as novidades. E, se der certo, vai expandir. Uma nova categoria premium seria também uma forma de a Uber limpar a barra com os passageiros mais exigentes, que já não se sentem atendidos nem no Comfort, nem no Black.
Mas para isso funcionar, é preciso coragem. Coragem para impor regras de verdade, valorizar o motorista que se propõe a prestar um serviço diferenciado e cobrar uma tarifa justa do passageiro que quer esse tipo de atendimento. Senão, vai continuar como está: um serviço que se vende como premium, mas entrega o básico. Isso, quando entrega.
E você, acredita que a Uber vai lançar uma nova categoria ou vai continuar empurrando com a barriga, como sempre faz? Deixe sua opinião aqui nos comentários, como sempre, de maneira inteligente inteligente.
Por hoje é isso. Um abraço e até o próximo encontro. Fui!