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Uber segura meu pagamento de corrida de R$ 640 por “análise” e trava todo o restante do dia: fiquei com mais de R$ 800 retidos

Depois de levar família de turista até Ubatuba no Black, eu fiquei com mais de R$ 800 retidos: só R$ 178 apareceram como disponíveis na carteira — e a liberação pode levar até 7 dias. 

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Opinião
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Daniel Piccinato para o 55content.
Daniel Piccinato para o 55content. (Foto: Acervo pessoal)

Ontem eu peguei uma corrida de R$ 640 no Uber Black, saindo da Avenida Paulista, em São Paulo, até Ubatuba. Passageiro argentino, família tranquila, viagem longa, boa de fazer e financeiramente interessante.

Com a nova atualização, a Uber diz que, quando o motorista aceita corridas para cidades vizinhas, ela vai tentar mandar chamadas de retorno. E, de fato, depois de algum tempo parado, começaram a tocar novas corridas. Fiz uma que me levou até São José dos Campos e, de lá, vim voltando para São Paulo, fechando o dia com um faturamento legal.

O problema começou na hora de receber.

Quando eu fui abrir a carteira da Uber para fazer o Pix e puxar o dinheiro do meu dia, descobri que a corrida de R$ 640 não estava disponível. Na verdade, não era só ela: apenas R$ 178 apareciam como saldo liberado. Todo o restante, incluindo as outras corridas do dia, ficou “preso” no sistema.

Ou seja: a partir do momento em que eu aceitei a corrida longa para Ubatuba, a Uber reteve não só aquele valor mais alto, mas praticamente todo o meu ganho do dia. A justificativa é “análise”, principalmente em corridas grandes, acima de 200 km ou com valor alto.

Na prática, isso significa duas coisas:

  1. Corrida longa pode ser boa no papel, mas o dinheiro pode demorar até 7 dias para cair.
  2. Enquanto o valor está retido, o motorista fica sem acesso ao dinheiro – inclusive das corridas menores que fez depois.

Agora, imagina o motorista que não tem reserva de emergência, não tem limite em cartão, nem grana sobrando para abastecer no dia seguinte. A pessoa trabalha, fatura bem, mas não consegue usar o dinheiro porque o app está “analisando”.

A Uber faz isso para combater fraude, principalmente em corridas corporativas e viagens longas. O problema é que o sistema não diferencia a realidade do motorista que está contando com aquele dinheiro para pagar combustível, aluguel do carro ou uma conta urgente. Ele simplesmente segura o valor e pronto.

No meu caso, somando tudo, a plataforma reteve mais de R$ 800: a corrida de R$ 640 e mais as corridas menores de R$ 150, R$ 25, R$ 20 e assim por diante que fiz durante o dia.

Nada disso ficou disponível de imediato.

Outro ponto importante é a tal “garantia” de corridas de volta. A Uber anunciou que, em viagens de São Paulo para cidades como Sorocaba, São José dos Campos, Viracopos, Praia Grande, Guarujá e litoral norte (Ubatuba, Caraguatatuba etc.), tentaria mandar corridas de retorno para o motorista.

Na teoria, parece ótimo: você desce para o litoral, faz uma corrida cara e ainda volta faturando. Na prática, é bem diferente.

Em alta temporada, o que acontece?

  • Muitos motoristas descem para a praia.
  • A demanda na ida é alta.
  • Mas o retorno nem sempre acompanha na mesma proporção.

No meu caso, demorou bastante até tocar algo realmente aproveitável. Consegui uma corrida para São José dos Campos, mas retorno direto para São Paulo mesmo não apareceu como promessa de “garantia imediata”.

Por isso, fica o alerta:

  • Corrida longa pode ser boa, mas não conte com o dinheiro na hora.
  • A Uber pode reter o valor por até 7 dias para análise.
  • Mesmo as outras corridas do dia podem ficar travadas junto.
  • E essa promessa de “corrida de retorno” funciona, mas não é automática, nem garantida como muita gente imagina.

Se você não tem reserva de emergência, depende do dinheiro do dia seguinte para abastecer ou pagar aluguel do carro, pense duas vezes antes de aceitar viagens muito longas e muito caras.

Na tela, parece lindo. Na carteira, às vezes, o dinheiro simplesmente não aparece.

Foto de Daniel Piccinato
Daniel Piccinato

Daniel começou a trabalhar como motorista de aplicativos em 2016, buscando maior estabilidade após sentir insegurança na empresa onde estava. Inspirado por conversas com o filho do dono, ele logo se uniu a outros motoristas em um grupo de WhatsApp, onde trocava dicas para melhorar seu desempenho. Em 2018, criou um canal no YouTube para compartilhar orientações sobre horários e estratégias de trabalho. Com o sucesso, expandiu para o Instagram em 2020, continuando a ajudar motoristas ao compartilhar sua experiência.

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